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Artigos

Como lidar com uma pandemia

Como cuidarmos de nós mesmo e de outros durante tempos de crise

2021 Disponível em Inglês, Português, Espanhol e Francês

Duas mulheres lavando as mãos em uma torneira comunitária em sua escola no Nepal, sorrindo uma para a outra

De: Doenças transmissíveis – Passo a Passo 112

Como reduzir a disseminação e o impacto das doenças transmitidas de pessoa para pessoa

O medo e a ansiedade por causa de qualquer doença podem ser insuportáveis e causar fortes reações emocionais. Esse é exatamente o caso quando a doença é altamente infecciosa e tem o potencial de causar perdas significativas de vidas.

O fato de que o vírus, a bactéria ou outro organismo causador da doença não pode ser visto frequentemente aumenta o medo, especialmente se a doença for nova e não totalmente compreendida. Além disso, as medidas implementadas para reduzir a disseminação da doença, tais como exigir que as pessoas fiquem em casa, podem causar dificuldades financeiras, solidão e conflitos familiares. 

Compreensão do padrão

Em qualquer desastre, inclusive nas pandemias como a causada pela Covid-19, geralmente surge um padrão psicológico e social semelhante. Esse padrão pode nos ajudar a entender a melhor forma de apoiarmos a nós mesmos e aos outros durante os períodos de estresse ou trauma extremo.

Um gráfico mostrando a resposta psicológica a um desastre, em português

Adaptado a partir de L. M. Zunin e D. Myers (2000) Training manual for human service workers in major disasters (2nd edition). Center for Mental Health Services, Washington, D. C., EUA.

1. Antes do desastre

Os desastres variam no que diz respeito a quanto alerta as comunidades recebem antes de sua ocorrência. Esse pode ser um momento de medo e incerteza enquanto as comunidades esperam para ver o que acontecerá em suas localidades.

2. Impacto

Em qualquer crise, as pessoas geralmente respondem inicialmente com choque, confusão e descrença. Seu foco é sua sobrevivência e bem-estar físico, bem como os de seus entes queridos. Seu medo pode ser tão intenso a ponto de causar um comportamento irracional.

3. Reação heroica

Durante esta fase, algumas pessoas ficam muito ocupadas respondendo à crise e ajudando outras pessoas. Embora o nível de atividade possa ser alto, a quantidade real do que é alcançado pode ser baixa devido à falta de foco.

4. Coesão comunitária

As pessoas gradualmente começam a trabalhar juntas de forma mais eficaz, e assistência prestada por voluntários ou pelo governo também pode passar a ser disponibilizada. Como resultado da experiência compartilhada e do apoio prestado e recebido, desenvolve-se um vínculo comunitário.

5. Desilusão

Com o tempo, é provável que as pessoas fiquem física e emocionalmente exaustas por causa das múltiplas pressões. Elas podem ter dificuldades para dormir, para se concentrar ou podem adotar estratégias de enfrentamento prejudiciais, como o uso de álcool ou drogas. As pessoas muito ativas no início da crise podem se cansar mais rapidamente e precisar de apoio adicional. 

6. Reconstrução

Finalmente, a crise começa a diminuir, e a reconstrução pode começar. Uma pandemia como a causada pela Covid-19 pode gerar perdas significativas, capazes de mudar a vida das pessoas, mas também oferece uma oportunidade para que elas, as comunidades e as sociedades reconheçam seus pontos fortes e reexaminem suas prioridades. 

A resiliência psicológica, o apoio social e os recursos financeiros influenciam a capacidade dos indivíduos e das comunidades de passar pelas fases descritas acima. Em qualquer sociedade, algumas pessoas precisarão de mais ajuda do que outras. 

O que acontece quando nos estressamos?

Durante nossa vida diária, passamos por uma série de altos e baixos. No entanto, se nosso nível de estresse permanecer dentro do que, às vezes, é chamado de “janela de tolerância”, seremos capazes de lidar com nossas experiências à medida que elas ocorrerem (veja o quadro).

Um gráfico mostrando a janela de tolerância, em português

Adaptado a partir de L. M. Zunin e D. Myers (2000) Training manual for human service workers in major disasters (2nd edition). Center for Mental Health Services, Washington, D. C., EUA.

Porém, quando o estresse pelo qual estamos passando se torna demasiado ou se prolonga por muito tempo, nossos altos e baixos podem se tornar mais extremos. 

Em um extremo da escala, podemos acabar ficando ansiosos ou mesmo agressivos. Isso faz parte da resposta de “lutar ou fugir” de nosso cérebro para uma crise. Essa é uma resposta natural, cujo objetivo é nos manter seguros no caso de enfrentarmos uma ameaça, como um animal selvagem perigoso. No outro extremo, o estresse pelo qual estamos passando pode fazer com que fiquemos desconectados, insensíveis ou deprimidos.

A maneira como respondemos ao estresse depende, até certo ponto, da nossa personalidade. Algumas pessoas são naturalmente mais resilientes do que outras. As experiências anteriores – boas e más – também causam impacto sobre a forma como respondemos. Se pudermos começar a reconhecer quando nossas emoções estiverem muito altas ou muito baixas, poderemos usar estratégias de enfrentamento para nos ajudar a funcionar normalmente novamente. 

Estratégias de enfrentamento

Essas podem ser divididas em espirituais, físicas, mentais e emocionais

Estratégias espirituais

Ter um senso de significado, esperança e confiança em Deus pode nos ajudar a lidar com circunstâncias difíceis. As disciplinas espirituais, como a oração, o perdão e o estudo da Bíblia, aumentam o bem-estar. Pertencer a uma igreja proporciona-nos tanto apoio espiritual quanto social. É bom lembrar que, ao longo do ministério de Jesus, quanto mais ocupado ele estava e quanto mais pessoas se aglomeravam à sua volta, mais tempo ele reservava para a oração em silêncio, a sós.

Estratégias físicas

Manter a saúde física por meio de exercícios regulares e uma alimentação saudável é muito importante. Beber muito álcool ou usar drogas pode ajudar a aliviar o estresse no curto prazo, mas, no longo prazo, piorará a situação. A melhor maneira de desenvolver hábitos saudáveis é estabelecer metas pequenas e fáceis de alcançar, como, por exemplo, fazer uma caminhada curta todos os dias. Cada sucesso resulta em um sentimento de realização, aumentando nossa determinação de fazer mudanças maiores na próxima vez.

Estratégias mentais

Quando já não for mais possível manter as rotinas normais, é importante criar novas rotinas. Essas podem incluir exercícios, oração e horários específicos para descansar, comer e dormir e podem ser flexíveis, mas é bom manter um senso de ritmo diário e semanal, sem tentar fazer coisas demais.

Em tempos de crise nacional ou internacional, é bom manter-se informado, mas notícias demais podem nos sobrecarregar. Também pode haver informações falsas ou enganosas em circulação, principalmente nas redes sociais. Dependendo das circunstâncias, pode ser melhor acessar uma fonte confiável de notícias apenas uma ou duas vezes por dia.

Estratégias emocionais

Quando passamos por um alto nível de estresse, podemos achar que somos incapazes de controlar nossas emoções e reações. Quando isso acontecer, é muito importante parar e observar o que está ocorrendo em nossa mente e em nosso corpo. Assim, poderemos começar a nos compreendermos melhor, o que nos ajudará a fazer escolhas sábias sobre a melhor forma de responder.

As perguntas que devemos nos fazer são:

  • O que estou sentindo (por exemplo: raiva, tristeza, frustração, tensão no corpo e sentimento de inutilidade)?
  • Essas são experiências conhecidas? Quando elas aconteceram antes?
  • O que posso fazer em resposta (por exemplo: orar, fazer exercícios e conversar com alguém)?

Às vezes, podemos relutar em dizer às pessoas como estamos nos sentindo, mas há algo muito poderoso em falarmos sobre um problema e sermos sinceros sobre nossas vulnerabilidades.

Saiba quando pedir ajuda

Há muitas coisas que podemos fazer para apoiarmos a nós mesmos e uns aos outros em tempos difíceis. No entanto, pode haver situações em que é necessária ajuda profissional ou médica: por exemplo, se formos ameaçados ou abusados, se estivermos lutando contra o vício ou se nos sentirmos traumatizados demais para lidar com a situação.

A adversidade sempre nos transforma – às vezes positivamente e às vezes negativamente. O desafio é compreender de que forma mudamos, para que, então, possamos descobrir a melhor forma de seguir em frente com base nesse conhecimento.

Adaptado de um webinar apresentado por Mark Snelling

Mark Snelling é conselheiro e psicoterapeuta sediado em Londres, no Reino Unido. Antes de se formar como terapeuta, ele passou muitos anos trabalhando como delegado internacional da Cruz Vermelha. Ele agora se especializou em apoiar pessoas que trabalham em ambientes traumáticos ao redor do mundo.

E-mail: [email protected]

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