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Artigos

Teatro comunitário

O teatro pode ser uma maneira poderosa de contar histórias e incentivar a conversação

2022

Um grande número de mulheres e homens nepaleses sentados em um círculo no chão para assistir à performance de um grupo de atores

No Nepal, o teatro de rua e a dança são usados ​​para incentivar a discussão sobre diferentes questões. Foto: Lloyd Kinsley/Tearfund

Três mulheres bolivianas sorrindo e rindo juntas

De: Comunicação participativa – Passo a Passo 117

Como oferecer oportunidades para que as pessoas compartilhem suas ideias e influenciem mudanças

O teatro – inclusive a dramatização, a mímica, a música e a dança – pode ser uma maneira eficaz de contar histórias, compartilhar informações e incentivar a discussão. O impacto geralmente é particularmente significativo quando as pessoas não apenas assistem ao desenrolar da história, mas também participam dela. 

O teatro é capaz de:

  • ultrapassar barreiras linguísticas e culturais;
  • apelar para nossas emoções e paixões e mostrar nossos preconceitos;
  • nos desafiar a enfrentarmos aspectos da nossa vida que procuramos ignorar.

Questões sensíveis

Muitas questões sensíveis, que podem ser delicadas ou perigosas demais para serem discutidas abertamente, podem ser exploradas através do teatro. Desempenhar o papel de um personagem diferente permite que as pessoas digam coisas que não conseguiriam dizer com sua própria voz. Às vezes, o humor pode ajudar a lidar com questões difíceis ou sensíveis sem causar ofensa. 

No Laos, por exemplo, os jovens estão usando a dramatização para compartilhar mensagens sobre o tráfico humano, as drogas e o HIV. Com isso, eles conquistaram o respeito dos mais velhos e o grupo de jovens agora tem um assento nas reuniões de planejamento do povoado. Este é um avanço em uma cultura onde a idade e a hierarquia social são altamente valorizadas.

Defesa e promoção de direitos

O teatro pode ser usado para chamar a atenção das pessoas para questões comunitárias em que elas talvez possam ajudar. Alguns anos atrás, no Mali, atores do povoado encenaram uma peça que mostrava uma família conversando com um líder comunitário e contando-lhe sobre sua necessidade urgente de uma nova fonte de água. Como resultado, o chefe do povoado na vida real concordou em deixar a comunidade trabalhar com uma ONG local para atender às suas necessidades. 

Terapia

O teatro pode ser usado como terapia para ajudar as pessoas a superar problemas de saúde mental, tais como o trauma. No Haiti, sobreviventes do terremoto foram convidados a participar de dramatizações (desempenhando o papel de um personagem de forma espontânea e não roteirizada) para ajudá-los a processar o trauma que haviam vivenciado. Escrever e apresentar canções também pode ajudar as pessoas a expressar seus sentimentos. Esse uso do teatro geralmente requer treinamento e compreensão especiais.

Participação do público

Uma peça pode ter vários finais alternativos, em vez de apenas um. Isso incentiva as pessoas a pensar nas alternativas e considerar o que elas pessoalmente fariam.
Para ajudar o público a se envolver com um problema, podem ser feitas perguntas durante ou depois da dramatização, tais como “O que você gostaria que acontecesse a seguir?” ou “Por que você acha que o personagem agiu dessa maneira?”. As pessoas também podem ser convidadas a participar da apresentação como membros extras do elenco.

Adaptado de um artigo de Tim Prentki e Claire Lacey que apareceu pela primeira vez na Passo a Passo 58 – Teatro para o desenvolvimento.
Jovens em uma prisão no Brasil sentados em círculo e conversando com uma mulher que está oferecendo apoio a eles

Jovens em uma prisão no Brasil sentados em círculo e conversando com uma mulher que está oferecendo apoio a eles.

Estudo de caso: Vidas transformadas

Por Cally Magalhães

Alexandre estava em sua moto, parado em um semáforo e esperando que ele abrisse. De repente, dois adolescentes correram até ele, fingiram apontar armas para sua cabeça e gritaram para que ele descesse da moto.

“NÃO SE MEXE!”, eu disse, seguido de “Alexandre, o que você está pensando neste exato momento? O que está sentindo?”

Dramatização

Eu estava na prisão juvenil de São Paulo, no Brasil, trabalhando com meninos e jovens que haviam cometido crimes graves. Muitos deles haviam sido presos várias vezes, inclusive Alexandre.

Eu estava incentivando os meninos a usar a dramatização de papéis para encenar momentos da sua vida e, nessa ocasião, Alexandre estava desempenhando o papel de alguém que ele havia assaltado.

Quando perguntei a Alexandre o que estava sentindo, ele se virou para os meninos que fingiam roubá-lo e gritou: “Não, vocês não podem roubar minha moto! Esta é a minha moto. Eu comprei ela com o meu próprio dinheiro e preciso dela para trabalhar.”

Esse foi um momento decisivo para Alexandre. De repente, ele percebeu que não queria mais roubar e assustar as pessoas.

Psicodrama

Nas prisões, usamos o psicodrama – uma forma de psicoterapia de grupo – para ajudar os meninos a seguirem em frente com sua vida. À medida que desempenham papéis e discutem diferentes situações, eles começam a entender como seu comportamento afeta as pessoas ao seu redor.

Hoje, Alexandre possui sua própria barbearia e começou a ensinar como cortar cabelo a outras pessoas. Às vezes, ele visita a prisão comigo e conta sua história, incentivando os meninos a participar das sessões de psicodrama e desenvolver a perspectiva necessária para escolher um novo rumo.

 

Cally Magalhães é uma profissional da área de teatro e diretora do Projeto Águia, no Brasil. Ela escreveu uma autobiografia chamada Dancing with Thieves, traduzida para o português com o título Do Palco para a Prisão.

 

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