Sabemos que o tráfico humano ocorre por todo o mundo. Talvez você viva numa região onde os efeitos podem ser vistos claramente todos os dias, ou talvez esse problema seja mais encoberto. Talvez pessoas do seu povoado ou cidade tenham sido traficadas para cidades vizinhas. Talvez elas tenham ido em busca de trabalho, mas acabaram com empregos em que não são tratadas ou remuneradas de forma justa e não estão livres para ir embora. Ou talvez você viva numa cidade grande e conheça pessoas que trabalhem sem salário ou sejam exploradas em zonas de prostituição. O tráfico humano nunca está muito longe de nós.
Nesta edição, trazemos histórias de pessoas que vivenciaram o tráfico humano em diferentes regiões do mundo: em Uganda (página 16) e no Chifre da África (página 3). Esperamos que essas histórias ajudem os leitores da Passo a Passo a compreender como o tráfico humano afeta pessoas comuns em comunidades como as suas. Incluímos estudos de caso de organizações do Camboja (página 6) e do Brasil (página 10) que estão tomando medidas para impedir que o tráfico ocorra em primeiro lugar, bem como uma ferramenta que pode ser usada para contar a outras pessoas as mentiras que os traficantes contam (páginas 8 e 9).
A história de uma pessoa afetou-me pessoalmente. Quando vivia na Ásia Central, eu tinha uma colega de equipe e amiga maravilhosa chamada Katya. Ela me contou que, alguns anos antes, ela tinha contraído dívidas enormes, pois seu pequeno negócio estava passando por dificuldades. Ela precisava pagar suas dívidas e conheceu um homem que disse que lhe daria o dinheiro para ressarci-las se ela fosse para a Turquia. Tudo que ela teria de fazer era viver como esposa na casa de um turco rico. Minha amiga achou que não tinha escolha e concordou. Ela tirou um visto para sair do país, mas, no fundo, não queria ir. Um tio dela tinha recentemente entrado para uma igreja local, e ela desabafou seus problemas com ele. O tio chamou seu pastor, e, juntos, eles decidiram recolher dinheiro na congregação para pagarem, eles próprios, as dívidas de Katya. Que presente maravilhoso! A igreja não era rica, mas deu tudo que pôde para livrar minha amiga das dívidas e dar-lhe a opção de permanecer na sua própria cidade. Um ano mais tarde, ela ficou sabendo através de outras pessoas que o que o traficante lhe tinha dito era mentira. Na verdade, ela teria ido trabalhar numa zona de prostituição.
Quando penso no tráfico humano, lembro-me de minha amiga que, por pouco, não se tornou vítima desse crime terrível. Mas também me lembro da igreja local e de como ela interveio para ajudá-la na sua hora de maior necessidade. Espero que, depois de ler essa edição, você também esteja mais ciente dos perigos do tráfico humano e melhor preparado para fazer sua parte para erradicá-lo.
Que a benção da liberdade esteja com você,
Alice Keen, Editora
Abaixo estão os artigos da edição 96 da Passo a Passo em html.
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