Chega de desnutrição

Aos 12 anos, Chanelle já é uma mocinha. Um pouco tímida, ela é muito inteligente e sabe o que quer ser quando crescer. “Quero ser médica”, afirma ela com um grande sorriso. 

“Sim e ela vai ser!”, afirma a mãe, Diane. “Ela é uma sobrevivente e acredito que Deus tem grandes planos para ela.

Diane, o marido e os seis filhos moram em Matana, no Burundi. Eles são agricultores, mas, com as pressões da mudança climática e a pouca disponibilidade de terras, muitas vezes eles têm dificuldade para cultivar alimentos suficientes para a família. Por causa disso, dez anos atrás, Chanelle quase morreu.

“Ela estava muito fraca e não sabíamos o que estava errado”, explica Diane. “No hospital, ela foi diagnosticada com desnutrição grave.”

Na época, havia cerca de 200 crianças doentes na região devido à desnutrição, assim, a Diocese Anglicana de Matana implementou um programa de apoio e alimentação. Chanelle recebeu tratamento por dois meses e recuperou-se completamente.

“Foi uma época assustadora para nós e para toda a comunidade”, diz Diane. “Decidimos unir nossos esforços, trabalhar com a diocese e garantir que nossos filhos nunca mais ficariam desnutridos novamente.”

Mingau

A Diocese iniciou um programa de treinamento, no qual os pais aprenderam a preparar um mingau especial para tratar e prevenir a desnutrição. O mingau era feito com ingredientes locais, como milho, soja e amendoim, de forma que todos pudessem obtê-los facilmente. 

Os pais aprenderam como melhorar seus métodos agrícolas, cultivar legumes e preparar refeições nutricionalmente balanceadas. Ao mesmo tempo, eles aprenderam que a água potável, a melhoria do saneamento, as boas práticas de higiene e a vacinação infantil também são muito importantes para prevenir e tratar a desnutrição. 

Grupos de autoajuda

Os pais com filhos doentes decidiram formar grupos de autoajuda para poder continuar apoiando-se uns aos outros. Hoje, os membros do grupo verificam se há sinais de desnutrição nas crianças e trocam dicas, conselhos e ideias sobre como preparar alimentos. Eles também economizam dinheiro e trabalham juntos para iniciar pequenos negócios. 

“Somos 17 no nosso grupo”, diz Diane. “Até agora, já compramos quatro vacas, mas nosso objetivo é comprar uma vaca para cada membro – as vacas produzem leite para as famílias e estrume para as plantações. 

“Cultivamos legumes nos brejos durante a estação seca, algo que nunca fazíamos antes. Também estamos criando galinhas e coelhos.

“Quem poderia imaginar que pessoas que nem mesmo tinham comida suficiente para os filhos alguns anos atrás agora poderiam estar tão bem? Nos últimos anos não tivemos nenhum caso de desnutrição em nossa comunidade.”