Sarah Chhin
A Organização M’lup Russey está transformando a assistência às crianças e aos jovens vulneráveis no Camboja. Temos um grande entusiasmo pela promoção de alternativas para o acolhimento institucional de crianças e trabalhamos muito nessa área. Mas também reconhecemos que leva tempo para um orfanato fazer a transição e que as crianças precisam de apoio enquanto ainda estão em instituições.
Com medo do mundo exterior
Em 2007, os funcionários da M’lup Russey realizaram oficinas com mais de 500 jovens adultos que viviam em orfanatos. Todos falaram de seus medos quanto a deixar o orfanato. Eles tinham medo de acabar discriminados, vitimados, desempregados e desabrigados. Alguns tinham até medo de passar de fome. Eles temiam não possuir mais as habilidades para fazer parte de uma comunidade externa.
Infelizmente, há boas razões para esses medos. Sem uma preparação cuidadosa, os jovens adultos que deixam os orfanatos no Camboja têm dificuldade para se adaptarem à vida comunitária e familiar. Eles são extremamente vulneráveis à exploração, abuso e tráfico. Os orfanatos não eliminam sua vulnerabilidade: apenas adiam seus efeitos. Em muitos casos, essa vulnerabilidade aumenta por terem vivido em um orfanato.
A M’lup Russey apoia as crianças enquanto estão em centros de acolhimento residencial – mas nosso trabalho não termina aí. Fazemos tudo o que podemos para ajudar os jovens a serem bem-sucedidos em sua volta à comunidade quando deixam os centros.
Construção de relacionamentos
Primeiro, a M’lup Russey constrói relacionamentos com os diretores dos centros de acolhimento residencial. Nós os convidamos para eventos de treinamento para que eles possam melhorar sua assistência às crianças. Nós também os ajudamos a entender e aplicar a política de acolhimento alternativo do governo, que vê o acolhimento familiar como um modelo melhor. Ao longo dos anos, treinamos diretores de orfanatos em direitos da criança, proteção infantil, participação infantil, gestão da raiva, processos adequados de reintegração, gestão de centros, compreensão das necessidades de crianças e jovens, habilidades de liderança e muito mais.
Depois de construir relacionamentos com os diretores, a M’lup Russey pode começar a trabalhar com as crianças e os jovens sob seus cuidados. Oferecemos a eles a oportunidade de participar de grupos de apoio e de treinamento de habilidades para a vida. Estes ajudam os jovens a aprender as habilidades de que precisarão para se manterem seguros e serem independentes e socialmente incluídos quando deixarem os centros.
Clubes juvenis
A M’lup Russey ajuda os jovens a criar clubes juvenis em seus centros. As atividades dos clubes reforçam a autoconfiança, a liberdade e a capacidade de viver com segurança em uma comunidade no futuro. Os membros do clube de jovens elegem seus próprios líderes e decidem sua própria estrutura e horários. Os clubes dão-lhes uma voz no centro. Eles ajudam os jovens a se expressarem livremente e os preparam para a independência.
Tudo isso treina-os para serem líderes, facilitadores e membros de equipe responsáveis. Melhora também suas habilidades de comunicação e trabalho e ajuda-os a se relacionarem bem com outros. Graças à M’lup Russey, centenas de jovens já foram membros de clubes juvenis de orfanatos desde 2008!
Treinamento de habilidades para a vida
A M’lup Russey também oferece treinamento em habilidades para a vida e bolsas de treinamento profissionalizante para os jovens que vivem em centros. Estas oficinas são ministradas por profissionais e especialistas e abrangem tópicos mais aprofundados, como- “conhecer a si próprio”;
- habilidades de comunicação;
- vida segura na comunidade;
- gestão da raiva;
- saúde reprodutiva;
- conscientização sobre as drogas;
- finanças pessoais;
- planejamento da vida;
- definição de objetivos.
Apoio adicional
Estes serviços de apoio dão à M’lup Russey a oportunidade de construir relacionamentos fortes e de confiança com as crianças e jovens em centros de acolhimento residencial. A M’lup Russey pode, então, oferecer-lhes outros serviços, tais como aconselhamento e orientação jurídica, bem como apoio quando eles, um dia, deixarem o acolhimento residencial.