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Repensando a segurança rodoviária global

2009

Foto: Richard Hanson/Tearfund

De: Gestão do risco diário – Passo a Passo 79

Como gerir os riscos que encontramos na vida diária

Foto: Riders for Health

Foto: Riders for Health

Barry Coleman

O presidente americano, Barack Obama, deve ter recebido muitos telefonemas que ele jamais esquecerá. Porém, um em particular foi marcante: o telefonema avisando que seu pai havia sido morto num acidente rodoviário no Quênia.

Desde a invenção e o desenvolvimento do automóvel, milhões de pessoas já receberam a mesma notícia. Uma das reações que muitas pessoas têm é a sensação de falta de sentido: o sentimento devastador de que o acidente poderia ter sido evitado facilmente.

Mas o que é um “acidente”? Quando se trata de um acidente rodoviário, por que somos geralmente tão complacentes com ele? Por que temos medo de doenças e, contudo, parecemos não ter medo de pedaços de aço e vidro que passam por nós a alta velocidade? Por que, quando dirigimos ou viajamos como passageiros, temos tanta certeza de que o vidro e o aço nos irão “proteger” ao invés de nos matar ou nos ferir?

A devastação causada pela má manutenção dos veículos e pelos baixos padrões de condução é uma questão séria e perigosa em toda a parte, mas especialmente no Hemisfério Sul.

A situação na África

A África parece ser o continente mais afetado por mortes e ferimentos nas estradas. Lesoto foi, por muitos anos, o país mais perigoso em termos de acidentes e mortes por quilômetro rodado em veículos. A rodovia Nairobi-Mombasa, no Quênia, é considerada a rodovia mais perigosa do mundo, e, na África do Sul, que possui uma população de 45 milhões de habitantes, mais de 20.000 pessoas morrem em acidentes rodoviários a cada ano.

A má manutenção dos veículos e a falta de habilidade de condução causam mais acidentes nos países africanos. Com freqüência, o número de pessoas mortas em acidentes é desproporcional, pois os acidentes envolvem veículos lotados ou abarrotados. Quando dois ônibus colidem, 80 ou até 100 pessoas podem morrer.

O que podemos fazer?

MUDAR NOSSAS PRESSUPOSIÇÕES

Há anos, a Riders for Health ensina as pessoas na África a dirigir carros, caminhões e motocicletas com segurança. As pessoas que eles ensinaram têm índices de segurança muito bons. Eles estão sempre pensando em maneiras de melhorar este recorde e compartilhar sua maneira de pensar e suas técnicas com mais e mais pessoas. Cada vez que eles o fazem, mais vidas são salvas.

O que é um “acidente”? A Riders for Health ensina as pessoas que não existem “acidentes”. Há apenas ações deliberadas, que as pessoas realizaram ou quiseram realizar por loucura. Por exemplo, alguém corta a sua frente, e você bate nele porque não teve tempo de parar. Isto não foi um “acidente”. Foi uma “ação deliberada”. Na verdade, foram duas “ações deliberadas”. A pessoa deliberadamente cortou a sua frente, e você estava deliberadamente dirigindo rápido demais para parar.

Portanto, a primeira mudança de pressuposi ção está relacionada com a passividade. Se agirmos de forma passiva em relação aos acidentes rodoviários, continuaremos sofrendo acidentes. Devemos acreditar que todos os eventos na estrada podem ser controlados e devemos fazer todo o possível para controlá-los. Se todas as pessoas fizessem isto, não haveria mais acidentes.

Manutenção Em segundo lugar, está a questão da manutenção do veículo. A manutenção rigorosa e perfeita de um avião é obrigatória para as viagens aéreas. Além disso, as pessoas que viajam em aviões pressupõem que ela foi feita. Os mesmos padrões são aplicados aos carros, caminhões e motocicletas? Não, não são. Por algum motivo, acreditamos que, contra todas as evidências mais óbvias, se estivermos no solo, nada vai acontecer conosco. Temos muito mais medo de um avião do que de um carro, embora as chances sejam muito mais altas de morrermos num carro a caminho do aeroporto.

Por toda a parte, mas especialmente no mundo em desenvolvimento, por causa dos riscos mais altos, devemos fazer a manutenção dos veículos como se eles fossem aviões. Também devemos dirigir com tanto cuidado quanto o piloto mais cuidadoso teria para pilotar um avião.

Proteção Outra pressuposição que é importante questionar é que o nosso veículo nos “protege”. De alguma maneira, os motoristas sentem-se invulneráveis atrás da direção e do motor potente. Na verdade, é exatamente o contrário. Se você colidir com outro veículo, você será ferido justa mente pelo seu próprio veículo. A coluna da direção perfurará o seu peito, e, se o impacto for forte o suficiente, o motor o esmagará. O que o protege são o seu bom senso e a sua conscientização, não o veículo em que você está viajando.

Soluções simples, tais como usar o cinto de segurança no carro e o capacete ao andar de motocicleta ou bicicleta, aumentam suas chances de sobrevivência numa colisão.

Alta velocidade Outra pressuposição é que apenas a alta velocidade mata ou fere. Peça a alguém que acredita nisso para bater com o dorso da mão contra uma parede áspera a 20 km por hora. Esta pessoa não o fará.

No fundo, ela sabe que um impacto de 20 km por hora é perigoso e causa ferimentos. Porém, quando a pessoa está atrás da direção, toda esta compreensão instintiva parece desaparecer

MELHORAR A DEFESA E PROMOÇÃO DE DIREITOS

Devemos defender e promover os direitos a melhorias na segurança rodoviária, inclusive na manutenção dos veículos e na condução. O trabalho de defesa e promoção de direitos em termos de segurança rodoviária é fraco comparado com outras questões, como o HIV e a malária. O trabalho de defesa e promoção de direitos até mesmo em questões como os casamentos forçados e a infecção pelo verme da Guiné, que afetam muito menos pessoas, está muito mais bem organizado do que na questão da segurança rodoviária. A Organização Mundial da Saúde faz campanhas contra as mortes e os ferimentos nas estradas, dizendo que estes representam uma grande ameaça para a saúde e o bem-estar global e que seria de grande benefício se esta questão tivesse um maior apoio.

MELHORAR A MANEIRA DE PENSAR

Assim como um trabalho mais vigoroso de defesa e promoção de direitos, precisamos de uma melhor maneira de pensar. Hoje em dia, as pessoas riem quando ficam sabendo que alguém costumava correr na frente dos primeiros carros com uma bandeira vermelha para avisar os outros de que um carro estava se aproximando. Porém, havia um motivo sério para isto. Um carro descendo uma rua era extremamente perigoso.

A buzina é provavelmente o descendente direto da bandeira vermelha – ela deveria ser usada para avisar as pessoas à frente sobre possíveis situações. Embora os motoristas sejam obrigados por lei a ter uma buzina, em muitos países africanos, ela quase nunca é usada para o benefício dos outros usuários das rodovias. Muitas pessoas a usam para mostrar que estão zangadas depois de um incidente! Portanto, a buzina torna-se parte do problema e não ajuda na solução.

Conclusão

Quando tivermos mudado nossas pressuposições e decidido o que vamos ou não tolerar em termos de mortes e ferimentos relacionados com veículos, será, na verdade, bem fácil, fazermos treinamentos e manutenções.

Barry Coleman é o Co-fundador e Diretor Executivo da Riders for Health.

A Riders for Health é um empreendimento social vencedor de prêmios, dedicado à gestão efi caz de veículos usados para prestar cuidados de saúde em condições hostis. Para obter mais informações, visite: www.riders.org


 Segurança rodoviária básica

  • use sempre o cinto de segurança
  • obedeça aos limites de velocidade e não dirija perto demais do veículo em frente
  • não use o celular enquanto estiver dirigindo
  • não dirija depois de ter consumido bebidas alcoólicas
  • diminua a velocidade ao dirigir perto de pedestres, animais e ciclistas
  • faça revisões periódicas no veículo

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