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Manifestando-se pelas florestas e pelos meios de sobrevivência
No Sudeste Asiático, como parte de um projeto de construção de uma represa maior, um governo e empresas estrangeiras estão planejando construir uma represa no ponto de encontro de dois rios
2011
Disponível em Inglês, Francês, Português e EspanholDe: Árvores – Passo a Passo 85
Como cuidar das árvores e aproveitar ao máximo os muitos benefícios que elas trazem
Floresta no Sudeste Asiático. Andrew Philip/Tearfund
Manifestando-se contra um projeto de construção de uma represa
No Sudeste Asiático, como parte de um projeto de construção de uma represa maior, um governo e empresas estrangeiras estão planejando construir uma represa no ponto de encontro de dois rios. Este local possui uma biodiversidade rica e um grande significado cultural para as pessoas que lá vivem. O projeto consiste na inundação de uma grande área florestal e no deslocamento de 60 aldeias, afetando cerca de 15.000 pessoas. Estas famílias não terão mais como se sustentar e ganhar dinheiro através da agricultura, da pesca e da coleta de produtos florestais não lenhosos (coisas úteis fornecidas pela floresta, que não exigem a derrubada de árvores). Uma destas aldeias possui 1.000 hectares de plantações de seringueiras, 150 hectares de pomares de frutas variadas e 100 hectares de laranjais, os quais já estão estabelecidos há 20 anos.
Muitas pessoas estão se manifestando contra a construção da represa. O objetivo da represa é criar energia elétrica, necessária na região. Embora tenha sido oferecida uma indenização aos aldeões, estes não acreditam que ela represente o valor de tudo que será perdido. Não há nenhum plano de reassentamento adequado. Os aldeões estão apelando ao governo, dizendo que a produtividade das suas fazendas, que levou anos para ser desenvolvida, será perdida.
Esta situação ainda não foi resolvida, e os planos de construção da represa continuam.
Agradecemos ao Kachin Development Networking Group por autorizar a utilização da sua pesquisa.
Trabalhando juntos para proteger a floresta tropical amazônica
O povo de Amazanga, no Equador, nem sempre viveu onde vive agora. Um vazamento de óleo forçou os membros da tribo quíchua a deixar suas terras tradicionais na Amazônia. Quando suas novas moradias foram ameaçadas pelo desmatamento e pela agricultura industrial, os aldeões decidiram que gerir suas terras de acordo com as tradições do seu povo – caçando, pescando e colhendo plantas para usar como alimento e medicamentos – era a melhor forma de protegê-las.
Porém, isto requeria mais terra do que eles possuíam. O povo de Amazanga exigiu que o governo lhe concedesse um território para viver da maneira que seus ancestrais costumavam viver. “Não podemos viver de um pedaço de terra como de um pedaço de pão,” disseram eles. “Estamos falando de um território e do direito de viver bem da floresta.” Quando o governo ignorou a sua exigência, eles pediram ajuda a grupos ambientais internacionais para comprar de volta suas terras ancestrais.
Os aldeões convidaram seus parceiros internacionais para tirar fotografias e gravar vídeos mostrando as maneiras tradicionais de usar a floresta e mostrá-los às pessoas nos seus países de origem. Depois de alguns anos, o povo de Amazanga conseguiu obter dinheiro suficiente para comprar quase 2.000 hectares de floresta.
Porém, a compra desta quantidade de terra criou desconfiança entre os membros da tribo shuar, que vivia nas redondezas. Quando os shuaras reivindicaram a posse das mesmas terras, o povo de Amazanga viu que havia cometido um erro. Eles haviam criado uma parceria com organizações internacionais, mas não haviam entrado em acordo com seus vizinhos! Os shuaras estavam tão furiosos que os ameaçaram com violência. Depois de muitos encontros, o povo de Amazanga e os shuaras concordaram em compartilhar a floresta de acordo com regras comuns. Como os quíchuas e os shuaras possuem uma compreensão semelhante da melhor forma de usar a floresta, eles conseguiram formar uma aliança.
Eles transformaram a terra numa reserva florestal e entraram em acordo quanto a um plano de gestão florestal para evitar a derrubada de árvores e a construção de estradas. A terra foi declarada “patrimônio de todas as tribos indígenas da Amazônia” e protegida para as gerações futuras. Entrando em contato com visitantes de locais próximos e distantes, o povo de Amazanga protegerá a floresta, preservará a sua cultura e ajudará outros a protegerem suas moradias na floresta.
Este estudo de caso foi retirado de A Community Guide to Environmental Health, com nosso agradecimento aos editores, Hesperian, por sua autorização.
Discussão
- Você sabe de alguma situação semelhante na sua região? Se souber, o que pode ser feito?
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