Joël Tembo Vwira iniciou a primeira empresa de gestão de resíduos na cidade de Goma, República Democrática do Congo (RDC). Nesta entrevista, ele compartilha sua experiência do crescimento surpreendente de sua empresa…
Qual era a situação em Goma antes de você começar sua empresa?
Em 2008, Goma era uma cidade em crescimento, com 600 mil pessoas, sem nenhum sistema de manejo de resíduos. Havia uma montanha de lixo em quase todas as partes. Sempre tive paixão pela limpeza e pelo empreendedorismo desde jovem e sentia-me inspirado para encontrar uma solução.
Como você iniciou sua empresa de coleta de lixo?
Primeiro fizemos uma pesquisa de mercado. Dez voluntários perguntaram a 500 famílias e 50 empresas se elas estariam dispostas a pagar pela coleta de lixo. A seguir, fui a Nairobi, no Quênia, para aprender como se faz a coleta de lixo em uma cidade. Depois disso, nós elaboramos um plano de coleta de lixo para Goma e a apresentamos às autoridades locais. Organizamos um depósito de lixo oficial, onde os resíduos poderiam ser classificados e reciclados sempre que possível.
Conscientizamos a comunidade usando dramatizações no rádio, panfletos, reuniões presenciais e seminários nas igrejas. Para arrecadar dinheiro para iniciar a empresa, vendemos ações da empresa a pessoas interessadas, principalmente membros da minha igreja.
Começamos com apenas 13 famílias, em agosto de 2008, mas alguns meses mais tarde, no início de 2009, já havia mais de 500 famílias e 20 empresas usando o serviço. Atualmente, a empresa atende a mais de 1.000 famílias e 100 empresas.
Quais foram os desafios e os sucessos?
Algumas pessoas da comunidade demoraram a responder. Havia falta de infraestrutura básica, como, por exemplo, boas estradas. Tínhamos recursos limitados para comprar equipamentos adequados.
No entanto, tivemos o apoio das universidades locais, que enviaram estudantes para aprender com nossas atividades. As mídias locais, nacionais e internacionais interessaram-se em compartilhar nossa história. Conseguimos conectar-nos com iniciativas como o programa Inspired Individuals (Indivíduos Inspirados), da Tearfund, a Rede Cuidado com a Criação e a Connective Cities (uma organização que liga pessoas alemãs e africanas envolvidas no desenvolvimento de suas cidades).