As sobreviventes da violência sexual e de gênero (VSG) geralmente se mantêm em silêncio sobre sua provação, o que aumenta sua sensação de isolamento. As razões para não falar podem incluir ameaças dos agressores, medo de estigma e discriminação e falta de esperança de que alguém possa ajudá-las.
As sobreviventes enfrentam danos em todos os aspectos de sua vida. Elas podem sofrer:
- problemas de saúde física;
- problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade;
- dor emocional;
- problemas com sexo e intimidade;
- dependência de substâncias;
- fracasso em seguir uma carreira (por exemplo, desistir da escola);
- desintegração familiar (por exemplo, no caso de estupro por um familiar).
Os grupos de apoio permitem que as sobreviventes falem sobre sua dor em uma atmosfera de aceitação, onde podem iniciar o processo de cura.
criação de grupos de apoio
Na África do Sul, a Tearfund e seus parceiros começaram a formar pequenos grupos de sobreviventes por meio de um programa chamado Journey to healing (Jornada para a cura). Este é um workshop de três dias, em que as mulheres têm a chance de contar sua história e compartilhar sua dor através da expressão criativa. Embora este seja apenas o começo do processo de cura, isso fez uma grande diferença para elas.
Mas e o que acontece depois que elas falam sobre sua dor? Elas precisam de apoio contínuo. Assim, montamos um lugar onde elas podem se reunir semanalmente em suas comunidades. Esses grupos de seguimento geralmente usam um manual chamado Out of the shadows, into the light (Fora das sombras, para dentro da luz), que cobre tópicos como o perdão, entre outros. O perdão nunca pode ser forçado, mas achamos que ele é necessário para garantir que o processo de cura ocorra.
melhoria dos meios de vida
É muito difícil sustentar a cura sem examinar outros aspectos da vida dos indivíduos. Muitas das mulheres estavam tendo dificuldade para colocar comida na mesa. Nós as ajudamos a formar grupos de poupança e crédito, permitindo-lhes fazer empréstimos para iniciar pequenos negócios. Também as ajudamos a aprender habilidades comerciais e pensar em como poderiam continuar estudando.
treinamento de promotoras
À medida que mais grupos de apoio se formavam, percebemos que precisávamos de mais pessoas para ajudar a administrá-los. Selecionamos sobreviventes para serem o que chamamos de Promotoras e desenvolvemos suas habilidades de assistência social, administração, gestão de conflitos, defesa e promoção de direitos e aconselhamento não profissional. Elas se tornaram líderes muito fortes e ajudam a garantir que o movimento seja sustentável.
sobreviventes mudando a sociedade
Vimos que cada grupo vê as necessidades existentes em sua própria comunidade e apresenta uma atividade para ajudar de alguma forma. Por exemplo, em um grupo com muitas mulheres que haviam sido estupradas em idade precoce enquanto seus pais estavam no trabalho, elas perceberam que muitas crianças em sua comunidade estavam igualmente vulneráveis. Assim, elas criaram um clube de lição de casa para impedir que as crianças tivessem que ficar sozinhas em casa.
A Tearfund ganhou um prêmio da Charity Awards 2018 por seu trabalho com sobreviventes na África do Sul. Também iniciamos movimentos de sobreviventes em Burundi, Chade, RDC, Libéria, Mali, Mianmar e Nigéria. Agora, estamos planejando ampliar nosso trabalho e mobilizar um movimento global de sobreviventes.
Solange Mukamana trabalha para a Tearfund na África do Sul. Para informações ou conselhos sobre como iniciar grupos de apoio a sobreviventes, entre em contato com ela através do e-mail [email protected]
dicas para iniciar um grupo de apoio
por Adrienne Blomberg
Você não precisa fazer as coisas da mesma maneira que nós! Mas usar um manual como o Journey to healing pode ser útil. Também é útil fazer algum treinamento em habilidades de facilitação e cuidados pastorais e ter um conhecimento sólido sobre questões de VSG.
1. Crie um lugar de segurança, onde os princípios de confiança e confidencialidade sejam colocados acima de qualquer outra coisa.
2. Garanta que as reuniões sejam facilmente acessíveis. Pode-se chegar ao local com transporte público?
3. Certifique-se de poder oferecer apoio contínuo. Se você oferecer um workshop inicial, garanta que haja grupos de apoio para os quais as mulheres possam passar depois.
4. Adote uma abordagem holística. Pense em maneiras de satisfazer outras necessidades que as sobreviventes possam ter, como formar um grupo de poupança e crédito.
Se estiver interessado em usar Journey to healing ou outros recursos, entre em contato com Solange Mukamana pelo e-mail [email protected]