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Entrevistas

Entrevista: Como os líderes religiosos ajudaram a derrotar o ebola

Descubra como líderes cristãos e muçulmanos se uniram para enfrentar o Ebola, na Serra Leoa

2017 Disponível em Inglês, Francês, Português e Espanhol

Os líderes religiosos muçulmanos e cristãos trabalharam juntos para combater o ebola. Foto: Layton Thompson /Tearfund

Os líderes religiosos muçulmanos e cristãos trabalharam juntos para combater o ebola. Foto: Layton Thompson /Tearfund

Um agente de saúde malawiano vestindo seu uniforme branco e vermelho e sorrindo para a câmera enquanto toma notas

De: Saúde e fé – Passo a Passo 102

Dicas de primeiros socorros, histórias de profissionais da saúde, um estudo bíblico sobre a cura e muito mais

Patricia Conteh era Coordenadora de Projetos da Tearfund na Serra Leoa quando o vírus ebola atingiu o país, em 2014. Aqui, ela conta suas lembranças sobre a forma como os líderes religiosos mudaram o rumo do ebola.

Como foi quando o surto de ebola atingiu a Serra Leoa? 

Os serra-leonenses são muito amigáveis e calorosos, e adoram visitas. As pessoas estão sempre entrando e saindo umas das casas das outras. Mas quando o ebola chegou, isso parou. 

Começaram a chegar mensagens de que o ebola estava aqui e de que o ebola matava. A maioria das pessoas nunca tinham ouvido falar do ebola, então não sabiam o que fazer. Isso causou divisão, mesmo dentro de lares. Os maridos não sabiam com certeza se suas esposas tinham a doença, e as esposas não sabiam sobre os maridos. Era como se o ebola estivesse atacando a própria essência da nossa cultura. 

Como as comunidades religiosas responderam? 

No início, a ignorância causou muitos problemas. Muitas igrejas negaram que o ebola fosse um problema médico. Elas diziam que ele era o juízo de Deus, porque éramos pecadores. Muitos líderes de igrejas colocaram as mãos em pessoas, ficaram infectados e espalharam o vírus ainda mais. 

As pessoas queriam continuar com as práticas tradicionais de enterro. Os muçulmanos acreditavam que os corpos mortos tinham de ser lavados e que era necessário orar por eles de uma certa forma. E os cristãos choravam sobre a pessoa morta, tocando-a. Essas coisas aumentaram o número de pessoas infectadas. 

Como os líderes religiosos mudaram sua resposta? 

Os líderes religiosos começaram a perceber que o ebola era mais do que uma questão espiritual. Assim, o Conselho de Igrejas e o Conselho Inter-religioso da Serra Leoa fizeram uma reunião. Foi aí que o jogo mudou. Eles pediram ao governo para que lhes desse treinamento sobre o ebola. 

Os líderes cristãos e muçulmanos foram treinados juntos e trabalharam juntos. Eles procuraram textos na Bíblia e no Alcorão que respaldassem a resposta ao ebola. Eles organizaram grupos de discussão e ensinaram as pessoas em conjunto. Isso foi algo muito fora do comum na Serra Leoa. 

Na Serra Leoa, a confiança e o respeito pelos líderes religiosos são enormes, de forma que as pessoas os ouviram. Todos fizeram o que o pastor disse: não toque nos outros, lave as mãos, use roupas de proteção, etc. Essas coisas ajudaram muito. 

Como os grupos religiosos divulgaram mensagens de saúde sobre o ebola? 

Os grupos religiosos trabalharam em conjunto com ONGs para espalhar mensagens de saúde. Tanto os muçulmanos quanto os cristãos fizeram transmissões de vídeo e rádio. A Tearfund, a Unicef e outras organizações enviaram pôsteres às igrejas, e elas os espalharam por suas comunidades. A União Bíblica usou dramatizações, músicas e danças sobre como responder ao ebola. Os membros tanto da igreja quanto da mesquita participaram. 

Que outro tipo de apoio as igrejas ofereceram? 

A igreja ofereceu apoio psicossocial e espiritual. A Tearfund treinou pastores e deu-lhes telefones para que pudessem falar com as pessoas com ebola. Os pastores falavam e oravam com elas por telefone. Dessa forma, eles podiam oferecer apoio sem correr o risco de se infectarem. Os pastores também forneciam apoio espiritual quando alguém morria. 

As igrejas ofereciam ajuda prática às pessoas em quarentena (ou seja, mantidas em isolamento durante um período de tempo para garantir que não infectariam outros). Os membros das igrejas forneciam comida, água e artigos de higiene pessoal. 

Uma grande parte da resposta da Tearfund foi combater o estigma. Se as pessoas forem estigmatizadas, elas se esconderão ao invés de irem ao hospital. Os líderes de igrejas falavam nos cultos sobre não estigmatizar as pessoas com ebola. Em algumas comunidades, as pessoas que se recuperavam do ebola eram rejeitadas quando saíam dos centros de tratamento. A igreja realizou reuniões comunitárias para ajudar as pessoas locais a aceitá-las novamente.  

Questões para discussão 
  • Como os líderes religiosos podem estar preparados para possíveis emergências de saúde? 
  • Como podemos alcançar pessoas isoladas em nossas comunidades? Como podemos combater o estigma?  

E-mail: [email protected]

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