O vírus da imunodeficiência humana (HIV) já causou a morte de mais de 32 milhões de pessoas e continua sendo um grande problema de saúde pública global. No entanto, com o maior acesso à prevenção, ao diagnóstico, ao tratamento e aos cuidados eficazes, a maioria das pessoas com HIV agora pode ter uma vida longa e saudável. Três pessoas de diferentes partes do mundo refletem sobre o que o HIV significa para elas.
Apoio às mães
O HIV teve um impacto devastador na saúde materno-infantil quando chegou à Zâmbia, há mais de 30 anos.
Em uma comunidade urbana de Lusaka, um quarto das mães testou positivo para o HIV. Elas apresentavam muitas complicações durante a gravidez, e seus bebês eram frequentemente prematuros e pequenos. Mais de um terço dessas mães transmitiu o HIV para seus filhos, causando muitas doenças, desnutrição e morte entre as crianças. Foi uma época extremamente difícil e dolorosa.
Iniciamos vários projetos, inclusive uma grande campanha nacional de conscientização e prevenção do HIV. Com o tempo, isso resultou em uma queda na incidência do HIV entre as mães para menos de 12%. Os testes de rotina em clínicas de pré-natal e o tratamento para o HIV na gravidez e após o parto reduziram a taxa de transmissão de mãe para filho para menos de 10%.
Tivemos grandes problemas com o estigma. As mães tinham medo de contar aos parceiros que tinham sido diagnosticadas com HIV, embora frequentemente fosse o próprio parceiro quem as havia infectado. Passamos a oferecer aconselhamento e apoio atencioso e confidencial, e a proporção de mães que aceitava o tratamento começou a aumentar constantemente. No ano passado, mais de 80% das mães que precisavam de terapia antirretroviral (TARV) de longo prazo fez o tratamento regularmente.
Tudo isso exigiu um aumento maciço no número de testes laboratoriais, funcionários qualificados e medicamentos antirretrovirais (ARV). Felizmente, recebemos um bom apoio de nosso governo e agências internacionais. A gestão do HIV na gravidez agora foi incorporada ao programa nacional de saúde materno-infantil do governo da Zâmbia.
Dr. Lackson Kasonka, Hospital Universitário, Lusaka, Zâmbia
Amor em ação
Era o nosso primeiro encontro, e, entre os convidados, estava Livia, de seis anos. Ambos os pais haviam morrido de doenças relacionadas com a AIDS, e Livia havia contraído o HIV através do leite da mãe.
Eu estava servindo um lanche e, da cozinha, vi que Livia estava brincando com minha filha, de quatro anos. Naquela época, não sei por que, tive vontade de impedir minha filha de brincar com ela. Levei vários segundos para reagir e perceber que meu medo era infundado.
Sou facilitador do Patsida, em Sucre, na Bolívia, e pastor de uma pequena igreja. O programa Patsida treina facilitadores de igrejas para falar sobre saúde sexual em suas congregações, escolas, faculdades e na comunidade em geral. O objetivo é quebrar as barreiras do silêncio e da discriminação e abrir o caminho para que as pessoas mais vulneráveis das nossas comunidades busquem ajuda e apoio.