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Entrevista: Minha provação como forma de trazer esperança

Uma sobrevivente inspiradora, Wangu Kanja, iniciou uma organização para abordar a violência sexual no Quênia

2019 Disponível em Inglês, Francês, Português e Espanhol

Duas mulheres de pé, uma ao lado da outra, abraçadas, uma vestindo uma camiseta regata branca e a outra vestindo uma camiseta regata amarela
Uma sobrevivente da violência sexual e de gênero com um lenço estampado com bolinhas na cabeça, olhando para longe

De: Violencia sexual e de genero – Passo a Passo 106

Ideias de como podemos pôr fim à violência sexual e de gênero e prestar apoio holístico às sobreviventes

Wangu Kanja é uma sobrevivente da violência sexual, que criou a Fundação Wangu Kanja no Quênia, em 2005.

Por favor, conte-nos sobre sua organização e o que ela faz. 

A Fundação Wangu Kanja trabalha com o fim de abordar a violência sexual: prevenção, proteção e resposta. Mas nossa visão mais ampla é ter uma sociedade que seja segura e livre de qualquer tipo de violência. 

Você já viu alguma mudança na forma de lidar com a violência sexual no Quênia desde que você começou seu trabalho? 

Criamos uma conscientização sobre a violência sexual, para que mais pessoas denunciem seus casos, mas isso não significa que já tenhamos acabado com ela. 

Um dos grandes desafios é o estigma e a discriminação. As sobreviventes enfrentam muito estigma por parte de sua família e comunidade, o que as torna menos propensas a falar. O processo de denúncia de um caso também é bastante complicado: você precisa se apresentar ao hospital, à delegacia, e, depois que a polícia tiver investigado seu caso, ao judiciário. Precisamos tornar esse processo mais fácil e menos estressante para as sobreviventes.

Como podemos acabar com o estigma contra as sobreviventes? 

Precisamos começar diálogos abertos sobre a violência sexual em todos os níveis da sociedade. A violência sexual ainda é vista como um assunto privado. Temos que ajudar as pessoas a entender que, se uma pessoa for afetada, todos os outros serão afetados direta ou indiretamente. 

Também devemos transferir a culpa da vítima para o agressor. A primeira pergunta que a maioria das pessoas faz é: “Como você estava vestida?” ou “Você o provocou?”. As pessoas precisam reconhecer que a culpa jamais é da sobrevivente. A violência sexual pode acontecer com qualquer pessoa, a qualquer momento, por mais cautelosa que seja.

Wangu Kanja

Wangu Kanja

Como você aumenta a conscientização sobre a violência sexual? 

Realizamos diálogos comunitários, usamos rádios comunitárias e nos encontramos com líderes políticos para falar sobre a violência sexual. Também temos uma linha de ajuda SMS, através da qual enviamos mensagens de texto para os telefones das pessoas sobre como denunciar a violência sexual e receber atendimento e apoio. 

Quando alguém entra em contato com a linha de ajuda SMS, um funcionário treinado liga de volta e examina suas necessidades. Se a pessoa precisar de ajuda médica, nós organizamos uma consulta médica. Se ela precisar de ajuda para denunciar um crime na delegacia, encontramos uma pessoa adequada por perto para acompanhá-la. Também temos um paralegal da comunidade que ajuda as sobreviventes a passar pelo processo judicial. 

Além disso, criamos uma Rede Nacional de Sobreviventes da Violência Sexual. Esta é composta por 47 redes em todo o país, de modo que, em cada condado, há sobreviventes que se manifestam sobre os problemas que as afetam. 

Que tipo de mudanças a rede de sobreviventes reivindica? 

Queremos garantir que o governo forneça verbas específicas para os serviços de prevenção e resposta à violência sexual. Isso inclui fornecer aconselhamento, abrigos, atendimento médico e uma unidade de crimes de gênero para a devida investigação, documentação e ação penal para crimes. Os departamentos governamentais agora estão conversando conosco sobre a melhor forma de lidar com a violência sexual. 

Que conselho você daria às sobreviventes de violência sexual que desejam ajudar outras sobreviventes? 

Você pode usar sua experiência para ajudar outras pessoas, mas certifique-se de que passou por um processo de cura adequado primeiro, como aconselhamento, arteterapia ou terapia de dança. Caso contrário, quando você começar a ouvir as histórias das outras sobreviventes, você poderá ficar traumatizada novamente. A cura é um processo que leva tempo, mas é possível.


Wangu Kanja é formada pelo programa Inspired Individuals (Indivíduos Inspirados) da Tearfund e fundadora e diretora executiva da Wangu Kanja Foundation.

Site: www.wangukanjafoundation.org
E-mail: [email protected] 

Se você estiver no Quênia e precisar de ajuda referente a VSG, entre em contato com a linha de ajuda SMS da Wangu, enviando uma mensagem com a palavra “HELP” (ajuda, em inglês) para 21094.

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