A Falta de medicamentos é causada por muitos factores. Muitos países, especialmente de África, não adotaram uma lista de medicamentos essenciais para garantir um bom abastecimento dos medicamentos mais usados. Talvez não exista uma quantidade suficiente de moeda estrangeira para importar as matérias-primas necessárias para produzir os medicamentos dentro do país. Podem ser perdidos medicamentos por causa de roubos, de uma armazenagem ruim e devido ao vencimento da data de validade. Quando os medicamentos são receitados aos pacientes, podem ser perdas adicionais através do uso desnecessário de injeções, de erros na preparação de receitas ou quando é receitada uma quantidade superior à que é necessária. Os pacientes também podem desperdiçar medicamentos que lhes foram receitados se não tiverem a certeza de qual é a dose correta, se não tiverem confiança no pessoal de saúde ou se não terminarem o tratamento, por se sentirem melhor.
Fazendo o paciente pagar
Devido à contínua redução no financiamento dos serviços de saúde (geralmente causada pela dívida que os países do terceiro mundo possuem), há uma grande pressão no sentido de manter o nível de salários do quadro de pessoal, fazendo com que os fundos disponíveis para a compra de medicamentos sejam reduzidos ainda mais. Todas essas dificuldades intensificam as tentativas dos governos e dos programas de saúde no sentido de conseguirem recursos para a compra de medicamentos directamente dos pacientes.
A Iniciativa de Bamako foi um acordo feito em 1987 entre os ministros africanos da área da saúde, com o apoio da OMS e da UNICEF. Essa iniciativa procura incentivar a participação da comunidade na administração e no financiamento de medicamentos essenciais. É baseada nos oito princípios que são mencionados no quadro acima. Os vários países têm tentado colocar esses princípios em práctica de maneiras bem diferentes.
Quênia
O governo desse país tem incentivado o estabelecimento de ‘farmácias comunitárias’ sob a administração de agentes comunitários de saúde. As farmácias armazenam entre nove e doze medicamentos essenciais, os quais são vendidos a um preço que cobre o custo do medicamento e um lucro, que é retido pelos agentes comunitários de saúde. Além disso, eles também vendem mosquiteiros tratados com inseticida a um preço subsidiado. As pessoas locais apoiam essa iniciativa e acham que os preços são justos, apesar de que muitas pessoas têm dificuldades para pagar. Estes agentes estão animados por poderem ganhar um sustento. No entanto, há o perigo de que uma quantidade excessiva de medicamentos seja receitada desnecessariamente, visando lucro.
Guiné
O governo da Guiné, na África Ocidental, apoia os serviços integrais de cuidados primários de saúde. As taxas cobradas pelos diagnósticos mais comuns são tabeladas em todo o país. Isso inclui medicamentos para tratamento e os cuidados de que o paciente necessita posteriormente.
Gana
Foram formados grupos de debates (por Waddington e Enyimayew) na região de Volta, em Gana, para examinar a atitude das pessoas quanto ao pagamento dos serviços de saúde. As taxas cobradas pelos serviços de saúde não foram a única questão considerada. Os seguintes factores, de igual importância, também foram considerados: a atitude do pessoal de saúde, a disponibilidade dos medicamentos, se os pagamentos podiam ser feitos em prestações ou em géneros, ou se havia crédito disponível.
República Dominicana
Uma pesquisa realizada neste país (por Bitran) constatou que as pessoas pagariam por serviços particulares e de boa qualidade na área da saúde em preferência aos serviços governamentais, que eram considerados de má qualidade e sofriam a falta de medicamentos, apesar de serem gratuitos ou de baixo custo.
As informações contidas nesta página foram retiradas de análises e investigações profundas que foram realizadas pela Dra Barbara McPake e outros profissionais da Seção de Política Sanitária, London School of Hygiene and Tropical Medicine, Keppel St, London, WC1E 7HT, Inglaterra.