Poços cavados à mão e poços perfurados
Os poços cavados à mão são um meio óbvio de se obter acesso à água subterrânea. A alternativa é geralmente um poço profundo perfurado por um equipamento de perfuração caro. A maioria das comunidades não têm condições de ter acesso ou comprar um, a não ser que tenham recebido ajuda de governos ou ONGs. Entretanto, há uma terceira alternativa – os poços perfurados à mão.
Poços rasos de pequeno diâmetro
Estes geralmente têm somente 15 cm de diâmetro (em comparação aos poços cavados à mão, que têm 1,2 metros ou mais) e até 30 metros de profundidade, como a maioria dos poços cavados à mão. Os poços perfurados à mão podem ser mais baratos e mais rápidos de se construírem que os poços cavados à mão. Equipados com uma bomba manual, eles funcionam com eficácia, mesmo quando o abastecimento de água subterrânea for baixo. Uma vantagem de um poço cavado à mão é que, se a bomba estragar, ainda se pode obter água com um balde e uma corda.
Qualquer poço, seja ele cavado à mão, perfurado à mão ou perfurado por uma máquina – envolve três processos:
- afrouxar o solo
- remover o solo e as pedras
- apoiar as paredes do buraco.
Os poços perfurados à mão usam uma broca grande chamada trado para perfurar o solo, sustentada por uma armação de metal. Uma grande vantagem dos poços de pequenos diâmetros é que é preciso atravessar e remover muito menos solo e pedras.
Energia
Três ou quatro homens construindo um poço perfurado à mão possuem menos de 2% da energia de um equipamento de perfuração. Se a broca tiver que atravessar pedras, isto pode ser impossível com a perfuração manual. Os materiais macios, como a areia e o lodo, exigem menos energia, mas podem causar problemas, se os buracos se desmoronarem.
Outras questões
Há também questões mais amplas a serem consideradas pelas comunidades, quando estiverem pensando sobre a perfuração manual:
- Há fontes de água alternativas que poderiam ser protegidas?
- As fontes existentes poderiam ser melhoradas?
- A geologia é adequada para a perfuração manual?
- Como serão escolhidos os locais?
- Como serão mobilizadas e envolvidas as comunidades?
- Quem pagará pelos poços?
- Quem construirá os poços?
- Onde serão feitos os equipamentos de perfuração manual?
- Será fácil conseguir peças sobressalentes?
- Quem fornecerá os revestimentos e outros materiais de construção para os poços?
- Quanto custarão os poços?
Trabalho recente
Estas questões foram exploradas durante um recente projeto de três anos em Uganda, o qual examinou possíveis parcerias entre agências governamentais, doadores externos, empreiteiros comerciais e comunidades locais.
O projeto desenvolveu uma nova tecnologia adequada para as condições locais. Eles incentivaram pequenos empreiteiros a adotar as tecnologias e a começar a fabricação local de equipamento. Eles descobriram que, com o auxílio dos doadores, do governo e das comunidades, é possível criar parcerias entre o setor público, o setor privado e as comunidades, para melhorar o abastecimento de água rural. Se isto pode resultar realmente num maior acesso à água limpa, a um preço razoável, só será visto no futuro.
Dr Richard C Carter, Institute of Water and Environment, Cranfield University, Silsoe, Bedford, MK45 4DT, Inglaterra E-mail: [email protected]