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Violência doméstica

Arline Poubel e Silva e Suzy da Silva Cyrillo.  Na maioria das culturas, as pessoas escondem o problema da violência dentro da família. Isto significa que pouco se sabe a respeito do nível de violência que afeta as famílias. Os maus-tratos dentro da família tem chamado cada vez mais a atenção dos serviços de saúde, mas são raramente incluídos nos programas comunitários de saúde e educação. Entretanto, a maioria dos casos não são nem mesmo informados. Isto significa que as pessoas que ...

2003 Disponível em Inglês, Francês, Espanhol e Português

Foto: Jim Loring/Tearfund

De: Famílias sob pressão – Passo a Passo 55

Ideias práticas para tornar as famílias mais fortes e saudáveis

Arline Poubel e Silva e Suzy da Silva Cyrillo. 

Na maioria das culturas, as pessoas escondem o problema da violência dentro da família. Isto significa que pouco se sabe a respeito do nível de violência que afeta as famílias. Os maus-tratos dentro da família tem chamado cada vez mais a atenção dos serviços de saúde, mas são raramente incluídos nos programas comunitários de saúde e educação. Entretanto, a maioria dos casos não são nem mesmo informados. Isto significa que as pessoas que cometem a violência não são responsabilizadas por seus atos. Muitas vezes, elas nem mesmo se dão conta de que cometeram um crime.

No início da década passada, nos Estados Unidos, por exemplo, foram informados um milhão e meio de casos de maus-- tratos contra crianças e adolescentes, com mil mortes por ano. Estima-se que o número real de casos seja 20 vezes maior. Em muitos países em desenvolvimento, o problema é raramente informado.

O termo violência doméstica é usado para descrever qualquer atitude violenta ou negligência dentro da família. As vítimas podem sofrer tudo que é tipo de proble-mas físicos e mentais – inclusive stress, problemas para dormir, lembranças repentinas do trauma, agressão, isolamento social, comportamento auto-- destrutivo, depressão e fobias. Algumas podem até mesmo cometer suicídio.

A pobreza e a falta de instrução podem aumentar o nível de violência domés-tica. Também pode haver outros fatores individuais, familiares, comunitários e sociais. Entretanto, o abuso de poder sobre membros familiares indefesos está sempre presente. As mulheres, os adolescentes, as crianças e as pessoas com deficiência são as vítimas mais freqüentes.

Definição de maus-tratos 

Abuso físico consiste no uso intencional da força física com o propósito de causar dor. Às vezes, o abuso físico pode resultar em morte. Os bebês sofrem o risco da “síndrome do bebê sacudido”, em que um adulto sacode violentamente a criança, geralmente para fazê-la parar de chorar. Isto pode causar danos ao cérebro e, às vezes, morte.

Abuso sexual infantil descreve situações em que uma criança ou um adolescente é usado para o prazer sexual por um adulto ou por uma criança mais velha. O abuso pode consistir em tocar, explorar sexualmente, forçar a criança a assistir a pornografia ou um ato sexual com ou sem violência.

Este abuso é baseado numa relação de poder. Entretanto, nem sempre há violência. O abusador pode conseguir que a criança participe usando várias estratégias:

  • jogos que levem ao contato sexual
  • suborno com doces ou presentes
  • persuasão, dizendo à criança que, a menos que ela concorde com o contato sexual, o abusador não gostará mais dela
  • troca de segredos, em que é dito à criança que ela é “um amigo/uma amiga especial”
  • força física – usada apenas quando as outras estratégias não funcionam.

O abuso sexual causa danos físicos, psicológicos e sociais, embora a vítima não mostre nenhum sinal visível destes efeitos. A vítima pode sofrer pelo resto da sua vida, se os efeitos do abuso não forem tratados de forma adequada.

Danos emocionais Embora geralmente não sejam tão graves quanto o abuso físico ou sexual, as pessoas também podem sofrer danos emocionais. Com freqüência, os membros familiares não estão cientes de que estão prejudicando a criança desta forma. Os seguintes tipos de comportamento podem causar danos a longo prazo na auto-estima e no bem-- estar de uma criança:

  • quando a criança não recebe apoio emocional através da afeição física pelo toque, palavras afetuosas, incentivo e interesse contínuo
  • quando a criança é sempre contestada, seus pontos de vista, negados, suas ações, rejeitadas e quando estão sempre sendo criticadas
  • quando são criadas expectativas não realistas de desempenho na escola ou no trabalho que a criança não consegue alcançar
  • quando a proteção ou a higiene excessivas exigem um alto desempenho da criança.

Este tipo de dano é pouco pesquisado ou compreendido e, muitas vezes, está ligado a outros tipos de abuso. A maioria das vítimas são crianças e mulheres, mas também os idosos.

Ajudando as vítimas 

O ideal seria que os casos de violência doméstica fossem tratados por profis-sionais, pois a ajuda inadequada pode causar ainda mais problemas. Entretanto, quando estes não estão disponíveis, os amigos que estiverem dispostos a escutar e oferecer apoio podem ajudar. Ter de testemunhar pode ser prejudicial para a vítima e, mais uma vez, recomenda-se a ajuda especializada, a fim de se mini-mizarem os danos. Quanto antes os maus-tratos forem identificados e resolvidos, maiores serão as chances de se evitar mais violência e de se tratarem as pessoas violentas com sucesso.

Como os não profissionais podem ajudar? 

A princípio, é importante escutar cuidadosamente a vítima e acreditar nela. A companhe-a a um departamento oficial para expor sua situação e ajude-a a procurar ajuda profissional. Geralmente as vítimas têm medo de procurar ajuda, porém, com este apoio, talvez elas o consigam fazer.

Nunca peça à vítima para ignorar ou esquecer o que aconteceu. Não se deve pedir às vítimas da violência para simplesmente perdoarem os que as maltrataram, principalmente se a violência ainda continua. A questão do perdão é entre a pessoa e Deus. Ao invés disso, é necessário que se acredite na vítima e que ela possa falar abertamente. A vergonha e a culpa estão entre os sentimentos mais comuns das vítimas da violência doméstica. Elas acham que ninguém as pode compreender. Nunca deixe a vítima pensar que você acredita que ela é culpada pelo que aconteceu.

Os adultos que desejam proteger as crianças e os adolescentes devem procurar sinais de violência e ajudá-los. Incentive-os a procurar ajuda e a conversar com alguém em quem possam confiar sobre o que está acontecendo. Em muitos casos, a criança está assustada demais para procurar ajuda.

Se houver suspeita de maus-tratos, não ignore. No interesse da vítima, investigue ou procure ajuda.

Arline Poubel e Silva é psicóloga e Facilitadora (Conselheira) Regional para o Brasil e o Cone Sul, Tearfund. E-mail: [email protected] Suzy da Silva Cyrillo é psicóloga e consultora da Tearfund. E-mail: [email protected]

Sugestões para as vítimas

Aqui estão algumas sugestões para segurança e proteção:

  • Esteja preparado para a violência e tenha um plano de ação. Por exemplo, corra para um canto e agache-se, protegendo o rosto e a cabeça, cobrindo-os com os braços e as mãos.
  • Não corra para onde seus filhos estão, pois eles podem acabar sendo feridos também.
  • Evite fugir sem os filhos, pois eles podem ser usados como chantagem emocional.
  • Ensine seus filhos a pedir ajuda e a fugir do lugar em caso de violência.
  • Evite ficar sozinho com a pessoa violenta em locais como a cozinha e o banheiro, onde há facas, objetos perigosos e pouco espaço.
  • Evite locais em que haja armas. Nunca tente usar uma arma para ameaçar a pessoa violenta, pois ela pode ser usada contra você.
  • Mantenha constantemente consigo informações sobre onde encontrar ajuda – principalmente números de telefone.
  • Descubra se há algum lugar seguro perto de sua casa, onde você poderia ficar até conseguir ajuda.
  • Prepare uma sacola de roupas e outros objetos essenciais para si próprio e para seus filhos e deixe-- a com um vizinho ou amigo, de maneira que esteja à sua disposição, se tiver de fugir de casa.
  • Mantenha cópias de documentos importantes num local seguro fora de casa.
  • Conte a outras pessoas em quem você confie sobre a situação. Combine com elas sinais para lhes avisar de que você está em perigo.
  • Se estiver ferido, vá para um hospital ou um posto de saúde. Se você esconder o fato de que é uma vítima de violência, ninguém poderá ajudá-lo.
  • Procure ajuda. Não se isole. Você não está sozinho, e há pessoas que podem ajudá-lo.

Apoio para famílias sob pressão

Idéias para ações que poderiam estender o papel de amor da igreja. A maioria delas enfatiza a necessidade de criar e fortalecer relações.

Assistência temporária oferece folgas organizadas para as famílias em que os pais estão passando por um stress grave, acham difícil lidar com a situação ou em que há crianças com dificuldades de aprendizagem ou físicas.

Aulas preparatórias para o matrimônio para preparar casais jovens para as mudanças que enfrentarão.

Eventos de apoio ao matrimônio, como aulas e grupos de discussão, para enriquecer e fortalecer os matrimônios.

Centros de encontros informais, como cafés organizados pelas igrejas, em que as pessoas podem fazer amizades, encontrar apoio e aconselhamento informais e obter ajuda para preencher formulários ou requerimentos.

Centros de abrigo para adolescentes grávidas que querem ter seus bebês, mas não podem permanecer com suas famílias.

Aulas de alfabetização para pais com poucas habilidades nesta área.

Esquemas de crédito e poupança para incentivar as pessoas com dificuldades financeiras a discutir suas preocupações e economizar pequenas quantias.

Abrigos para mulheres e crianças que estejam sofrendo violência doméstica

Treinamento em aconselhamento, para membros das igrejas, em orientação matrimonial e questões familiares.

Adaptado a partir de Crianças e o Desmembramento Familiar: Diretrizes para Crianças em Risco Volume 1, da Tearfund.

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