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Tag McEntegart. O Projeto PAX era um pequeno projeto de ensino sobre a construção da paz, iniciado pela CARE International em 1996, como parte do seu trabalho de reconstrução na Bósnia-Herzegovina e na Croácia, após o conflito ocorrido nesse local. A preocupação principal do Projeto PAX era promover e restabelecer comunidades saudáveis, pacíficas e reconciliadas por toda a Bósnia-Herzegovina.

2004 Disponível em Inglês, Francês, Espanhol e Português

Revistas Passo a Passo em francês, espanhol, português e inglês, espalhadas sobre uma mesa de madeira

De: Teatro para o desenvolvimento – Passo a Passo 58

O uso do teatro para incentivar a compreensão sobre diferentes questões comunitárias

Tag McEntegart.

O Projeto PAX era um pequeno projeto de ensino sobre a construção da paz, iniciado pela CARE International em 1996, como parte do seu trabalho de reconstrução na Bósnia-Herzegovina e na Croácia, após o conflito ocorrido nesse local. A preocupação principal do Projeto PAX era promover e restabelecer comunidades saudáveis, pacíficas e reconciliadas por toda a Bósnia-Herzegovina.

Alguns dos legados da guerra são as cicatrizes do trauma, que podem freqüentemente afetar várias gerações. A natureza destas cicatrizes variam de pessoa para pessoa e de grupo para grupo. O reconhecimento e a compreensão deste trauma representam uma parte necessária do ensino para a vida. Trabalhando através do teatro, o projeto usou estórias como uma maneira de ajudar as pessoas a explorarem suas vidas, seus traumas e as implicações destes. Como resultado desta nova compreensão, os estudantes foram auxiliados a cicatrizarem estas feridas.

O trabalho continua ainda hoje, porque as pessoas envolvidas quiseram mantê-lo vivo em seu trabalho diário. O projeto incluía tanto o ensino formal quanto o não formal, desenvolvendo materiais para uso nas salas de aula, com clubes juvenis e com grupos comunitários. Os princípios usados neste projeto podem ser adaptados para vários tipos de situação.

O uso do teatro como a principal “ferra-menta” de ensino e aprendizagem foi uma nova abordagem. O trabalho introduziu situações diferentes com perguntas e problemas e, então, ajudou os participantes a chegarem às suas próprias respostas e soluções.

Uma pessoa, com habilidades no uso da dramatização participativa como ferramenta didática, trabalhou com os professores locais para desenvolver um manual de aulas para escolas. Estas baseavam-se no currículo bósnio e asseguravam que as aulas seguiriam as matérias, a duração e as diretrizes de ensino necessárias. Isto ajudou os professores a obterem permissão para tomar parte no projeto e também facilitou para que o trabalho fosse oficialmente aceito. Foi introduzida uma forma de pensar nova e criativa através da mudança na abordagem de ensino e aprendizagem. O modelo normal, nas escolas bósnias, baseava-se na “memorização dos fatos”. O novo modelo, porém, incentivava os alunos a aprende- rem a usar a imaginação e a realizarem tarefas práticas. Isto mudou a forma como os alunos aprendiam, passando de recipientes passivos para participantes ativos. Os alunos mostraram melhorias na sua saúde emocional e social, assim como um progresso educacional significativo.

O manual foi chamado No Jardim da Imaginação: Semeando um Futuro de Paz, o qual, no final do projeto, foi oficialmente autorizado pelo Ministro da Educação para uso nas escolas da Bósnia-Herzegovina.

Foram realizados seis encontros de treinamento, com 350 professores, além dos 60 professores que participaram da criação do manual. Entre estes, foram recrutados voluntários para compartilhar o programa com seus colegas. Cada voluntário concordou em introduzir o manual e sua metodologia para, no mínimo, seis outros colegas. Desta forma, mais 1.200 professores e 6.000 alunos foram alcançados pelo projeto.

Como o processo funciona? 

São desenvolvidos três aspectos para cada aula:

  • uma estória que desenvolverá o tema da aula
  • papéis que permitam ao professor e aos alunos participarem das tarefas práticas estabelecidas
  • preparação de materiais simples a partir de materiais do dia-a-dia à disposição do professor, para ajudar os alunos a compreenderem novas idéias.

O Julgamento da Raposa é um exemplo prático usado numa classe de crianças de 8 a 9 anos (veja o quadro).

Vantagens e princípios 

A abordagem PAX trabalha a partir das habilidades naturais, da confiança e da energia das crianças para brincar, rimar, fazer jogos com palavras, narrar estórias, adivinhar, cantar e dançar. Esta abordagem é muito diferente da abordagem normal, que as incentiva a aprenderem as coisas de cor, repetindo informações e seguindo instruções complicadas, o que, muitas vezes, faz com que as crianças se sintam inadequadas.

A abordagem PAX acredita que:

  • O que ouvimos, esquecemos.
  • O que vemos, lembramos.
  • O que fazemos, compreendemos.

O Julgamento da Raposa

Uma aula para crianças de 8 a 9 anos, baseada num conto folclórico local, com o objetivo curricular de compreensão da língua bósnia. O outro objetivo do Projeto PAX era examinar as implicações do desejo de vingança.

A estória
Os alunos imaginam o cenário como uma clareira na floresta, onde todos os animais estão reunidos para uma reunião de emergência do Conselho Florestal.

Os alunos desempenham os papéis dos animais, tais como cobras, raposas, pássaros e outros, inclusive humanos. O papel do professor é o da velha coruja sábia, Presidente do Conselho Florestal.

Cenário para a dramatização
A dramatização começa exatamente quando o humano está para bater na cobra com um pau. As raposas decidiram que a cobra precisa ser castigada. A velha coruja sábia voa até eles e evita o ferimento ou a morte da cobra. Ela, então, convoca todos os animais e humanos que vivem na floresta, para uma reunião de emergência do Conselho para considerarem o caso. Eles devem considerar as implicações da ameaça da cobra para a vida dos pássaros e dos humanos. Eles também devem considerar as conseqüências para a vida da cobra, se baterem nela com um pau.

O Conselho tem de considerar sua opinião sobre várias questões antes de chegar a uma decisão.

  • Como os pássaros se sentem quanto à entrada da cobra nos seus ninhos?
  • Como os humanos se sentiram quando a cobra ameaçou mordê-los?
  • Como as cobras reagirão, se um parente for morto?
  • O que estas ações significarão para a paz e a futura segurança no bosque?
  • Uma das raposas já julgou e decidiu que a cobra deve ser castigada. O Conselho chegará a uma decisão diferente? Que recomendações ele fará para proteger e aumentar a segurança na floresta?

Materiais visuais úteis

  • um pau
  • uma cobra feita com um círculo de jornal cortado em espiral, com a cabeça presa a um pau
  • um xale ou uma manta para representar as asas da velha coruja sábia. 

Tag McEntegart é Professora do Centro para Desenvolvimento e Treinamento Internacional (Centre for International Development and Training) da Universidade de Wolverhampton, no Reino Unido. Ela trabalhou com o Projeto PAX por mais de quatro anos, desenvolvendo o manual In the Garden of the Imagination – Sowing the Seeds of a Peaceful Future, em 1999, com o Centro para o Teatro e a Educação, na Bósnia-Herzegovina. Não existem mais exemplares impressos do manual. Entretanto, para obter mais informações sobre o projeto ou o manual, Tag pode ser contactada através do CIDT, University of Wolverhampton, Priorslee, Telford, TF2 9NT, Reino Unido. E-mail: [email protected]

Estudo de caso - Estragos causados por elefantes

Uma aula para crianças de 6 a 7 anos baseada numa discussão entre um elefante e um rato. O elefante come e estraga a maior parte do campo de milho do rato. Os alunos dramatizam esta situação, enquanto o professor desempenha o papel da raposa, que tem a função de julgar o conflito. A velha raposa pede conselhos aos alunos nos seus papéis, de elefantes e de ratos. Eles discutem o que aconteceu e o que deve ser feito no futuro para evitar incidentes como este.

Estudo de caso - Fortalecimento dos pés das crianças

Esta nova abordagem ao ensino foi usada para uma aula de educação física na República Srpska, com crianças de 8 a 9 anos. O objetivo da aula era “Caminhar para fortalecer os pés das crianças.” Geralmente esta aula seria realizada num playground, com as crianças marchando para cima e para baixo em filas, como num exército, e com o professor mantendo a ordem. Devido ao mau tempo, a aula foi realizada dentro da sala de aula, com as mesas empurradas para os lados. O professor fez cada exercício e incentivou as crianças a usarem a sua imaginação. Elas tinham que:

  • imaginar que estavam carregando um fardo pesado nas cabeças
  • caminhar como bailarinos
  • caminhar como um viajante contra o vento
  • caminhar como um elefante e uma girafa em duplas
  • caminhar como uma centopéia em conjunto
  • fingir que eram chafarizes em grupos
  • caminhar como modelos de moda.

Cada exercício foi transformado em peça, e as crianças adoraram sua aula de educação física. O que normalmente era um exercício militar foi transformado numa aula em que as crianças, juntamente com seu professor, imaginaram as alegrias de viver.

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