Foram criados clubes de saúde com o objetivo de ensinar sobre a saúde e realizar atividades divertidas com as mulheres e crianças afetadas pelo conflito. Os clubes situados na fronteira com o Chade também incluem povos nômades, com muito pouco acesso a qualquer tipo de educação e muito interesse em aprender sobre a boa higiene. Há clubes femininos, com um total de 14.000 mulheres, e clubes infantis, com 65.000 crianças por toda a região de Darfur. A fim de se enquadrarem nas rotinas diárias das mulheres e permitir acesso para as poucas crianças que freqüentam a escola, os clubes tendem a realizar encontros de manhã cedo, duas vezes por semana.
Cada clube é administrado por um grupo de facilitadores locais voluntários. Os clubes infantis também têm um “incentivador” em cada grupo, com cerca de 50 crianças. O incentivador é uma criança que guia as outras crianças e promove a higiene através do exemplo.
Os clubes femininos oferecem uma oportunidade para a socialização e a discussão sobre como garantir que as mulheres e suas famílias se mantenham saudáveis. Vários métodos são usados para informar e discutir sobre a saúde. Por exemplo, pular ao ritmo de uma música faz parte da cultura de uma das tribos locais. Assim, as mulheres gostam de pular ao ritmo de várias canções e rimas sobre a higiene.
Os clubes infantis realizam uma série de atividades ligadas à saúde, como o uso de marionetes, histórias, canções, flanelógrafos, desenhos, teatro, pular corda ao som de rimas e jogos. Uma das atividades participativas é a “tabela de pontos” em que se faz uma pergunta às crianças, tal como “com que freqüência você lava as mãos?” As diferentes opções de resposta são desenhadas com uma vara no chão. As crianças usam uma pedra para marcar sua resposta. Depois, comparam a sua resposta com as das outras crianças. As respostas podem ser registradas, e a atividade pode ser repetida depois de algum tempo, para ver como o comportamento em relação à saúde está mudando.
Costuma ser mais difícil ensinar os homens sobre a higiene do que as mulheres e crianças, pois eles acham que já estão bem informados sobre o assunto e não gostam muito dos métodos usados nos clubes femininos, como cantar canções. Às vezes, eles aprendem em encontros comunitários e também nas visitas às famílias, que é outro elemento do programa. Alguns homens se ofereceram para participar do programa como facilitadores nos clubes infantis.
Visitas domiciliares
Os visitantes visitam as famílias do local para ensiná-las sobre a higiene e auxiliá-las a colocarem em prática o que estão aprendendo nos clubes. Às famílias vulneráveis é oferecido apoio adicional, como, por exemplo, a identificação de crianças subnutridas para o programa de nutrição. Os visitantes são treinados para oferecer apoio psicológico às famílias quando necessário.
O visitante verifica se a latrina está limpa e bem mantida, e se há água e sabão ou cinzas para lavar as mãos. Se a inspeção for bem-sucedida, o visitante coloca uma bandeirinha do lado de fora da latrina para mostrar aos vizinhos que ela é bem cuidada. Na próxima visita, se a inspeção não for bem-sucedida, o visitante retira a bandeirinha. Este método simples está sendo excelente para motivar as pessoas a cuidarem das suas latrinas, embora funcione melhor quando a latrina é usada por uma só família, ao invés das latrines compartilhadas. Assim, a Tearfund está tentando providenciar mais latrinas familiares individuais. Este método também está empoderando os visitantes, pois a presença das bandeirinhas mostra o fruto do seu trabalho na educação das famílias.
Treinamento de voluntários
Os facilitadores, incentivadores e visitantes recebem treinamento mensalmente. O conteúdo do treinamento é decidido pelos próprios voluntários. Por exemplo, durante a estação das mangas, eles podem pedir treinamento sobre lavar as mãos e a diarréia, pois é muito provável que as pessoas colham e comam as mangas sem lavá-las ou lavar as mãos. No inverno, os voluntários podem pedir treinamento sobre resfriados.
Os voluntários são treinados quanto ao que ensinar sobre a higiene e vários métodos sobre como transmitir estes ensinamentos. Alguns dos facilitadores não sabem ler, assim, são fornecidas figuras para ajudá-los a se lembrarem das diferentes atividades que podem usar com a comunidade.
Distribuição de sabão
As Nações Unidas contratou a Tearfund para distribuir sabão nas comunidades de Darfur. Esta distribuição foi incorporada ao programa de saúde. Há três métodos de distribuição de sabão: