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‘‘Eu não queria ser líder’’

O terremoto ocorrido no Haiti em 12 de janeiro de 2010 causou uma devastação geral. Enquanto as pessoas vagavam pelas ruas, desabrigadas, com fome e aterrorizadas, líderes naturais surgiram entre os sobreviventes.

2011 Disponível em Inglês, Francês, Português e Espanhol

A boa liderança cria grupos fortes. Geoff Crawford/Tearfund

De: Liderança – Passo a Passo 84

Considera as perguntas “O que é um líder?” e “O que é a boa liderança?”

O terremoto ocorrido no Haiti em 12 de janeiro de 2010 causou uma devastação geral. Famílias e comunidades foram destroçadas. Enquanto as pessoas vagavam pelas ruas, desabrigadas, com fome e aterrorizadas, líderes naturais surgiram entre os sobreviventes. Estes novos líderes mobilizaram as pessoas para se concentrarem nas suas famílias e nas necessidades imediatas ao invés de em tudo que haviam perdido.  

Ernst Orelien, de 32 anos, foi uma dessas pessoas que assumiram a responsabilidade e começaram a ajudar as pessoas que mais estavam sofrendo.

“Minha família estava bem, e minha casa continuava em pé, mas eu me mudei para o terreno da escola, com todas as outras pessoas que haviam perdido sua casa para poder começar a ajudá-las.”

Ernst mudou-se para um abrigo temporário com alguns de seus amigos e começou a correr pelas ruas de Porto Príncipe, procurando materiais para construir abrigo e comida para as duzentas famílias acampadas no terreno de uma escola.

Ele entrou em contato com todas as grandes organizações de assistência internacional, pedindo-lhes suprimentos de lona impermeável, alimentos, recipientes para carregar água, potes e panelas – todas as coisas das quais as pessoas precisam depois que um desastre destrói todos os seus pertences.

“Eu não queria ser líder porque a tarefa de liderar pessoas exige muita habilidade, e você precisa saber como vai fazer isso.”

Ele sabia que liderar significava tomar medidas práticas e fazer o trabalho difícil quando as pessoas à sua volta não podiam fazer nada por si próprias.

“Não gosto de prometer e não cumprir. As pessoas não queriam palavras no início: elas queriam ação.”

Ernst trabalhou incansavelmente pelas pessoas da sua comunidade e, seis meses mais tarde, continua fazendo o mesmo trabalho. Ele diz que é mais difícil agora, pois as pessoas aceitam o fato de que as coisas nunca serão as mesmas novamente.

“Temos de ser otimistas. Deveríamos ter mais pessoas cometendo suicídio e enlouquecendo no Haiti agora, mas isto não ocorreu porque temos esperança.”

E esperança é o que ele infundiu nesta comunidade. Apesar da sua tenra idade, eles começaram a chamá-lo de Papy, que significa pai. Ele abandonou tudo para estar ao lado das pessoas quando elas mais precisaram dele. Uma das senhoras do acampamento disse que não teria sobrevivido sem ele, e a qualquer lugar que vamos, as mulheres e as crianças cumprimentam-no e chamam por ele. Ele é o alicerce desta comunidade, e todos aqui sabem que podem contar com ele.

“Cresci muito com esta experiência, e ela me ensinou que, se você planejar algo em grupo, terá de trabalhar em conjunto para alcançá-lo. Ao invés de depender das pessoas com autoridade, tivemos que assumir a responsabilidade nós mesmos. Todo o haitiano tem de participar da reconstrução do Haiti. Eu jamais diria que não há esperança.”

Lynsey Pollard é a Coordenadora de Comunicações para o Haiti da Tearfund. Ela se encontrou com Ernst Orelien e entrevistou-o durante uma visita ao Haiti em meados de 2010.



Ernst Orelien em sua casa perto do Parc Chrétien, Haiti. Richard Hanson/Tearfund

Ernst Orelien em sua casa perto do Parc Chrétien, Haiti. Richard Hanson/Tearfund

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