Em 2002, a ONG local Ayo Indonesia começou a promover a agricultura sustentável com o grupo de agricultores ‘Suka Maju’ em Meni, no povoado de Golo Ngawan, distrito de Manggarai Leste, na ilha de Flores, Indonésia. Foram-lhes apresentadas novas idéias sobre a conservação de terras e a agrossilvicultura para aumentar a produtividade da terra.
As pessoas começaram a plantar árvores da família das leguminosas e culturas comerciais, e foram criados também alguns viveiros de árvores. No início, apenas 16 agricultores entraram para o programa, pois a maioria dos agricultores de Manggarai não gosta de seguir uma atividade sem ver bons resultados primeiro. Os 16 membros do grupo foram desafiados a provar que era possível fazer uma mudança real.
O programa de agrossilvicultura visa:
- aumentar a produtividade da terra
- proteger o meio ambiente local
- garantir a segurança alimentar
- produzir uma renda extra.
O programa consiste no plantio de vários tipos de culturas comerciais (cacau, banana, mogno, cravo-da-índia e Gmelina arborea), árvores da família das ervilhas e culturas alimentares em terras terraceadas, com um padrão de plantio específico para cada tipo de cultura. No lado interno da terra, são plantadas culturas comerciais e alimentares. No lado externo, são plantados calliandra, mogno e Gmelina arborea, com um espaço de plantio de 3 x 4 metros entre cada árvore. A calliandra é importante, pois ela pode melhorar a fertilidade da terra e pode ser usada como lenha pelas famílias (veja a página 3). A calliandra deve ser podada regularmente. Quando enterradas, as podas servem como fertilizante adicional.
Depois de oito anos de trabalho árduo, os agricultores agora colhem os frutos do sucesso. Todas as árvores que foram plantadas são muito produtivas. Todos os membros têm uma renda média extra de 1,66 milhões de rúpias indonésias (US$ 185) por ano proveniente da agrossilvicultura.
O agricultor mais bem-sucedido é Rofinus Nafir, de 42 anos e pai de quatro filhos. Ele conta como a agrossilvicultura pode melhorar a vida familiar: “Antes de entrar para o programa de agrossilvicultura, eu ganhava a vida trabalhando como diarista em projetos de infra-estrutura governamentais ou capinando as terras de outras pessoas. Minha renda era muito pequena e nunca dava para pagar as contas domésticas. Agora eu consigo ganhar 9,7 milhões de rúpias indonésias (US$ 1.066) num ano. Minha renda triplicou. Estou muito contente com o sucesso e decidi usar o jardim da frente da minha casa como viveiro de culturas comerciais e várias mudas de árvores, como cacau, Gmelina arborea e mogno, para aumentar ainda mais a minha renda. Estou usando o dinheiro para pagar a educação dos meus filhos e construir uma casa conveniente para a minha família.”
Agora, depois de ver a melhora na vida de Rofinus e de sua família, muitos agricultores ficaram motivados e começaram a imitar o trabalho árduo de Rofinus. Eles usam as técnicas de agrossilvicultura que ele ensina nas sessões de treinamento ou motivação para novos grupos de agricultores.
O que aprendemos
- A agrossilvicultura aumenta a produtividade da terra sem requerer dinheiro e materiais de fora da área local.
- A agrossilvicultura evita o desmoronamento de terras e a erosão e aumenta a quantidade de água absorvida pelo solo na estação das chuvas.
- A agrossilvicultura garante a segurança alimentar e renda para os agricultores.
- Para motivar novos agricultores a participarem dos programas, eles precisam ver casos bem-sucedidos de outros agricultores.
- A agrossilvicultura reduz a pobreza.
Richard Roden
Yayasan Ayo Indonesia
Kotak Pos 149
Ruteng, Flores, Indonésia
E-mail: [email protected]
Consulte a página de Recursos para encontrar fontes de informações sobre agrossilvicultura, inclusive o banco de dados da Agroforestree.
Prevenção de incêndios
Um corta-fogo é um pedaço de terra de onde é retirado qualquer possível combustível para um incêndio, inclusive raízes secas subterrâneas, pois os incêndios podem se alastrar por elas da noite para o dia. O corta-fogo deve evitar que o incêndio passe de um lado dele para o outro. Ele deve ter pelo menos um metro de largura, dependendo do tamanho da área e das árvores que estão sendo protegidas, e deve ser o mais reto possível. Um trabalhador florestal local pode orientar sobre como prevenir incêndios descontrolados.
Incêndio florestal iniciado em Honduras por um agricultor local que não manteve uma distância larga o suficiente entre as suas terras e a floresta na encosta de uma colina ao usar técnicas de queimada. Foto: Geoff Crawford/Tearfund