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Reconciliação – contando uma história diferente
Philbert Kalisa cresceu no exílio, no Burundi, antes de fazer treinamento como líder de igreja. Desde a época do genocídio, quando muitas pessoas foram mortas num conflito entre duas tribos, os hutus e os tutsis, ele tinha a visão de levar a reconciliação ao país dos seus pais – Ruanda.
2012
Disponível em Inglês, Francês, Português e EspanholDe: Estigma – Passo a Passo 86
Combate ao estigma através do diálogo e construção de relacionamentos
Um encontro comunitário em Ruanda. Geoff Crawford
Philbert Kalisa cresceu no exílio, no Burundi, antes de fazer treinamento como líder de igreja. Desde a época do genocídio, quando muitas pessoas foram mortas num conflito entre duas tribos, os hutus e os tutsis, ele tinha a visão de levar a reconciliação ao país dos seus pais – Ruanda.
Porém, depois de muitos anos de treinamento, esperança e oração, esperando por uma oportunidade para realizar encontros de treinamento sobre a construção da paz em Ruanda, parecia que o primeiro destes encontros iria fracassar.
No primeiro encontro de 60 líderes de igrejas, as tensões causadas pela tentativa de discutir experiências do conflito, do genocídio e suas conseqüências eram tão grandes que doze policiais tiveram de ficar de guarda, vigiando o grupo o dia inteiro.
Alguns dos líderes tinham enviuvado por causa do conflito. Muitos dos líderes ficaram zangados e começaram a se chamar de “facão” (um tipo de faca grande usada para matar e mutilar pessoas durante o genocídio). Durante o intervalo, os hutus e os tutsis foram para locais separados e não se falaram.
Philbert lembra-se do que aconteceu depois:
“Eu estava tentando decidir o que fazer e vi que estava ao lado de um hutu. Perguntei a ele: ‘O que você acha? Devemos parar?’
Ele disse que entendia a raiva dos tutsis, pois os hutus os haviam matado, mas disse: ‘Nem todos nós éramos assim. Eu recebi refugiados tutsis na minha própria casa e os escondi dos meus filhos.’
Um dos tutsis que tinha ficado com ele estava no encontro. Ele era pastor.
Pedi aos dois que contassem a história para todos. Depois de contarem a história, o tutsi disse: ‘Estou vivo por causa deste homem.’ Os dois homens abraçaram-se, e a tensão na sala foi superada.
Os hutus e os tutsis começaram a compreender que havia pessoas em ambos os grupos que faziam coisas boas e que nem todos eram maus. Isto foi uma benção, e começamos a cantar e a louvar a Deus.
Conversamos sobre perdão e reconciliação. Os dois homens tornaram-se pioneiros, e passei a levá-los comigo sempre que fazia o treinamento com outros grupos.”
Philbert e sua equipe realizam encontros de treinamento sobre a construção da paz e, depois, pedem às comunidades para encontrarem pessoas que queiram estabelecer um grupo de união e dar continuidade às conversas.
O Reverendo Philbert Kalisa foi entrevistado por Katie Harrison, Chefe de Mídia da Tearfund.
REACH Rwanda
PO Box 6396
Kigali
Ruanda
www.reach-rwanda.org
Discussão
Philbert descobriu que uma forma de superar o estigma resultante de conflito entre grupos é contar histórias pessoais que superem as generalizações e o preconceito.
- Dêem um exemplo de quando a sua opinião sobre uma pessoa – ou grupo de pessoas – tenha mudado depois de ouvir uma história positiva.
- Pensem em maneiras de contar histórias positivas. Há alguma história que vocês possam contar que ajude a reconciliar as pessoas? Onde vocês contarão a história? No mercado, na igreja, para a sua família?
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