Quando minha esposa e eu decidimos nos casar, ainda éramos estudantes. Assim, tivemos que encontrar um trabalho que colocasse comida na mesa e um teto sobre nossa cabeça. Por fim, encontramos trabalho como responsáveis pelos alunos de uma escola para crianças com deficiência auditiva e deficiência intelectual. Esse foi um trabalho que mudou nossa vida para sempre.
Novo desafio
Ao voltarmos da nossa lua de mel, tivemos que cuidar de quatro meninos em nossa casa e, às vezes, cuidávamos de até 20 crianças no centro onde morávamos. Essas crianças não eram apenas surdas (e, nesse caso, não falavam), mas sua idade intelectual era entre dois e sete anos, apesar da sua idade física ser entre cinco e dezessete.
Para tornar a situação ainda mais difícil, havia várias crianças com deficiências físicas e várias formas de autismo. Elas vinham de contextos muito pobres e negligenciados. Em muitas partes do mundo, elas poderiam ter sido mortas ao nascerem, abandonadas ou negligenciadas a ponto de poucas terem passado dos primeiros cinco anos de vida.
Algumas das crianças tinham situações familiares difíceis. Não é fácil imaginar pessoas mais vulneráveis no mundo do que as crianças que vivem com esses tipos de deficiência. A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança defende os direitos à vida, à sobrevivência, ao desenvolvimento, à proteção e à participação das crianças que vivem com deficiência, mas esse princípio nem sempre se reflete na prática. Portanto, o que os cristãos devem fazer?
Orientação do Evangelho
Antes de começarmos o trabalho, minha esposa e eu lemos Mateus 25:34-46. Percebemos que essas crianças poderiam ser aquelas sobre as quais Jesus falou no versículo 40: “Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram”.
O desafio específico para nós era que acreditamos firmemente em Mateus 28:19-20 e colocamos essa passagem em prática: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”.
Tomávamos parte em quase todas as iniciativas evangelísticas – na rua e na praia, de porta em porta e em centros de reabilitação. Mas como transformar em discípulos crianças que não conseguiam ouvir o que dizíamos, muito menos o que tentávamos explicar?
Tentamos explicar o Evangelho com álbuns seriados, mas esses eram difíceis para elas entenderem. Então decidimos fazer o que Jesus disse nos versículos 35 e 36 – mostramos o amor de Deus por elas dando-lhes comida e água, vestindo-as e cuidando delas quando adoeciam ou precisavam de consolo.