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Violência sexual e de gênero: o que pode ser feito?

Como podemos acabar com a violência sexual e de gênero e oferecer apoio às sobreviventes?

Escrito por Veena O'Sullivan 2019 Disponível em Inglês, Francês, Português e Espanhol

Capacitar economicamente as mulheres pode ajudar a reduzir sua vulnerabilidade à VSG. Foto: Tom Price/Tearfund

Capacitar economicamente as mulheres pode ajudar a reduzir sua vulnerabilidade à VSG. Foto: Tom Price/Tearfund

Uma sobrevivente da violência sexual e de gênero com um lenço estampado com bolinhas na cabeça, olhando para longe

De: Violencia sexual e de genero – Passo a Passo 106

Ideias de como podemos pôr fim à violência sexual e de gênero e prestar apoio holístico às sobreviventes

A violência sexual e de gênero (VSG) ameaça os direitos humanos, a segurança e a dignidade de milhões de indivíduos afetados. Ela também tem efeitos negativos sobre a saúde pública e a segurança das comunidades em que ela ocorre.

o problema

VSG é a violência dirigida contra qualquer pessoa com base em seu sexo ou gênero, sendo que sexo se refere às diferenças biológicas entre homens e mulheres, e gênero se refere às ideias da sociedade sobre o que significa se comportar como homem ou mulher. A VSG inclui a violência física, sexual, verbal e psicológica. 

A VSG afeta uma em cada três mulheres em todo o mundo, enquanto um em cada 33 homens sofre VSG. Ela está, portanto, intimamente ligada à violência contra as mulheres. As relações de poder desiguais e as diferenças de posição social entre homens e mulheres são o principal motivo da VSG. 

Muitas pessoas associam violência sexual à guerra e ao conflito armado. A violência sexual nos conflitos é um desafio fundamental, e precisamos garantir que todos os esforços sejam feitos para evitar essa brutalidade. Isso inclui levar os agressores à justiça e desenvolver programas para responder à VSG desde o início. Mas, embora o grau de violência sexual aumente durante a guerra e o conflito, não devemos esquecer que ela ocorre em tempos de paz também – em lares, escolas, locais de trabalho e na comunidade em geral. É importante saber que a maior parte da violência contra mulheres e meninas é cometida por um parceiro íntimo – alguém com quem elas têm ou tiveram um relacionamento romântico.

o que pode ser feito para prevenir a vsg?

A VSG é um resultado do problema e da dor dos relacionamentos rompidos. A prevenção é possível, mas requer uma mudança de sentimento, de mentalidade e de comportamento. 

O silêncio é um obstáculo para acabar com a VSG. Precisamos ser capazes de falar sobre ela e entender que o estigma e a falta de apoio mantêm as sobreviventes em silêncio, o que, por sua vez, aumenta sua vulnerabilidade. Para criar comunidades seguras, precisamos trabalhar juntos nos setores social e de educação, saúde e justiça. Isso deve incluir os líderes em todos os níveis. Quando as sobreviventes são fortalecidas e organizadas, elas também podem atuar como uma força poderosa para a mudança. 

Também precisamos garantir que os nossos governos se posicionem contra a violência, assinando leis internacionais fundamentais, desenvolvendo sistemas que apoiem as sobreviventes e garantindo que os agressores não escapem à punição. As leis precisam ser apoiadas por processos adequados, que possam colocá-las em prática. Nossos próprios líderes devem atuar como modelos de como respeitar e tratar as mulheres.

É importante envolver os homens e meninos na prevenção da VSG. Foto: Cally Spittle/Tearfund

É importante envolver os homens e meninos na prevenção da VSG. Foto: Cally Spittle/Tearfund

Qual é o papel das comunidades religiosas?

As comunidades religiosas têm um papel vital e urgente a desempenhar tanto na prevenção como na resposta à VSG. Para prevenir a VSG, precisamos mudar normas sociais prejudiciais – as regras não escritas que moldam os valores, as atitudes e os comportamentos das pessoas. Os grupos religiosos têm uma influência considerável sobre as normas sociais e as práticas tradicionais. Eles também são os que frequentemente fornecem os serviços de educação e saúde nas comunidades locais e podem ativamente buscar maneiras de alcançar as sobreviventes da VSG. 

As sobreviventes que ouvimos sempre pediam que a igreja e seus líderes se manifestassem e oferecessem cuidados e compaixão. Os líderes da igreja precisam entender que a VSG ocorre na igreja também. Eles devem defender os mais vulneráveis, acabando com o estigma e a discriminação e defendendo a necessidade de apoio e justiça das sobreviventes. 

Há muitas coisas práticas que as igrejas (e outras organizações) locais podem fazer:

  • Educarem-se sobre a VSG e falar sobre ela abertamente em sermões e reuniões, abordando ideias prejudiciais sobre gênero a partir de uma perspectiva teológica e cultural. 
  • Prestar serviços como aconselhamento e cuidados de saúde ou acompanhar as sobreviventes ao acessarem esses serviços. 
  • Criar espaços seguros para as mulheres falarem abertamente sobre a VSG. Os grupos de apoio para mulheres podem ser uma abordagem poderosa. 
  • Incentivar os membros da comunidade local a formar um grupo de ação para prestar apoio contínuo às sobreviventes (veja Grupos de ação comunitária). 
  • Criar fundos de emergência para apoiar mulheres em crise. 
  • Investir no empoderamento das mulheres, inclusive em atividades de geração de renda, para que elas não se sintam forçadas a viver com os autores da VSG para suprirem suas necessidades básicas. 
  • Mobilizar homens para atuarem como defensores dos direitos das mulheres e meninas. 
  • Defender e promover direitos junto às autoridades locais para garantir que as sobreviventes sejam tratadas com compaixão, cuidado e justiça.

O que os indivíduos podem fazer?

Enquanto indivíduos, é importante não nos sentirmos impotentes para fazer alguma coisa quanto à VSG. Há muitas coisas que podemos fazer para prevenir e responder ao problema: 

  • Entender que toda comunidade, seja ela rica ou pobre, é vulnerável à VSG. 
  • Começar com os jovens. Trate os meninos e as meninas como tendo igual valor, dando-lhes o mesmo acesso à educação e a outras oportunidades. 
  • Tornar a violência inaceitável! Diga às pessoas que você se opõe à violência contra as mulheres e meninas. 
  • Incentivar os homens e as mulheres a conversar sobre o respeito mútuo. Certifique-se de que as pessoas reconheçam que é importante envolver os homens e meninos. 
  • Certificarmo-nos de que as pessoas saibam aonde ir para procurar ajuda.

A VSG pode ser prevenida. Todos nós devemos fazer nossa parte para acabar com ela. Podemos começar quebrando nosso silêncio, iniciando conversas em nossos lares, locais de trabalho e locais de adoração. Precisamos atuar como modelos da mudança que queremos ver e inspirar os outros a fazer o mesmo.


O que causa a violência contra as mulheres?

por Arlene August Burns

Um homem pode dar muitas desculpas para machucar uma mulher – que ele estava bêbado, que perdeu o controle ou que ela “merecia”. Mas um homem decide usar a violência porque é uma forma de obter o que necessita ou o que acha que merece por ser homem. O poder e o controle são motivos fundamentais para a violência contra as mulheres. Os relacionamentos violentos ou abusivos frequentemente ocorrem quando uma pessoa tem mais poder sobre a outra. 

Um homem pode tentar obter poder sobre uma mulher de diversas formas. A violência física (bater, dar tapas, chutar, etc.) é apenas uma delas. Outros tipos de violência contra as mulheres são: 

Abuso emocional: O homem insulta a mulher, humilha-a ou faz com que ela pense que está ficando louca. 

Abuso sexual: O homem obriga a mulher a realizar atos sexuais que ela não quer ou agride fisicamente as partes sexuais de seu corpo. Ele a trata como um objeto. 

Controle do dinheiro: O homem tenta impedir que a mulher consiga um emprego ou ganhe seu próprio dinheiro. Ele a faz pedir o dinheiro que necessita. Ou ele pode forçá-la a trabalhar e depois tira o dinheiro que ela ganha. 

Isolamento: O homem controla tudo o que a mulher faz: quem ela vê, com quem ela fala e aonde ela vai. 

Ameaças: O homem usa um olhar, ação ou tom de voz para ameaçá-la, fazendo com que a mulher fique com medo de que ele a machuque. 

Usar as crianças: O homem usa os filhos para fazer a mulher se sentir culpada ou para machucá-la.

Adaptado a partir de Where women have no doctor, escrito por Arlene August Burns. Acesse www.hesperian.org para comprar um exemplar ou baixe o livro gratuitamente.


We Will Speak Out é uma coalizão global de organizações cristãs que trabalham para acabar com a violência sexual e de gênero (VSG). Ela produziu essa promessa para aqueles que quiserem se comprometer com o fim da VSG. Você pode usá-la enquanto indivíduo ou com sua igreja ou organização.  

Reconhecemos nossa incapacidade de responder adequadamente à violência sexual e de gênero e nossa responsabilidade pela marginalização das pessoas que sofrem suas consequências devastadoras. Reconhecemos que responder à VSG é essencial em nosso trabalho, em nossas comunidades e em nosso mundo. Comprometemo-nos a fazer o máximo para abordar a VSG em nossos contextos com o objetivo de, juntos, acabarmos com ela em todas as suas formas. 

Assim…

Nós ergueremos nossa voz.

Nós não nos calaremos mais.

Nós nos uniremos em solidariedade para com os mais vulneráveis e prejudicados.

Nós nos dedicaremos a encontrar soluções duradouras, mobilizando lideranças em todos os níveis.

Nós promoveremos leis que representem, protejam e promovam a justiça e que possibilitem relações saudáveis, e confrontaremos as que não o fizerem.

Nós trabalharemos para assegurar que essas leis sejam cumpridas. Nós nos comprometemos a agir juntos para que as meninas, mulheres, meninos e homens fiquem livres das ameaças e do impacto da VSG no mundo inteiro.

Se desejar assinar a promessa da We Will Speak Out, acesse www.wewillspeakout.org/pledge

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Escrito por

Escrito por  Veena O'Sullivan

Veena O’Sullivan lidera o trabalho de VSG e construção da paz da Tearfund. Site: www.tearfund.org/sexualviolence E-mail: [email protected]

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