Pular para o conteúdo Ir para o consentimento do cookie
Pular para o conteúdo

Guias e ferramentas

Da ajuda humanitária à resiliência

Adoção de uma abordagem integrada para a mitigação e preparação para desastres na Índia

Escrito por Samson Christian e Joylin Niruba 2024 Disponível em Inglês, Espanhol, Português e Francês

A large group of Indian women dressed in colourful saris stand around the edges of a small courtyard. On the clay floor they have drawn a map of their community using coloured chalk.

Mulheres em Bihar desenhando um mapa para ajudá-las a identificar quais partes da sua comunidade correm maior risco de inundação e o que pode ser feito a respeito

Duas mulheres nepalesas vestidas com roupas tradicionais em cores vivas, enchendo recipientes grandes com cereais, enquanto um grupo de mulheres da sua comunidade as observa. Uma montanha grande e íngreme, com algumas casas aparecendo por trás.

De: Redução do risco de desastres - Passo a Passo 122

Como desenvolver a resiliência individual e comunitária para que a probabilidade de desastres seja menor

Vastos campos de arroz e milho estendem-se até onde a vista alcança, submersos na água. As tendas improvisadas nas estradas são o único refúgio. As famílias amontoam-se e as mães racionam os poucos alimentos que têm para encher o estômago dos filhos. Os homens procuram caminhos seguros pelas águas em caso de emergência. 

A cada monção, essa é a história dos povoados ao longo das margens do rio Kosi, em Bihar, no norte da Índia. Depois de cada inundação, leva muito tempo para as pessoas se recuperarem da perda devastadora de seus lares, colheitas e meios de vida, especialmente se elas já vivem em situação de pobreza. Muitas vezes, elas nem conseguem se recuperar totalmente antes de serem afetadas por outra inundação, o que torna muito difícil para elas melhorarem sua situação.

“Nos últimos anos, nosso trabalho foi  gradualmente mudando da ênfase na assistência humanitária para uma abordagem integrada que prioriza a prevenção de desastres e a resiliência.”

Abordagem integrada

Desde 1967, a EFICOR (The Evangelical Fellowship of India Commission on Relief) tem apoiado as pessoas afetadas por desastres a reconstruir sua vida. Ajudamos milhares de pessoas a restaurar terras para cultivo, restabelecer seus meios de vida e reconstruir casas. 

Mas, ao longo dos últimos anos, nosso trabalho passou de uma ênfase na ajuda humanitária para uma abordagem integrada, que dá prioridade à prevenção e resiliência aos desastres. Ajudamos as comunidades a se organizarem, analisarem sua situação e, depois, planejarem e implementarem atividades para reduzir o risco de desastres. Como resultado, elas estão se tornando mais capazes de lidar com as ameaças de desastres, como as inundações, e sofrendo menos perdas.

A tall bamboo pole raises out of the ground on the bank of a river. The bottom third is painted green, the middle third yellow and the bottom third red, giving those who see it a visual indication of how high water levels have risen.

Os postes de bambu pintados de verde (baixo risco de inundação), amarelo (risco médio de inundação) e vermelho (alto risco de inundação) ajudam as comunidades em Bihar, na Índia, a monitorar facilmente o aumento do nível de água e a evacuar a região, se necessário

Elementos-chave

Há vários elementos-chave cruciais para o sucesso da nossa abordagem.

1. Participação

Ao trabalhar com as comunidades é importante dedicar algum tempo para conhecê-las. Isso começa com ouvir, fazer perguntas e aprender sobre seus desafios, recursos e oportunidades. 

Depois que uma comunidade decide trabalhar conosco, procuramos garantir que todas as pessoas sejam incluídas nas discussões e nos processos de tomada de decisões, inclusive mulheres e homens de todas as idades, crianças e pessoas com deficiência. 

A edição da Passo a Passo sobre Comunicação Participativa sugere várias maneiras de ajudar a garantir que todos sejam incluídos.

2. Análise

O próximo passo é a comunidade analisar as ameaças de desastres que enfrenta (por exemplo, inundações) e as oportunidades que tem para reduzir o impacto dessas (por exemplo, criando rotas de evacuação e armazenando alimentos em terrenos mais elevados). Depois disso, elas podem começar a planejar antecipadamente e implementar medidas para reduzir o risco de desastres.

Utilizamos uma abordagem chamada de “Avaliação Participativa do Risco de Desastres”, que é explicada detalhadamente em Reduzindo o risco de desastres em nossas comunidades – um guia Roots.

3. Organização

As comunidades bem organizadas têm maior probabilidade de serem capazes de elaborar e implementar planos eficazes. Incentivamos cada comunidade a estabelecer um comitê de gestão de desastres e uma força‑tarefa.

  • Comitê de gestão de desastres: De oito a dez membros, incluindo representantes do governo local, pessoas com deficiência e o mesmo número de mulheres e homens. O objetivo do comitê é oferecer liderança e planejamento eficazes antes, durante e depois dos desastres.
  • Força-tarefa: Jovens entre 18 e 35 anos, selecionados pelo comitê de gestão de desastres. Os membros são treinados em técnicas de segurança e resgate e recebem equipamentos de sobrevivência, como megafones, lanternas, cordas e coletes salva-vidas. A força-tarefa é dividida em pequenos grupos e cada grupo tem uma função específica: alerta precoce, busca e resgate, gestão de locais seguros/abrigos e primeiros socorros. Os grupos oferecem oportunidades para os membros da comunidade praticarem o que fazer em diferentes situações de emergência.
The 150 or more members of a community stand on the stepped banks of the river. They watch 12 young people, who are standing waist-deep in the river wearing orange high-visibility jackets, demonstrate flood safety techniques.

Um grupo de jovens treinados pela EFICOR em Bihar ensinando outros membros da comunidade como se manterem em segurança durante uma inundação

4. Ação

Liderada pelo comitê de gestão de desastres e pela força-tarefa, a comunidade toma medidas para reduzir o risco de desastres. Nas zonas propensas a inundações, as medidas frequentemente incluem:

  • elevar poços tubulares, banheiros comunitários e estradas acima do nível de inundação para ajudar a garantir o acesso contínuo à água potável, reduzir o risco de doenças e fornecer rotas de fuga das áreas inundadas;
  • remover resíduos sólidos, especialmente plásticos, para evitar que obstruam os rios (aumentando a probabilidade de inundações) ou contaminem a água da inundação;
  • manter valas e drenos usados para canalizar a água para longe dos principais prédios, casas e áreas agrícolas;
  • instalar sistemas de alerta precoce ao longo das margens dos rios para ajudar a monitorar o aumento do nível da água, tais como postes de bambu pintados com três faixas coloridas – verde, amarela e vermelha;
  • estabelecer um fundo de redução do risco de desastres, através do qual a comunidade poupa uma pequena quantia todos os meses. Esse fundo é usado para a preparação para inundações. Por exemplo: reparos de barcos, manutenção de poços e banheiros, compra e armazenamento seguro de alimentos secos e compra de materiais para a confecção de barracas.

5. Meios de vida

Em áreas propensas a inundações, os agricultores cultivam após as monções. Se as chuvas atrasarem ou as inundações forem mais intensas do que o normal, isso pode afetar as datas de plantio e reduzir a duração da estação de crescimento. 

Através de grupos de agricultores, a EFICOR ajuda as famílias a experimentar diferentes práticas agrícolas menos sensíveis à mudança climática. Isso inclui o cultivo de vários tipos de vegetais e árvores em combinação com as culturas tradicionais. Nas planícies aluviais, as árvores ajudam a absorver a água, estabilizar o solo e reduzir a velocidade do fluxo da água durante as inundações. 

Incentivamos os agricultores a iniciarem também pequenos negócios não agrícolas, como mercearias ou bancas de fast-food em carrinhos. Assim, se a produção agrícola for afetada por inundações ou secas, eles terão acesso a outras fontes de renda. 

6. Defesa e promoção de direitos (advocacy) e trabalho em rede

Através do trabalho em rede com outras organizações que atuam na mesma área, podemos compartilhar habilidades, treinamento e contribuições técnicas. Isso inclui trabalhar com escolas para ensinar as crianças como se manterem em segurança durante uma emergência.

Juntamente com as comunidades frequentemente afetadas por inundações e outras ameaças de desastres, procuramos promover um maior apoio por parte do governo, inclusive o fornecimento de melhores infraestruturas e sistemas de previdência social. A EFICOR também está trabalhando com as comunidades e líderes locais para desenvolver planos contextualizados de gestão de desastres para, depois, serem adotados e implementados pelo governo.

Saiba mais:

Agricultural sustentável – Passo a Passo 110

Os desastres e a igreja local: orientações para líderes sobre como reduzir o risco de desastres

Escrito por

Escrito por  Samson Christian e Joylin Niruba

Compartilhe este recurso

Se você achou este recurso útil, compartilhe-o com outras pessoas para que elas também possam se beneficiar.

Cadastre-se agora para receber a revista Passo a Passo

Uma revista digital e impressa gratuita para pessoas que trabalham na área de desenvolvimento comunitário.

Cadastre-se agora - Cadastre-se agora para receber a revista Passo a Passo