Imagine — o telefone toca… Há uma emergência. Talvez uma inundação, ou um conflito que deflagrou numa área próxima. Em emergências, o apoio pode vir de diversas fontes. Mais frequentemente, vem de outros afectados pelo desastre. Pode também vir de governos nacionais, comunidades religiosas locais, a ONU e organizações de ajuda humanitária locais ou internacionais.
Chamamos a estes grupos “respondentes humanitários”.
Quem são os respondentes humanitários na sua comunidade?
O sistema humanitário global - que teve origem em declarações e legislação de direitos humanos - tem historicamente dado prioridade aos agentes humanitários internacionais. Os respondentes humanitários locais têm sido, em larga medida, ignorados e excluídos da tomada de decisões e da atribuição de fundos. No entanto, os respondentes locais estão extremamente bem posicionados para responder numa emergência.
Estão presentes quando os desastres ocorrem e continuarão a estar presentes depois de uma crise. Conhecem também melhor o contexto, a língua e a cultura. A localização - também chamada “acção humanitária liderada localmente” - é o movimento intencional no sentido de fazer com que a acção humanitária seja liderada por respondentes locais. “Tão local quanto possível, tão internacional quanto seja necessário” tornou-se o lema distintivo para muitos na jornada para a localização. Na Tearfund, sabemos como é vital o papel desempenhado pelas igrejas e ONG locais na resposta humanitária e escolhemos apoiar o seu trabalho em emergências. Respondemos directamente com as nossas próprias equipas apenas quando necessário. A localização faz parte do nosso ADN organizacional e reflecte a nossa teologia. Mas estamos ainda numa jornada e podemos fazer mais. Para alguns, a localização significa apenas ter um escritório nacional, ou dar mais financiamento ou trabalho subcontratado para organizações locais. Mas nós pensamos que a localização é muito mais do que isto.
Acreditamos na transferência de poder e recursos para as comunidades afectadas por desastres, com agentes locais a liderar a acção na resposta humanitária. Subscrevemos a Carta para a Mudança - uma iniciativa liderada por ONG locais e internacionais - comprometendo-nos com alterações que favoreçam a localização.
Como fazemos então isto?
Aspiramos a exemplificar, praticar, demonstrar e promover a localização.
Temos de praticar a localização que defendemos nas nossas próprias atitudes e comportamentos.
Queremos desenvolver e aplicar políticas e práticas que melhor favoreçam a localização, por exemplo reduzindo a carga administrativa e de conformidade enfrentada pelos parceiros locais.
Esforçamo-nos por ter parcerias caracterizadas pela igualdade e respeito mútuo. Partilhamos os êxitos, reconhecendo que temos de partilhar também os desafios. Como parceiros de apoio, queremos assegurar que não transferimos simplesmente o risco para os nossos parceiros. Procuramos simplificar os requisitos de conformidade para os parceiros e dar-lhes o apoio adequado para gerirem os riscos que enfrentam, incluindo, por exemplo, a segurança e a protecção de crianças e adultos em risco.
O financiamento justo e equitativo é fundamental para a localização. Procuramos oferecer financiamento plurianual flexível que apoie os custos de administração dos parceiros, permitindo-lhes investir nas suas próprias organizações e cumprir o seu dever de cuidar do seu pessoal.
A localização significa que nós, como OING, ponderamos cuidadosamente o nosso papel nas respostas a emergências. Procuramos tornar-nos melhores acompanhantes, apoiantes, advogados e elementos de ligação.
Aprendemos com os conhecimentos e a experiência dos nossos parceiros e apoiamos e viabilizamos a partilha de capacidades humanitárias assim como iniciativas de aprendizagem.
Acreditamos que os projectos devem ser concebidos e liderados localmente. Por isso, queremos assegurar que os parceiros têm a informação, o apoio e os recursos de que necessitam para que isso aconteça.
Procuramos melhorar constantemente. Aprendemos com os nossos parceiros e com as comunidades com que trabalhamos e partilhamos a nossa aprendizagem com eles.
Participamos também activamente e apoiamos a investigação da localização, com vista a identificar as boas práticas e os obstáculos.
Promovemos o trabalho dos nossos parceiros locais na nossa advocacia e na nossa comunicação social, para assegurar que obtêm reconhecimento pelo papel inestimável que desempenham.
Reconhecemos que agentes não tradicionais - incluindo as organizações religiosas - são respondentes de importância crítica em emergências. Defendemos e promovemos robustamente o seu papel.
Este é, portanto, o nosso objectivo:
- Exemplificar, praticar, demonstrar e promover.
- Reconhecemos, no entanto, que há muito mais a fazer.
Estas são algumas das perguntas que, na Tearfund, queremos colocar-nos:
- Até que ponto está a localização a acontecer no meu país ou contexto?
- Onde vejo necessidades, lacunas e obstáculos à localização?
- Com quem posso associar-me para defender a necessidade da mudança?
- Há áreas do meu trabalho em que o poder necessite de passar para os agentes locais?
O que pode fazer para assegurar que, quando a próxima emergência acontecer, os respondentes locais terão mais apoio para liderar ?
Juntos, podemos fazer mais para apoiar a localização. Saiba mais utilizando os links na descrição.