Scott Jones.
Ideias para ajudar a resolver conflitos nas comunidades e entre elas
Scott Jones.
As florestas do sudoeste da República dos Camarões são recursos naturais valiosos. Existem muitos conflitos de interesses entre as pessoas da região, as agências governamentais e as empresas. O uso de uma árvore útil, chamada Prunus Africana, é um exemplo. Uma empresa européia usa a casca desta árvore para produzir um remédio para o tratamento de um tipo de câncer. As pessoas da região são pagas pela casca que é fornecida para a empresa. A procura pela casca desta árvore é alta e a sua extração acelerada ameaça a sua sobrevivência.
Um conflito existente há muito tempo estava piorando em uma das áreas entre os moradores dos povoados, a empresa e o Ministério do Meio-Ambiente e de Florestas (MINEF). Os funcionários de um projecto governamental estavam trabalhando na região para administrar o conflito. O objectivo era envolver todas as pessoas em questão no sentido de obterem um acordo sobre como beneficiar-se através do uso da árvore Prunus sem destruí-la completamente, sem prejudicar o meio-ambiente ou criar divisões entre as pessoas.
Os conflitos eram intensos – parecia que não havia saída. Algumas pessoas estavam muito zangadas e usaram a força, até mesmo violência física, para conseguirem impor as suas idéias, ignorando os direitos alheios. Algumas pessoas não tinham confiança e evitaram quaisquer confrontações.
A primeira reunião
Nós começamos em uma reunião do povoado, onde os moradores interessados estiveram presentes. A reunião foi liderada por uma equipe de três pessoas de um projecto governamental. O propósito da reunião era chegar a um acordo sobre a abordagem a ser usada pelo povoado na próxima reunião, onde representantes da empresa e do ministério governamental estariam presentes.
A reunião foi iniciada de maneira promissora, mas logo tornou-se agitada – ficou claro que o povoado não estava unido. Surgiram três grupos principais, que formavam opiniões: anciões, mulheres e jovens. Cada grupo tinha idéias diferentes, líderes de opiniões e pessoas quietas. Ficou claro que existiam conflitos profundos entre os grupos, não somente sobre o cultivo da árvore Prunus. Apesar da maioria das pessoas partilharem o objectivo de ganhar um sustento através da árvore Prunus, sem cometer exageros na sua extração, os mal entendidos e a desconfiança eram comuns.
A equipe do projecto pediu uma pausa durante a reunião. Eles, então, se reuniram separadamente com os vários grupos e indivíduos. A equipe ouviu, procurou compreender os pontos de vista das pessoas e fez sugestões. As pessoas acalmaram-se ao verem que alguns factores em comum foram identificados. A reunião do povoado foi recomeçada e progrediu bem. Os moradores não chegaram a um acordo quanto ao que seria apresentado à empresa. No entanto, eles concordaram que, antes que isto fosse possível, eles teriam que resolver os seus próprios problemas entre os anciões, as mulheres e os jovens. Eles também concordaram que cada pessoa tentaria compreender os pontos de vista dos demais e pensaria de maneira criativa para identificar o caminho a ser seguido. A reunião foi concluída, mas durante vários dias, a equipe continuou reunindo-se com os grupos do povoado.
A segunda reunião
A segunda reunião foi realizada depois de duas semanas. Os moradores do povoado, os representantes da empresa e duas autoridades governamentais estavam presentes. A equipe do projecto liderou a reunião novamente mas, desta vez, eles não permaneceram neutros: eles estavam interessados em um resultado específico – a administração sustentável dos recursos florestais para o benefício da comunidade. Eles pararam de ser mediadores e tornaram-se, na verdade, intermediários (veja a página 11).
A reunião foi iniciada de maneira ruim, pois várias pessoas chegaram atrasadas. Cada grupo apresentou a sua posição, as quais foram discutidas. Algumas discussões foram agitadas e alguns participantes foram embora.
Houve duas dificuldades principais. Em primeiro lugar, as divisões dentro do povoado ainda eram óbvias. Em segundo lugar, as pessoas tinham expectativas muito grandes quanto à reunião. A equipe pediu uma pausa para que as pessoas se acalmassem e fossem realizadas discussões em grupos pequenos. Quando a reunião foi recomeçada, o seu objectivo foi mudado no sentido de simplesmente tentar compreender os pontos de vista e preocupações dos demais.
Os acordos e soluções teriam que ser conseguidas posteriormente, depois das pessoas se certificarem de que todos os pontos de vista haviam sido expressados e compreendidos.
Progresso vagaroso
As discussões continuaram e as preocupações foram trazidas à tona. Que quantidade de casca podia ser extraída? Por quem? Como deveria ser calculado o pagamento? Quem ficaria com o dinheiro? Quanto deveria ser destinado ao fundo de reservas do povoado? Em algumas ocasiões, o debate tornou-se novamente agitado. A equipe habilmente manteve o programa sob controle. Não foi possível chegar a um acordo final, mas progrediu-se. A reunião teve vários resultados importantes. Apesar da raiva e das emoções fortes, a comunicação foi mantida.
Todos se sentiram comprometidos a encontrarem uma solução. Todos haviam expressado os seus pontos de vista e começado a compreender os pontos de vista dos demais. As questões verdadeiras, algumas das quais haviam sido ocultadas anteriormente, haviam sido trazidas à tona. Todos concordaram em continuar com objectivos mais pontuais – voltados a alcançar um acordo final.
Descreva o conflito, se possível reunindo todos os grupos envolvidos. Geralmente é útil descrever o conflito por escrito, mas não faça isto se as pessoas analfabetas se sentirem isoladas. Se for apropriado, desenhe figuras e mapas para mostrar as áreas de conflito.
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