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Prioridades no Marabo Prioridades no Marabo

Marabo é um povoado com uma população de 5.000 habitantes. Apesar de estar próximo do Centro Médico de Nyankunde, que é um hospital com uma capacidade de 250 camas, as atividades de saúde eram limitadas a um posto de saúde privado, que servia um pequeno número de pacientes. Existia pouco apoio para o trabalho de cuidados de saúde primários e apenas 23% das crianças haviam sido completamente imunizadas.

1999 Disponível em Francês, Inglês, Espanhol e Português

De: Cuidados de saúde sustentáveis – Passo a Passo 37

Trabalho conjunto para estabelecer prioridades de saúde e melhorar a prestação de serviços de saúde locais

Marabo é um povoado com uma população de 5.000 habitantes. Apesar de estar próximo do Centro Médico de Nyankunde, que é um hospital com uma capacidade de 250 camas, as atividades de saúde eram limitadas a um posto de saúde privado, que servia um pequeno número de pacientes. Existia pouco apoio para o trabalho de cuidados de saúde primários e apenas 23% das crianças haviam sido completamente imunizadas.

O posto de saúde não conseguia alcançar um auto-financiamento, apesar dos pacientes pagarem o valor total que era cobrado. Em Julho de 1997, após o término da guerra e de uma estação longa e seca, os estudantes do Instituto Pan-Africano de Saúde Comunitária (IPASC) realizaram uma pesquisa sobre a situação de saúde do povoado de Marabo. Eles descobriram que mais da metade das crianças com menos de cinco anos estavam desnutridas, e que muitas pessoas estavam cansadas e desmotivadas.

Confusos pela atenção recebida

O IPASC ouve o que a comunidade tem a dizer e, a partir daí, facilita um processo para que os principais problemas sejam resolvidos. Os funcionários e estudantes do IPASC visitaram o povoado várias vezes por semana, para conhecerem as pessoas e ouvirem os problemas que elas tinham. A comunidade ficou confusa devido à atenção que lhe estava sendo dada. Os moradores sentiam que haviam sido abandonados durante muitos anos. No entanto, dentro de dez dias eles formaram um comitê para considerar os seus problemas. A necessidade mais urgente era atender as crianças desnutridas. Os moradores do povoado pediram que fossem criadas oportunidades de trabalho, assim eles teriam condições de preparar uma refeição comunal para as crianças. Algumas semanas depois, com os estômagos cheios, muitas das crianças que costumavam ter uma aparência doentia, estavam contentes. Os moradores do povoado pediram pás para cavarem a terra. O técnico agrícola do IPASC foi até a comunidade com os estudantes para dar orientações sobre o que podia ser cultivado, de maneira eficiente e econômica. Em breve, as hortas começaram a produzir soja e outros alimentos nutritivos.

Depois disso, a comunidade também expressou a necessidade de ter uma fonte de água protegida. Um estudante passou várias semanas trabalhando com a comunidade, carpindo um local onde havia uma fonte de água. Também foi instalado um cano e o chão ao redor da fonte foi revestido com cimento. Posteriormente, esta fonte de água protegida fez com que Marabo fosse um dos poucos povoados que não foram afectados por uma grave epidemia de cólera.

Somente quando foram alcançadas melhorias nas áreas de nutrição, agricultura e saneamento, a comunidade deu atenção ao centro de saúde. Uma cabana em más condições, que havia servido como posto de saúde, podia ser reconstruída, mas a comunidade precisava de uma enfermeira e um estoque inicial de medicamentos essenciais. O IPASC comprou medicamentos importantes e enviou um estudante de enfermagem comunitária do Burundi, chamado Jean. Outra enfermeira tomou conta do trabalho curativo, enquanto Jean ficou responsável por trabalhar intimamente com a comunidade. Devido a Jean ser uma pessoa atenciosa, as pessoas responderam de maneira positiva. Isso fez com que o trabalho de cuidados de saúde primários fosse reativado. Em seis meses, a proporção de crianças com menos de cinco anos que haviam sido vacinadas, aumentou de 23% para 90%. Todos os dias, cerca de dez pacientes passaram a ir ao centro de saúde.

A iniciativa mais actual é melhorar as condições do posto de saúde para que ele se transforme num centro dotado de uma maternidade. Um membro da comunidade doou 8.000 tijolos com esse propósito e outras pessoas escavaram pedras grandes para o alicerce. O IPASC ajudou com o tranporte.

Conclusões

  • Estabelecer um posto de saúde sem antes definir a comunidade alvo pode significar que existam poucas pessoas para que o posto de saúde seja auto-financiado. Nesta região, necessita-se de uma população de 4.000 a 5.000 pessoas para um posto de saúde e de 8.500 a 12.000 pessoas para um centro de saúde.
  • Um posto de saúde talvez não seja uma necessidade prioritária. No Marabo, a nutrição, a agricultura e a água foram consideradas mais importantes para a comunidade do que os medicamentos. Antes dessas necessidades serem atendidas, era pouco provável que os pacientes freqüentassem o posto de saúde. Não se pode gerar recursos se não houver pacientes.
  • Nós vimos que se uma enfermeira der maior importância ao trabalho curativo, e não ao envolvimento da comunidade, dificilmente haverá pacientes suficientes para que o posto de saúde seja auto-financiado. É muito mais provável que as enfermeiras ganhem a confiança das pessoas se elas:
      • se relacionarem com a comunidade
      • visitarem pacientes com deficiências, em estado crônico ou em alto risco
      • se associarem com preocupações diárias da comunidade
      • se colocarem à disposição de todos os sectores da comunidade.
  • Se as pessoas tiverem confiança na enfermeira da comunidade, elas a procurarão quando estiverem doentes. Isso aumenta o número de pacientes automaticamente, assim como a entrada de recursos do posto de saúde.
  • O posto de saúde de Marabo é administrado por um comitê que examina as actividades realizadas, a entrada de recursos e os gastos. Isso garante o envolvimento da comunidade e permite que ela compreenda e contrôle o nível de auto-financiamento. Um programa de parceira (nesse caso, o IPASC) deve facilitar, em vez de impor desenvolvimento e incentivar a dependência.

Auto-financiamento tem mais a ver com uma abordagem adotada junto a uma comunidade do que com a administração financeira de um posto de saúde.

Compilado por Pat Nickson, Directora do IPASC, a/c PO Box 21285, Nairobi, Quênia.

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