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Os jardins arbóreos do povo de Chagga

Estudo de caso Simon Batchelor. Os ‘jardins arbóreos’ do povo de Chagga, do Monte Kilimanjaro, oferecem um modelo inspirador de como a terra pode ser trabalhada de maneira sustentável.

2000 Disponível em Inglês, Francês, Português e Espanhol

Revistas Passo a Passo em francês, espanhol, português e inglês, espalhadas sobre uma mesa de madeira

De: El cuidado de nuestra tierra – Passo a Passo 41

Ideias sobre as melhores formas de usar um pequeno terreno

Estudo de caso

Simon Batchelor.

Os ‘jardins arbóreos’ do povo de Chagga, do Monte Kilimanjaro, oferecem um modelo inspirador de como a terra pode ser trabalhada de maneira sustentável.

 

O povo de Chagga é uma mistura de grupos étnicos que vivem nas escarpas de uma montanha impressionante, o Kilimanjaro, na Tanzânia. Como vários grupos étnicos se estabeleceram na região, estes trouxeram suas plantações consigo – inclusive milho, mandioca e batata doce. Esta mistura rica de várias plantas transformou-se lentamente em uma forma de utilização da terra característica. Esta utiliza a terra não somente em termos de espaçamento a nível de solo, mas também leva em consideração as diferentes alturas das plantas. Eles utilizam as árvores para criar vários níveis de crescimento.

A floresta como modelo

A sua inspiração veio da floresta natural. Eles viram que a floresta utilizava ao máximo os seus recursos de terra, água e luz, assim eles começaram a cultivar pequenas porções da terra florestal, onde era possível encontrar espécies de plantas úteis. Gradualmente, eles substituíram outras porções da floresta natural por plantas cultivadas. O povo de Chagga tornou-se especialista na combinação de vários tipos de plantas, que não somente precisam de diferentes quantidades de luz, mas também possuem raízes de profundidades diversas. Por exemplo, os inhames toleram a sombra das árvores vizinhas e utilizam os seus troncos como apoio para crescerem. As árvores com sistemas de raízes profundas, permitem que as plantas cultivadas cresçam bem ao lado e ainda obtenham a quantidade suficiente de nutrientes. Hoje, um fazendeiro de Chagga típico cultiva até 60 espécies de árvores diferentes – e geralmente muitas variedades diferentes – em uma área do tamanho de um campo de futebol. A reciclagem dos nutrientes é essencial, e o estrume do gado é utilizado para fertilizar as plantações.

As diferentes zonas

A zona mais baixa (de até 1m de altura) consiste de taro, feijão e gramíneas forrageiras. A zona seguinte (1–2,5m) consiste na maior parte de café com um dossel de bananas acima deste. Acima do nível das bananeiras, há várias árvores madeireira valiosas. Um terreno pequeno em média produz 125kg de feijão, 280kg de café e 275 cachos de banana por ano e fornece forragem para a criação de animais. Este sistema de cultivo tem-se mantido sustentável por mais de 100 anos, principalmente porque eles mantêm a cobertura da terra contínua e retornam os nutrientes para a terra. A utilização dos recursos naturais do povo de Chagga continua a impressionar as pessoas que os visitam. Muito antes de haver projetos de desenvolvimento na região, o povo de Chagga já canalizava (encanava) a água em desfiladeiros remotos e íngremes, abrindo canais e formando cavidades em troncos de árvores para levá-la para suas casas nos cumes das montanhas. Eles utilizam-na para beber, para os animais e para irrigar os viveiros.

Há vários aspectos na vida do povo de Chagga que servem como um bom exemplo para os projetos de desenvolvimento. Tendo começado com um saco de sementes de café em 1885, o povo de Chagga possui agora mais de um milhão de cafeeiros em suas pequenas propriedades rurais. Os preços rapidamente variáveis do café no mercado mundial ensinaram o povo de Chagga a não se concentrarem somente no café como fonte de renda. É por isso que as bananas e outras plantações nunca desapareceram dos jardins arbóreos, mesmo quando o preço do café subia.

Naturalmente, a vida do povo de Chagga não é perfeita. Um recurso que eles não utilizam de maneira tão sábia é a força humana. Quase todo o trabalho é relegado para as mulheres. Entretanto, as mulheres no Kilimanjaro precisam somente de um pouco mais de duas horas por semana para colher a lenha necessária para suas famílias – muito menos do que em outras partes da Tanzânia. Isso é porque a madeira para lenha está incluída nos vários produtos da pequena propriedade rural. Um hectare é geralmente suficiente para fornecer lenha e madeira para uma família grande.

Simon Batchelor é um consultor que trabalha com várias organizações com o fim de apoiar iniciativas sustentáveis. Seu endereço é: 152 Cumberland Road, Reading, RG1 3JY, Inglaterra. E-mail: [email protected]

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