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Oficinas que geram recursos para pessoas com deficiências

Susie Hart. Em 1997, passei três meses numa comunidade da L’Arche em Kampala, no Uganda. A L’Arche é uma organização cristã que oferece um ambiente familiar por toda a vida para pessoas com dificuldades de aprendizagem que vivem juntas e com as pessoas que cuidam delas. Muitas das suas comunidades possuem oficinas que oferecem recursos e atividades úteis para os seus membros. Quando cheguei, munida de apenas uma pequena bolsa de equipamento para a fabricação de velas, descobri que não havia ...

2002 Disponível em Inglês, Francês, Espanhol e Português

Revistas Passo a Passo em francês, espanhol, português e inglês, espalhadas sobre uma mesa de madeira

De: Pessoas com deficiências – Passo a Passo 49

Rumo a uma maior inclusão das pessoas com deficiência em todos os aspectos da vida

Susie Hart.

Em 1997, passei três meses numa comunidade da L’Arche em Kampala, no Uganda. A L’Arche é uma organização cristã que oferece um ambiente familiar por toda a vida para pessoas com dificuldades de aprendizagem que vivem juntas e com as pessoas que cuidam delas. Muitas das suas comunidades possuem oficinas que oferecem recursos e atividades úteis para os seus membros. Quando cheguei, munida de apenas uma pequena bolsa de equipamento para a fabricação de velas, descobri que não havia nenhuma oficina e eu deveria começar uma!

Procurei equipamento improvisado e matérias-primas em Kampala. Ensinei como fazer velas aos residentes, treinei dois dos funcionários e encontrei mercados locais para as velas fabricadas.

Inventamos várias formas de dispositivos, para que as pessoas com deficiências físicas participassem tanto quanto possível. Entretanto, porque a fabricação de velas utiliza cera quente, alguns membros da comunidade tiveram de ser excluídos. As matérias-primas para as velas eram caras e tinham de ser importadas de Nairobi. Isto significava que os nossos produtos ficavam geralmente restritos ao comércio de retalho mais caro, destinado aos turistas. Estas preocupações incentivaram-me a procurar um artesanato que permitisse a todos os membros da comunidade participar e que utilizasse materiais locais facilmente disponíveis e baratos.

Achei a resposta nos produtos de papel feitos à mão usando-se o incômodo aguapé (ou jacinto d’água – uma erva daninha que se espalha rapidamente na água doce). Esta planta estava à disposição gratuita de qualquer um que a colhesse. O processo de fabricação de papel a partir de materiais vegetais é simples, mas envolve vários estágios, cada um exigindo habilidades diferentes. Isto foi o ideal, pois cada membro da comunidade na L’Arche podia participar de, pelo menos, um dos estágios. Houve várias semanas de experiências com o aguapé antes de começarmos a desenvolver um papel de boa qualidade. Infelizmente, este trabalho agora foi interrompido, embora haja grupos fabricando produtos de boa qualidade com sucesso com o aguapé em outros lugares.

Entretanto, a oficina de velas ainda está indo bem e expandindo-se. Ela proporciona um rendimento considerável para a comunidade de Kampala. Considerandose o curto período de tempo para o planeamento e o estabelecimento do trabalho, talvez o seu sucesso deva ser visto como o poder da oração! No entanto muitas lições podem ser aprendidas com estas experiências. Algumas são sugeridas abaixo para qualquer outro grupo que esteja considerando iniciar um projeto deste tipo.

Planeamento

  • Analise a situação. Quais são as necessidades reais da comunidade? Que impacto terá o projeto? Que outras atividades foram tentadas?
  • Decida os objetivos do projeto; quem se beneficiará, os recursos necessários e a escala de tempo.
  • Considere cuidadosamente os riscos que podem afetar o projeto.
  • Planeje como monitorar e avaliar a eficácia do projeto

Participantes

  • Envolva os participantes em todos os estágios do planeamento, da tomada de decisões e da administração do projeto sempre que possível.
  • Seja realista quanto às capacidades dos participantes.
  • Escolha artesanatos que exijam trabalho em equipe e a participação total de todos.
  • Pense sobre como as pessoas serão pagas pelo seu trabalho. Os salários garantidos podem parecer uma boa idéia, mas podem gerar a dependência.

Comercialização

  • Que demanda há para os seus produtos?
  • Quem são os seus compradores prováveis – pessoas locais, turistas, mercado estrangeiro?
  • Que pontos de venda você usará?
  • De que transporte você precisará?
  • Você dependerá da compra por caridade? Saiba que este é um tipo de subsídio e pode não ser sustentável.
  • Considere a competição. O seu projeto deixará outras pessoas desempregadas?

Matérias-primas

  • Os materiais podem ser obtidos no local através de fontes baratas e sustentáveis?
  • Qual é o impacto ambiental do uso destes materiais?
  • Os materiais reciclados são uma das opções?
  • Trabalho em rede – você pode ligar-se a um projeto semelhante, para comprar os materiais em grandes quantidades?

Habilidades

  • Que habilidades já existem?
  • Há artesões locais que possam ajudar a treinar ou oferecer ajuda e conselhos?
  • Treine os funcionários bem em todos os aspectos, inclusive os aspectos técnicos, gerenciais, financeiros e de marketing, para manter a sustentabilidade.

Susie Hart foi treinada em fibras têxteis e possui experiência no trabalho com oficinas de artesanato para pessoas com deficiências tanto no Reino Unido quanto na África. O seu endereço é: c/o Crowther Hall, Weoley Park Road, Sellyoak, Birmingham, B29 6QT, Reino Unido.

E-mail: [email protected]

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