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Entrevistas

Como ajudar uma comunidade a melhorar a higiene e o saneamento

Perguntamos à facilitadora da Share and Care Nepal, Pratikchya Khadka, sobre seu trabalho de saneamento e higiene. Esperamos que a experiência dela em ajudar respeitosamente as pessoas a mudar de comportamento lhe traga inspiração.

2015 Disponível em Português, Espanhol, Francês e Inglês

Revistas Passo a Passo em francês, espanhol, português e inglês, espalhadas sobre uma mesa de madeira

De: Higiene e saneamento – Passo a Passo 97

Como a mudança de comportamento ocorre, a importância de lavar as mãos e como fazer sabão

Perguntamos à facilitadora da Share and Care Nepal, Pratikchya Khadka, sobre seu trabalho de saneamento e higiene. Esperamos que a experiência dela em ajudar respeitosamente as pessoas a mudar de comportamento lhe traga inspiração.

É importante que o facilitador comunitário conheça melhor as pessoas. Pratikchya Khadka (à direita) fala com membros de uma comunidade sobre saneamento, higiene e mudanças no povoado. Foto: Ralph Hodgson/Toilet Twinning

É importante que o facilitador comunitário conheça melhor as pessoas. Pratikchya Khadka (à direita) fala com membros de uma comunidade sobre saneamento, higiene e mudanças no povoado. Foto: Ralph Hodgson/Toilet Twinning

Quais são as principais mensagens ou lições que você compartilha no seu treinamento?

Eu compartilho muitas coisas! Eu me concentro na importância de construir e usar adequadamente as privadas, lavar Minha as mãos, evitar tomar água de fontes de água abertas, tomar banho, cortar as unhas e o cabelo, usar absorventes higiênicos limpos e seguros durante a menstruação e manter a limpeza dentro e fora de casa.

Minha prioridade é incentivar as pessoas a desenvolver o hábito da higiene pessoal e consultar o posto de saúde mais próximo, ao invés de usar curandeiros tradicionais sem treinamento.

Escolho atividades apropriadas, conforme o tipo de participante, local e ambiente, como, por exemplo, canções, dança, jogos e tarefas. Também fazemos demonstrações práticas de como fazer limpeza e como lavar as mãos.

Ao fazer sessões de treinamento, como você ajuda as pessoas a se sentirem à vontade para falar de saneamento e higiene?

Fico na casa de pessoas da comunidade. Passo algum tempo com elas, conversando e ouvindo-as. Frequentemente visito-as em casa. Esses vínculos ajudam as pessoas a se abrirem quando realizo as sessões de treinamento. Estou sempre ciente do quão importantes são os sentimentos das pessoas. Nas sessões de treinamento, faço questão de não usar fatos e informações em excesso. Procuro fazer com que as pessoas vejam por si próprias como estão sua saúde e sua higiene de maneira simples, usando a linguagem local. Também procuro descobrir se as pessoas concordam com o que eu estou dizendo ou não. Se saúde eu perceber que alguém está achando a discussão difícil, tento conversar com essa pessoa individualmente.

Como você conquista a confiança das pessoas?

Conto diferentes histórias verdadeiras (estudos de caso) de outras comunidades e pessoas. Em alguns casos, por eu ser mulher, compartilho minha própria experiência pessoal, especialmente por causa das adolescentes e das mulheres. Tento ser uma delas. Quando eu ensino, sempre carrego materiais relacionados para usar como recursos, para que as pessoas vejam que o que eu estou dizendo está baseado em evidências.

Como você percebe quem serão os primeiros a construir uma privada e como você trabalha com essas pessoas para incentivar a comunidade inteira?

Não leva tempo para reconhecer quem vai querer construir uma privada. Pode-se ver na disposição, curiosidade e na forma como eles se animam com a ideia de um saneamento melhor. Incentivamos os membros do grupo a se ajudarem a construir as privadas. Também participamos da construção, fazendo o que podemos, seja cavando ou carregando coisas. Sempre nos lembramos dos esforços das pessoas como uma história verdadeira ou um estudo de caso para compartilhar com outros grupos.

Geralmente, as pessoas mudam seu comportamento quando aprendem com as evidências e testemunham o impacto. No início, elas devem ser convencidas dos benefícios. Influenciar os anciãos e pessoas respeitadas é muito eficaz, porque os outros seguem suas palavras e exemplo. Mas fazer com que as pessoas acreditem que devem e podem tomar a iniciativa de mudar seu comportamento deve ser a prioridade principal.

Por que as pessoas não usam sabão para lavar as mãos?

Na minha experiência e pelo que observei, a maioria das pessoas sabe que deve usar sabão, mas essa não é a prioridade delas, e elas não se preocupam com isso. Por exemplo, poucos têm o hábito de lavar as mãos antes de comer. A maioria das pessoas acha que o esforço extra de se levantar, ir até a torneira, tocar na água fria e por ai vai é trabalhoso ou desnecessário. Elas acham que não vai acontecer nada se não usarem sabão uma vez que outra e, assim, preferem lavar as mãos só com água. Sua atitude é de que vale a pena se preocupar com as “doenças grandes”, como o câncer e a hepatite, mas as outras doenças não são muito importantes. Elas não têm a cultura de lavar as mãos. Além disso, os pais são os que parecem menos se importar com isso, e as instituições educacionais não possuem instalações para lavar as mãos. Assim, as crianças crescem sem o hábito.

Como você incentiva as pessoas a continuar lavando as mãos com sabão mesmo depois de muito tempo após seu treinamento?

Eu visito a comunidade frequentemente com os membros da equipe. Fazemos um acompanhamento e ensinamos mais, se for necessário. Perguntamos às pessoas individualmente se estão lavando as mãos com sabão e descobrimos que mudanças estão percebendo. Às vezes, damos sabão como presente ou prêmio e pedimos que o usem continuamente.

Que dicas ou recomendações você tem para outras pessoas que fazem um trabalho semelhante ao seu?

Nunca é fácil trabalhar numa comunidade com raízes tradicionais e tentar convencêla a agir de uma forma que ela nunca experimentou antes. Porém, alguém tem de começar a transformação para tornar a Terra um lugar melhor para se viver. Para as pessoas que fazem um trabalho semelhante ao meu, gostaria de recomendar o que aprendi com minha experiência:

  • Respeite o trabalho que você faz e reconheça o quão importante ele é para melhorar a vida das pessoas, mesmo que esse trabalho seja apenas pedir às pessoas para que cortem as unhas e lavem as mãos.
  • Compreenda a comunidade e sua dinâmica – os tipos de pessoas, a situação, o que interessa a elas – para que você possa desenvolver formas eficazes de alcançar as pessoas.
  • Concentre-se num ciclo para causar mudança na vida das pessoas: compartilhe conhecimentos, conscientize-as, mude suas atitudes, transfira habilidades e desenvolva capacidades.
  • Sirva de exemplo na sua higiene pessoal e saneamento.
  • Não espere que os seus conselhos sejam seguidos imediatamente ou que as coisas mudem rapidamente. Os fracassos são os pilares do sucesso, portanto, faça um acompanhamento regular.
  • Mantenha-se atualizado sobre as doenças, novos métodos de saneamento e as melhores práticas.
  • Importante: seja apaixonado, inquisitivo, entusiasmado e não julgue as pessoas.

Com nosso profundo agradecimento a Surendra Gurung e Ramesh Khadka, da Share and Care Nepal, por entrevistarem Pratikchya e escreverem suas respostas em nome da Editora.

O trabalho da Share and Care Nepal tem por objetivo melhorar o saneamento e a higiene através de educação não formal, teatro de rua, fortalecimento das capacidades de grupos existentes, tais como voluntárias de saúde comunitária e grupos infantis, e da criação de concursos de discursos, canções e poesia com tópicos sobre o saneamento e a higiene.

Site: www.share-care.org

É importante lavar todas as superfícies das mãos com sabão. Rita, uma facilitadora comunitária (centro), supervisiona uma demonstração de como lavar as mãos com sabão num povoado em UC Jaar, Paquistão. Foto: Richard Hanson/Tearfund

É importante lavar todas as superfícies das mãos com sabão. Rita, uma facilitadora comunitária (centro), supervisiona uma demonstração de como lavar as mãos com sabão num povoado em UC Jaar, Paquistão. Foto: Richard Hanson/Tearfund

O que você faz quando as pessoas não gostam de algo que você diz no treinamento?

Dou-lhes tempo, tento ver seu ponto de vista pessoalmente e procuro convencê-las. Por exemplo, eu estava facilitando um grupo de ação de mulheres para ajudá-las a criar a zona sem defecação ao ar livre do seu Comitê de Desenvolvimento do Povoado e falei a elas sobre o uso apropriado das privadas e como construí-las.

Pratikchya: Quantas de nós têm uma privada em casa?

(As participantes conversam sobre isso. Algumas não têm privadas em casa.)

Pratikchya: Por que vocês ainda não construíram uma privada? O governo tem uma campanha que estipula alguns locais como zonas sem defecação ao ar livre. Vocês conhecem essa campanha?

Mulher: Conhecemos, mas como a gente pode construir uma privada sem recursos? Todo mundo vem aqui com conhecimentos, mas ninguém fornece os materiais.

Pratikchya: Você tem razão, mas talvez você esteja falando de uma privada mais avançada. É bom ter uma dessas privadas, mas ainda podemos construir uma privada com materiais locais. No Comitê de Desenvolvimento do Povoado do seu povoado vizinho, os membros da comunidade construíram latrinas de fossa. Isso fez com que eles criassem o hábito de usar a privada e incentivou as pessoas a começar a economizar. Agora, a maioria tem uma privada mais avançada.

Podemos cavar buracos e usar arbustos, plástico, madeira ou qualquer outro material local para construir uma privada. Ela dura alguns meses, e, se deixarmos os resíduos se decomporem, esses também podem ser usados para tornar o solo fértil e aumentar a produtividade.

(A reunião termina com a decisão de construir latrinas de fossa e apoio para estipular uma zona sem defecação. Como resultado da reunião, dois membros da comunidade constroem privadas com materiais locais.)

Se eu não conseguir convencer as pessoas imediatamente, procuro outros familiares e pessoas influentes na comunidade que possam convencê-las com mais facilidade. Se as pessoas continuarem não entendendo, procuro a ajuda de outros, como colegas ou pessoas que trabalham na comunidade, para facilitar.


Ideias de como usar este artigo

  • Discuta o que Pratikchya diz sobre os motivos pelos quais as pessoas não usam sabão. Você concorda que esses motivos sejam comuns? O que se pode fazer?
  • Que habilidades de facilitação Pratikchya usou? Como você poderia usá-las em seu próprio treinamento?

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