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Quem espera o quê na participação da comunidade

por Ben Osuga. As comunidades são frequentemente visitadas por vários grupos que desejam ajudálas. Estes visitantes geralmente trazem com eles os seus próprios pacotes de assistência e eles esperam que a comunidade aceite o que é proposto. Quando uma comunidade é visitada desta maneira, o povo local desenvolve uma série de expectativas sobre os visitantes e seus planos para o futuro.

1994 Disponível em Francês, Inglês, Espanhol e Português

De: Quando um desastre ocorre – Passo a Passo 18

Como as igrejas e as comunidades podem se preparar para os desastres, inclusive treinamento em primeiros socorros

por Ben Osuga.

As comunidades são frequentemente visitadas por vários grupos que desejam ajudálas. Estes visitantes geralmente trazem com eles os seus próprios pacotes de assistência e eles esperam que a comunidade aceite o que é proposto. Quando uma comunidade é visitada desta maneira, o povo local desenvolve uma série de expectativas sobre os visitantes e seus planos para o futuro.

Perguntas e respostas

Quando os membros da comunidade ficam sabendo sobre uma visita, algumas perguntas são feitas – tais como

  • Quem são os visitantes e de onde vêm?
  • O que pretendem?
  • São estrangeiros?
  • Estiveram aqui antes?
  • O que fizeram por outras comunidades?

Dependendo das respostas a estas perguntas, a comunidade elabora as suas respostas aos visitantes. Estas respostas são geralmente o que a comunidade espera que os visitantes querem ouvir! Por exemplo, se um técnico em agricultura visita o local, a necessidade mais urgente será o fornecimento de enxadas e sementes mas se um grupo de médicos visitar o mesmo local, certamente a necessidade maior será um serviço de assistência médica.

Problemas de comunicação

Os visitantes irão então estabelecer algumas condições que aumentarão as probabilidades daquela comunidade receber o pacote de assistência. Estas condições, quase inevitavelmente, incluem a participação da comunidade. Muitas pessoas falam sobre participação comunitária mas já trazem com elas as suas próprias idéias formadas e atividades pré-planejadas. Muito raramente líderes ou visitantes passam um tempo com a comunidade ‘observando, ouvindo e aprendendo’ para que possam compreender melhor quais são as prioridades.

Isto é quase sempre um problema. Há várias razões…

  • Atividades iniciadas pela comunidade são frequentemente executadas muito vagarosamente, consumindo-se muito tempo e sem muita profissionalização.
  • Os líderes trazem suas próprias idéias de outros projetos e não querem adaptálas.
  • Agências de apoio gostam de ver resultados – às vezes a comunidade tem prioridades que não são facilmente modificadas ou medidas.

Níveis de participação

  • Usando os servicos fornecidos – O programa é introduzido por estranhos. A comunidade faz uso dos serviços fornecidos.
  • O programa pré-planejado – O programa é desenvolvido fora da comunidade, que é então convidada a tomar parte. Alguns esforços são feitos no sentido de se desenvolver as habilidades encontradas dentro da comunidade e de se ter um pouco de participação.
  • Envolvimento baseado nas prioridades e decisões comunitárias – Neste nível, a comunidade é ajudada a desenvolver habilidades significativas, identificar necessidades e planejar atividades futuras.
  • Autorização da comunidade – Neste caso, a comunidade se torna plenamente consciente e pode tomar controle do seu processo de desenvolvimento. Há várias coisas que podem impedir uma participação completa…
    • acreditar que as questões na área de desenvolvimento são muito técnicas e devem ser deixadas para ‘especialistas’
    • encorajar a implementação de serviços curativos – clínicas, hospitais – ao invés de serviços preventivos ou de saúde básica
    • uma comunicação pobre entre os que implementam atividades de desenvolvimento e a comunidade.

Encorajando uma real participação

Vamos usar agora os cuidados básicos de saúde como um exemplo para demonstrar que o seu desenvolvimento deve ser visto como um processo onde os vários estágios são realizados duma maneira flexível. Desta forma, a comunidade toma para si este processo e continua com as atividades.

O fator principal é interessar a comunidade em se tornar independente. A princípio o programa de trabalho apresentado à comunidade pode não dar muita abertura para que os membros da comunidade tenham suas próprias responsabilidades, dêem idéias ou se sintam donos do trabalho.A maioria das decisões e dos recursos necessários vem de fora da comunidade. No entanto, com o tempo a comunidade passa a desenvolver abilidade e capacidade para liderar, planejar, tomar decisões e fazer bom uso dos recursos disponíveis.

Há sete maneiras de se encorajar uma real participação da comunidade…

1. Conscientização O objetivo é ajudar comunidades a compreender o que é os cuidados básicos de saúde. Conscientizando as pessoas, estaremos ajudando-as a…

  • entender o que está acontecendo em suas comunidades e arrededores
  • entender que vale a pena e é util se prevenir doenças
  • começar a se sentir donas dos seus recursos para que melhorem o nível de saúde delas próprias
  • entender que a comunidade é responsável pela sua saúde e por organizar as atividades necessárias
  • entender as várias funções dum comitê responsável pelas questões de saúde da comunidade, dos sanitaristas e de parteiras

2. Treinamento Treinamento é necessário em vários níveis diferentes…

Nível nacional – Treinamento de facilitadores

Nível regional – Treinamento de facilitadores, treinadores e líderes de projetos

Nível local – Treinamento de treinadores, líderes de projetos e comitês comunitários de saúde

Nível comunitário – Treinamento de pessoas como sanitaristas, parteiras, membros de comitês de saúde e curandeiros tradicionais.

3. Identificando cuidados básicos de saúde na comunidade

Isto também é feito em vários níveis…

Nível regional – Reuniões com vários departamentos de saúde e governamentais sobre os cuidados básicos de saúde e atividades práticas que melhorem as condições nas comunidades.

Nível local – Obtendo o apoio de líderes da comunidade. Repita o processo de conscientização. Decida de que maneira se pode introduzir o trabalho de cuidados básicos de saúde.

Nível comunitário – Se reúna com os líderes da comunidade para levar estas idéias até eles e começar a conscientizá-los através de visitas domiciliares. Organise uma reunião com a comunidade e selecione um comitê de saúde local.

4. Ajudando a comunidade a iniciar seu próprio trabalho de assistência à saúde

Continue com o processo de conscientização. Através deste processo se conseguirá…

  • um acordo de cooperação entre a comunidade e o programa
  • identificar os problemas principais e soluções práticas para eles
  • selecionar os membros do comitê para liderar o projeto de cuidados básicos de saúde baseado na comunidade.

5. Compreendendo a situação atual

Treine o comitê de saúde e outras pessoas envolvidas que tenham abilidades ou qualidades relevantes ao trabalho em recolher informações sobre a situação atual e a compreensão de saúde. Os vilarejos, por exemplo, podem ser visitados com o próposito de se discutir com a população local os casos de doenças ocorridas, o nome que é dado a cada doença localmente e qual tratamento é usado. Antes que o projeto de saúde comece a funcionar é necessário que se compreenda os desejos e necessidades do vilarejo.

6. Ação e acompanhamento

Uma vez que o programa de saúde estiver em operação…

  • faça visitas regulares de acompanhamento (durante até cinco anos)
  • reúna os membros dos vilarejos para que eles troquem experiências e planos futuros uns com os outros
  • reforce as ligações com os centros locais de saúde e com o pessoal de saúde da área
  • ofereça cursos de recapitulação.

7. Avaliação

Discuta com os comitês de saúde, patrocinadores e trabalhadores de áreas como os objetivos propostos inicialmente estão sendo atingidos. Baseado nas conclusões das discussões e nas lições aprendidas, encorage o desenvolvimento de novas idéias e de planos para trabalhos futuros.

Ben Osuga é o Conselheiro Técnico da OXFAM para a Associação Comunitária de Cuidados Básicos de Saúde de Uganda. Este artigo foi adaptado dum documento apresentado ao governo de Uganda.

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