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Você trouxe um doko vazio?

Martha Carlough. O quadro de pessoal de saúde comunitária do Projecto de Saúde de Okhaldhunga, administrado pela ‘United Mission to Nepal’ (Missão Unida ao Nepal) começou um trabalho novo em quatro povoados no ano passado. Estes povoados foram escolhidos cuidadosamente, de acordo com o equilíbrio entre as necessidades e os recursos existentes nas comunidades.

1998 Disponível em Inglês, Francês, Português e Espanhol

De: Micro-empresas – Passo a Passo 35

Ideias e orientações para desenvolver pequenos negócios de sucesso

Martha Carlough.

O quadro de pessoal de saúde comunitária do Projecto de Saúde de Okhaldhunga, administrado pela ‘United Mission to Nepal’ (Missão Unida ao Nepal) começou um trabalho novo em quatro povoados no ano passado. Estes povoados foram escolhidos cuidadosamente, de acordo com o equilíbrio entre as necessidades e os recursos existentes nas comunidades.

O que estávamos oferecendo?

Durante um período de nove meses, nós passamos muito tempo nos esforçando para conhecer as comunidades, usando métodos de avaliação rural participativa (ARP). Pequenas equipes de funcionários trabalharam em cada povoado: mapeando os recursos, ordenando as necessidades por prioridades, entrevistando informantes e criando entrosamento com a comunidade. Nós conseguimos muitas informações. Nós ajudamos os moradores dos povoados a reconhecerem as suas próprias forças. Os membros das comunidades pareciam entusiasmados e comprometidos a trabalharem connosco. No entanto, quando eu participei em uma cerimônia de encerramento, onde os resultados da ARP estavam sendo partilhados, uma mulher do povoado me perguntou por que havíamos trazido um doko (cesto) vazio para o seu povoado. Assim como aqueles que haviam pesquisado em outros lugares, nós também estávamos apenas enchendo os nossos próprios cestos e cadernos? O que estavamos oferecendo para fazer uma diferença no povoado e por que não deixamos isto claro desde o começo?

O que nós queríamos?

Seguindo os princípios básicos da ARP, os nossos funcionários tinham tentado, arduamente, não dominar o processo de ordenação de prioridades e planeamento. Nós ouvimos os

moradores dos povoados, recolhemos dados e organizamos idéias. Mas enquanto estávamos fazendo isto, nós não conversamos claramente sobre o que estávamos tentando fazer e como poderia ser o futuro da parceria entre o pessoal de saúde comunitária e o povoado. Nós havíamos trazido apenas um doko vazio. Participação é muito mais do que um conjunto de ferramentas ou um processo democrático de capacitação. Participação é parceria. Todos nós chegamos com programas de trabalho que precisam ser esclarecidos, discutidos e estarem abertos às mudanças, ao darmos as mãos para trabalharmos com as comunidades.

A avaliação rural participativa se tornou um componente chave para todos os tipos de trabalho de desenvolvimento. Ela é um selo de aprovação de que o trabalho provém das bases, é democrático e gera capacitação. Porém, os programas de actuação continuam sendo desenvolvidos fora das comunidades com freqüência e a ARP serve para identificar expectativas que não podem ser atendidas dentro das limitações do quadro de funcionários e do financiamento dos programas para os quais trabalhamos.

Os interesses de Jesus

Como cristãos na área de desenvolvimento, nós temos idéias e interesses. Nós não podemos fingir o contrário. Jesus Cristo tinha idéias e interesses ao lidar com as pessoas. Ele atendia a suas necessidades que elas tinham – com a cura física, alimentos e água, palavras para crescimento pessoal – mas o seu interesse maior era levá-las à salvação. Jesus practicou ARP ao capacitar as pessoas a reconhecerem as suas próprias necessidades e dons e formarem parcerias com Ele. Ele realizou diagnósticos sobre a comunidade e determinou onde e quando as Suas palavras seriam usadas de maneira mais eficaz – no mercado, na sinagoga, ao lado do lago. Ele não ofereceu um doko vazio e nós também não devemos fazer isto. Seria sábio seguir o exemplo de Cristo, sendo abertos sobre o que acreditamos e o que podemos oferecer. O nosso desafio como cristãos envolvidos em saúde e desenvolvimento e engajados em trabalho participativo, é sermos claros sobre o que acreditamos e podemos oferecer e, ao mesmo tempo, atender às necessidades, identificar pontos fortes e formar parcerias com as comunidades para criar mudanças sustentáveis.

Martha Carlough é a Diretora do Projecto de Saúde Okhaldhunga. O endereço dela é: United Mission to Nepal, PO Box 126, Kathmandu, Nepal.

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