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Artigos

O uso do teatro no desenvolvimento

A beleza do teatro como ferramenta de comunicação

2004 Disponível em Inglês, Francês, Português e Espanhol

Revistas Passo a Passo em francês, espanhol, português e inglês, espalhadas sobre uma mesa de madeira

De: Teatro para o desenvolvimento – Passo a Passo 58

O uso do teatro para incentivar a compreensão sobre diferentes questões comunitárias

Tim Prentki e Claire Lacey.

O teatro pode cruzar as barreiras da língua e da cultura e é um meio de comunicação extremamente útil …

  • O teatro não requer alfabetização ou uma boa oratória para ser eficaz.
  • O teatro comunica-se com a pessoa como um todo – não apenas com o nosso pensamento e a nossa razão. Ele apela para as nossas emoções, paixões e preconceitos. Ele nos desafia a encarar-mos aspectos das nossas vidas que tentamos ignorar.
  • Ele é uma forma divertida de compartilhar informações. Tanto os adultos quanto as crianças aprendem mais quando estão interessados.
  • O teatro não usa apenas palavras. Ele também pode se comunicar com eficácia através da mímica, da dança e das imagens.

O teatro tem sido usado no desenvolvimento comunitário de várias maneiras:

  • Propaganda educativa
    Os governos e as ONGs podem usar o teatro para transmitir mensagens através de uma abordagem “de cima para baixo”. Por exemplo, uma agência de desenvolvimento ou um grupo comunitário pode usar uma peça que incentive a utilização de fogões solares para evitar o derrube de árvores. Embora esta possa ser uma maneira eficaz de passar informações adiante, ela não será eficaz, se ignorar a cultura e a situação locais, assim como o conhecimento e a experiência dos espectadores.
  • Incentivando-se a participação
    O teatro para o desenvolvimento pode incentivar a participação ativa das pessoas cujas vozes não são normalmente ouvidas na comunidade. O uso de histórias ajudam as pessoas a expressarem como compreendem o que lhes acontece nas suas vidas cotidianas. Estas estórias podem incentivar uma participação verdadeira. O teatro para o desenvolvimento transforma as histórias particulares e individuais em dramas coletivos.
  • Defesa de direitos
    O teatro pode oferecer um meio para que os espectadores participem das questões levantadas e pode causar um impacto muito maior do que outras formas de defesa de direitos. O teatro pode desafiar pessoas que talvez sejam capazes de responder e agir quanto às questões levantadas.
  • Terapia
    A dramatização pode ser usada como terapia para ajudar as pessoas a lidarem com o trauma e os problemas emocionais. Para isto, são necessários um treinamento especial e compreensão.

Desenvolvendo as próprias histórias das pessoas 

As estórias podem ser usadas para ajudar as pessoas e as comunidades a compreenderem o seu lugar no mundo. Os facilitadores externos que estiverem planeando usar o teatro com uma comunidade precisam de passar algum tempo desenvolvendo relacionamentos com as pessoas. Eles precisam de criar confiança e segurança com as pessoas, mostrando humildade, interesse e aprendendo sobre os problemas da região.

Encontrar uma maneira interessante de incentivar as pessoas a conversarem sobre si próprias é geralmente um bom ponto de partida. Pode-se pedir aos participantes que tragam ao encontro um objeto de valor pessoal e, então, contem as histórias desses objetos. Pode-se pedir às pessoas que cantem as suas canções favoritas. Compartilhar estórias sobre o passado requer confiança e abertura. Os facilitadores podem oferecer suas próprias estórias primeiro e, então, podem pedir às outras pessoas que façam o mesmo. Ao compartilhar uma variedade de estórias, os aspectos mais importantes da comunidade gradualmente virão à tona.

Elaboração de estórias 

Há muitas técnicas para este processo. Pode-se começar simplesmente colocando-se as pessoas em duplas e pedindo-lhes para que contem estórias umas às outras. A pessoa que ouviu a estória, então, reconta o que acabou de ouvir para uma outra pessoa.

Ou os participantes poderiam contar uma estória, um para o outro, num círculo, sendo que cada pessoa faz uma pequena alteração cada vez que ela é recontada.

A seguinte atividade também poderia ser usada para ajudar um grupo a elaborar uma estória:

  • Divida os participantes em dois grupos e forme duas rodas – uma roda interna e uma externa, com cada participante da roda interna de frente para um participante da roda externa.
  • Peça à roda interna para que comece uma estória. É útil dar sugestões. Por exemplo, “Contem uma estória sobre uma caixa secreta.” Cada pessoa, então, inventa uma estória e conta-a para o parceiro da roda externa por exatamente um minuto.
  • Peça à roda externa para que dê um passo para o lado e se coloque em frente ao parceiro seguinte e, então, conte a estória que eles acabaram de ouvir para os novos parceiros da roda interna. Desta vez, porém, eles devem acrescentar algo novo à estória – por exemplo, “um leopardo”. Mais uma vez, eles contam a estória por exatamente um minuto. Sugira palavras para incentivá-los a pensarem em tópicos específicos, tais como intimidação, violência e os papéis do homem e da mulher. Entretanto, é importante acrescentar idéias ridículas também, para que haja um clima alegre.
  • Peça à roda externa para que dê mais um passo para o lado, colocando-se em frente à próxima pessoa da roda interna, a qual, então, repetirá a estória que acabou de ouvir – mais uma vez, sobre “a caixa secreta”, “o leopardo” e mais uma idéia nova.
  • Continue este processo de mudar os participantes externos um lugar de cada vez. Alternadamente, os participantes ouvirão uma estória e, então, a contarão para uma outra pessoa – sempre acrescentando uma nova idéia. Faça-os parar, quando todos os participantes da roda externa tiverem formado duplas com todos os participantes da roda interna. As estórias ficarão bastante desordenadas e confusas, mas isto faz parte da diversão!
  • No final do exercício, cada pessoa terá uma estória final totalmente diferente, que incluirá a colaboração de cada participante. Divida os participantes, então, em vários pequenos grupos. Peça a cada um deles para que contem suas estórias finais para os outros e decidam qual delas preferem.

Depois, estas estórias podem ser contadas para os outros grupos. As decisões sobre o que deve ser incluído nas estórias revelarão muitas coisas sobre o grupo como um todo – como eles se sentem, o que pensam e no que acreditam e como se relacionam com os outros na comunidade.

Transformando as estórias em peças 

A qualidade da apresentação provavelmente estará ligada a até que ponto os participantes sentem que o material pertence a eles. Os participantes devem, portanto, decidir em conjunto que estória escolher para transformar numa peça. O facilitador talvez precise de salientar questões práticas sobre o que é possível dramatizar! Os participantes talvez também possam incorporar partes das estórias descartadas à estória escolhida.

Exploração de questões 

Muitas questões delicadas, que talvez sejam arriscadas ou perigosas demais para serem discutidas abertamente, podem ser exploradas através do uso da dramatização. Desempenhar o papel de uma personagem diferente permite às pessoas dizerem coisas que não seriam possíveis com suas próprias vozes. Às vezes, o humor pode ajudar a compartilhar questões difíceis ou delicadas de maneiras que não sejam ofensivas.

As pessoas não precisam de basear o teatro na sua situação atual. Podem-se imaginar outras situações ou circunstâncias culturais.

O teatro pode, às vezes, oferecer várias alternativas para a estória com suas conseqüências, ao invés de oferecer apenas uma solução definitiva. Isto pode incentivar as pessoas a pensarem nas alternativas e considerarem como elas pessoalmente responderiam à situação. Pense bastante sobre como envolver os espectadores. Eles poderiam ser envolvidos:

  • como outros actores?
  • como participantes do debate?
  • através de atividades posteriores e discussões?

A sustentabilidade no uso do teatro é muito importante depois que os facilitadores vão embora. Sempre que possível, devem-se encontrar pessoas dentro da comunidade que possam ser treinadas em facilitação para permitir que o processo seja continuado pela comunidade sem a ajuda externa.

Tim Prentki é Professor Catedrático de Teatro para o Desenvolvimento em King Alfred’s College, Winchester, Reino Unido. Ele recentemente escreveu, em co-autoria, o livro Popular Theatre in Political Culture (veja a página 14). E-mail: [email protected]

Claire Lacey é enfermeira e, no momento, está estudando teatro para o desenvolvimento em King Alfred’s College, com ênfase na utilização do teatro para ajudar a combater o HIV (VIH) e a AIDS (SIDA). E-mail: [email protected]

Glossário

  • dramatização experiência de se comunicar através de actores
  • peça guião (script) escrito sobre o qual a dramatização está baseada
  • representação de papéis método através do qual as pessoas comuns participam da dramatização
  • teatro comunicação entre actores e espectadores; também o local em que as peças são desempenhadas 

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