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Facilitação eficaz

Sophie Clarke. Facilitação é o processo de se conduzir um grupo na aprendizagem ou na mudança, de uma forma que incentive todos os membros a participarem. Esta abordagem parte do pressuposto que cada pessoa possui algo único e valioso para compartilhar. Sem a contribuição e o conhecimento de cada pessoa, a capacidade do grupo de compreender ou responder a uma situação pode diminuir. O papel do facilitador é extrair o conhecimento e as idéias dos diferentes membros de um grupo e procurar ...

2004 Disponível em Inglês, Francês, Espanhol e Português

Foto: Isabel Carter/Tearfund

De: Habilidades em facilitação – Passo a Passo 60

Como facilitar a aprendizagem participativa de forma eficaz

Sophie Clarke.

Facilitação é o processo de se conduzir um grupo na aprendizagem ou na mudança, de uma forma que incentive todos os membros a participarem. Esta abordagem parte do pressuposto que cada pessoa possui algo único e valioso para compartilhar. Sem a contribuição e o conhecimento de cada pessoa, a capacidade do grupo de compreender ou responder a uma situação pode diminuir. O papel do facilitador é extrair o conhecimento e as idéias dos diferentes membros de um grupo e procurar incentivá-los a aprenderem uns com os outros, a pensarem e a agirem juntos.

O papel do facilitador 

O facilitador é uma pessoa que:

  • reconhece os pontos fortes e as habilidades dos membros individuais do grupo e ajuda-os a se sentirem à vontade para compartilharem as suas esperanças, preocupações e idéias
  • apóia o grupo, dando aos participantes confiança para compartilharem e experimentarem novas idéias
  • valoriza a diversidade e leva em consideração as diferentes necessidades e interesses dos membros do grupo. Estas diferenças podem ser por causa do sexo, da idade, da profissão, da instrução e do status econômico e social.
  • lidera dando o exemplo através de atitudes, da abordagem e de ações.

A facilitação e o ensino tradicional

O ensino tradicional consiste em compartilhar informações numa só direção: do professor para o aluno. A facilitação consiste em compartilhar as informações em várias direções: entre o facilitador e o grupo e entre os membros do grupo. O educador brasileiro, Paulo Freire, acreditava que o ensino devia ser libertador. Ao invés de dar as respostas aos alunos, o ensino deve visar uma maior conscientização, para que eles sejam capazes de identificar os problemas e suas causas e encontrar soluções para eles. O papel do facilitador é ajudar o grupo ao longo deste processo, fazendo perguntas que incentivem novas formas de pensar sobre a situação e de analisá-la. Deve haver um equilíbrio entre oferecer idéias para guiar o grupo e escutar e questionar pacientemente.

A relação entre o facilitador e um grupo de adultos é diferente da relação entre o professor e uma classe. Por exemplo, o professor normalmente apresenta idéias na frente da classe, enquanto que o facilitador senta-se com o grupo e incentiva a discussão em grupo. O facilitador envolve o grupo em atividades que ajudem os adultos com pouca instrução, alfabetização ou confiança a participarem de forma total.

O professor possui uma relação formal com seus alunos, na qual ele está numa posição de autoridade. O facilitador está numa posição de igualdade e, muitas vezes, é alguém de dentro da comunidade, sem um papel de liderança formal, que deseja trabalhar com os outros, para fazer mudanças positivas em sua comunidade. A relação do facilitador com os membros do grupo baseia-se na confiança, no respeito e no desejo de servir.

Em que consiste um bom facilitador?

Um bom facilitador possui certas características pessoais que incentivam os membros do grupo a participarem, entre elas, a humildade, a generosidade e a paciência, combinadas com a compreensão, a aceitação e o incentivo. Estes são dons que todos nós deveríamos desenvolver.

Um bom facilitador também precisa de várias habilidades (veja a tabela acima) e terá de usar uma variedade de técnicas para incentivar os membros do grupo a participarem de discussões ou atividades e ajudá-los a aplicar o que aprenderam nas suas vidas. Entre estas técnicas, estão:

  • pedir ao grupo para apresentar e compartilhar informações, usando desenhos, diagramas ou materiais visuais, especialmente quando alguns membros do grupo possuem pouca instrução ou alfabetização
  • dividir o grupo em grupos menores, para incentivar os membros tímidos a participarem
  • usar discussões e atividades em grupo, que permitam aos alunos envolverem-se ativamente no processo de aprendizagem
  • pedir ao grupo que entre em acordo quanto a algumas regras para a participação, para que cada pessoa se sinta livre para compartilhar as suas idéias. Estas regras poderiam ser: não interromper, respeitar os pontos de vista diferentes e decidir um número máximo de argumentos que uma pessoa pode tentar provar numa discussão. Se o grupo entrar em acordo quanto a estas regras, eles terão compartilhado a propriedade e a responsabilidade, a fim de assegurarem que sejam seguidas
  • dar tarefas específicas para as pessoas dominantes, a fim de proporcionar espaço para que os outros participem, mantendo, ao mesmo tempo, todos ativamente envolvidos
  • lidar com o conflito de forma sensível e apropriada, de maneira que as diferenças sejam valorizadas e respeitadas.

Dificuldades que os facilitadores podem enfrentar

Assumir o controle Uma das maiores dificuldades que os facilitadores podem enfrentar é a tentação de assumir o controle de uma discussão ou do processo de mudança. Isto freqüentemente resulta de um desejo genuíno de ajudar o grupo a ir adiante. Se estivermos acostumados com um estilo de ensino formal e se não tivermos tido a oportunidade de observar bons facilitadores trabalhando, pode ser muito difícil mudarmos nossa abordagem quanto à troca de idéias.

Perguntas difíceis Pode ser difícil lidar com as perguntas das pessoas. Os facilitadores podem achar que deveriam ter todas as respostas. Eles podem não ter confiança na sua própria capacidade de lidar com as perguntas relativas a um assunto em particular. Os facilitadores podem simplesmente dizer que não sabem o suficiente sobre uma pergunta em particular para dar uma resposta, mas que vão procurar saber mais para o próximo encontro. É muito útil para eles saberem onde encontrar mais informações. Os facilitadores também podem usar a sabedoria e o conhecimento de outros membros da comunidade, fora do grupo imediato.

Lidar com o conflito Às vezes, as pessoas possuem idéias fortes e conflitantes sobre um assunto. As más relações dentro do grupo também afetam a maneira como o grupo trabalha junto, como um todo. O facilitador precisa levar em consideração as diferenças e os conflitos e incentivar as pessoas a superá-los, tendo em mente as metas e os interesses que possuem em comum.

Quem precisa de habilidades em facilitação?

As habilidades em facilitação são essenciais para qualquer pessoa que esteja procurando liderar os outros num processo participativo de discussão, aprendizagem e mudança. Para que um processo como este pertença à comunidade, ele precisa ser relevante e acessível para a sua cultura e língua. Qualquer troca de informações que houver não deve vir apenas de fora da comunidade. Há muito conhecimento, dentro das comunidades, que pode ser compartilhado. O facilitador pode ajudar os membros da comunidade a comparti-lharem seus conhecimentos uns com os outros. O facilitador pode ser tanto de dentro quanto de fora da comunidade.

Conclusões

Facilitação significa empoderar os outros. Ela consiste em largar mão do controle do resultado de um processo e entregar esta responsabilidade ao grupo. Isto mostra um comprometimento sincero com o valor e o potencial das pessoas. O processo participativo facilitado exige tempo e paciência. Ele deve estar aberto à orientação de Deus. Isto é um desafio para aqueles de nós que querem ver resultados imediatos! No entanto, no final, ele levará a uma mudança mais abrangente e sustentável, devido ao desenvolvimento de relações fortes, à qualidade da aprendizagem e porque o grupo é o proprietário do processo.

O melhor facilitador é aquele “que as pessoas mal percebem que ele ou ela existe…”

Sophie Clarke coordena o trabalho PILARES para a Tearfund. Ela possui experiência em treinamento em alfabetização e facilitação de pequenos grupos. Seu endereço é 100 Church Road, Teddington, TW11 8QE, Reino Unido.
E-mail:
[email protected] 


Habilidades em facilitação

Algumas das habilidades de que um bom facilitador precisa são:

  • escutar os outros
  • comunicar-se claramente
  • verificar se todos estão compreendendo, fazendo um resumo e organizando idéias diferentes juntos
  • pensar e agir com criatividade
  • lidar com os sentimentos das pessoas
  • incentivar o humor e o respeito
  • estar bem preparado ao mesmo tempo em que permanece flexível
  • manter-se dentro do horário sem se deixar controlar por ele.

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