O Faith Alive, um hospital situado em Jos, na Nigéria, tomou medidas deliberadas para envolver os homens em seus serviços pré-natais, os quais incluem os testes de HIV para a prevenção da transmissão do HIV de pais para filhos. Quando uma mulher vai à clínica, ela recebe um cartão convidando o companheiro para vir ao hospital para um debate de rotina. Não é mencionado nada sobre o teste de HIV no cartão. Os funcionários do hospital entendem que muitos homens precisam pedir folga no trabalho para comparecer à clínica, portanto eles são flexíveis ao marcar a hora da visita dos homens, dando-lhes prioridade na clínica.
Os homens são convidados a participar de grupos de debate. O líder do grupo começa o debate dando as boas-vindas aos participantes, agradecendo por sua presença e explicando a importância do papel do pai nos cuidados pré-natais. O líder do grupo pede a um voluntário entre os homens para demonstrar o que sabe sobre como dar banho num bebê ou trocar uma fralda. Isto é motivo de muita gargalhada e diversão e permite que os participantes se envolvam de maneira alegre e brincalhona.
As sessões terminam com uma aula sobre o HIV e a importância de fazer o teste para prevenir a transmissão do HIV de pais para filhos. São oferecidos testes de HIV aos homens imediatamente sem a necessidade de marcar uma consulta separada, e os que precisam recebem antirretrovirais (medicamentos usados para tratar o vírus HIV).
Os homens vestem orgulhosamente as camisetas com os dizeres “Pai Cuidadoso” ou “Pai Amoroso” que recebem quando vão à clínica. Estas camisetas não mencionam nada de HIV ou hospital. Isso os incentiva a porem em prática as suas responsabilidades paternas e contar a outros homens o que aprenderam nos debates do grupo.
Caroline Onwuezobe, que chefia o envolvimento masculino na clínica pré-natal, diz: “Aqui, os homens são tratados como reis, ao contrário de outros hospitais, onde não faz parte da cultura que os homens frequentem as clínicas pré-natais”.
Estudo de caso escrito por Jennifer Snelling.
Caroline entrevistou um dos homens que estavam na clínica para uma consulta pré-natal.
Por que você começou a acompanhar a sua esposa nas consultas pré-natais?
A clínica pré-natal me convidou. Achei que era uma boa ideia ir com ela à clínica para obter pessoalmente informações sobre todos os problemas e poder usá-las para salvar tanto a mãe quanto o bebê, se necessário.
Quantas vezes você já acompanhou sua esposa às consultas?
Seis vezes, incluindo o dia do parto.
Alguma coisa mudou para melhor na saúde da sua esposa desde que você começou a acompanhá-la?
Sim, a atitude dela em relação a tomar os medicamentos que lhe deram na clínica pré-natal melhorou: ela parou de ser relutante em tomá-los direito e começou a seguir todas as instruções que lhe dão.
A experiência de parto da sua esposa foi melhor pelo fato de ir às consultas?
Sim, ela se sentiu extremamente empolgada, alegre e incentivada, e, até na hora de ir para dar à luz, ela recebeu apoio.
Você acha que agora é mais provável que os homens acompanhem as esposas à clínica pré-natal?
Acho que haverá mais homens acompanhando as companheiras à clínica pré-natal agora, depois de ver o que eu aprendi quando fui e como fui bem tratado. A maioria dos homens ignora o fato de que os pais devem participar, o que os deixa relutantes, mas, à medida que eles se conscientizarem disso, tenho certeza de que começarão a ir.
Por que fazer um teste de HIV na gravidez?
- Se os pais souberem o seu status de HIV durante a gravidez, terão muito mais condições de proteger o seu bebê ainda não nascido.
- Frequentemente, na mesma hora em que se faz o teste de HIV, é possível fazer também um teste de sífilis. A mãe pode ter sífilis na gravidez sem saber, o que pode causar danos ao bebê ainda não nascido ou mesmo matá-lo. Uma única dose de penicilina no início da gravidez protegerá o bebê.
- É importante fazer um teste de HIV o mais cedo possível na gravidez. Se a mãe for soropositiva, ela poderá começar a tomar antirretrovirais, os quais reduzem as chances de transmissão do HIV para o bebê.
- Os pais e as mães soropositivos podem aprender a planejar o parto e os primeiros cuidados do recém-nascido de maneira que reduza as chances de que o filho também venha a ser soropositivo. Eles precisarão do apoio de agentes de saúde para isso.