Se você cria aves, é muito importante aprender como detectar se uma ave não está saudável ou se está doente para poder tomar medidas, caso contrário, a doença poderá espalhar-se entre as outras aves, e você poderá perder o bando inteiro.
As doenças podem ser introduzidas no bando das seguintes formas:
- Compra de aves de fontes não confiáveis.
- Contato entre aves adultas, que podem ser portadoras de doenças, e os pintinhos.
- Contato entre aves portadoras de doenças de outras granjas e suas galinhas saudáveis.
- Contato entre roedores, moscas e pássaros silvestres, que podem ser portadores de doenças, e galinhas saudáveis.
- Dar água suja ou alimentos contaminados ou velhos às galinhas.
- Pessoas, que podem carregar doenças nos pés, nas mãos ou nas roupas.
- Utilização de cama de aviário velha, que pode conter doenças, ou falta de limpeza ou de desinfecção dos galinheiros.
- Equipamento contaminado (cochos de ração e água).
As doenças são muito graves nas galinhas que não são bem alimentadas e que não bebem sempre água limpa. Elas devem ser mantidas em galinheiros com ar fresco suficiente e, sempre que possível, devem ser vacinadas contra as doenças que podem ser evitadas.
Além de manter suas aves em boa saúde, os avicultores podem controlar as doenças nas suas granjas através da prevenção do contato entre os pintinhos e as aves mais velhas durante o choco e da compra de pintinhos somente de fontes de confiança.
Ave saudável
- Alerta e vigilante
- Olhos e crista brilhantes
- Caminha, corre, fica de pé e esgravata
- Come e bebe normalmente
- Penas lisas e em boas condições
- Fezes compactas e macias
- Respira silenciosamente
Ave não saudável ou doente
- Cansada e sem vida
- Olhos e crista sem brilho
- Fica sentada ou deitada
- Põe menos ovos ou para de pô-los
- Penas eriçadas e frouxas
- Fezes molhadas, com sangue ou vermes
- Diarreia
- Tosse, espirra e respira ruidosamente
Doenças comuns nas galinhas
Doença de Newcastle
A doença de Newcastle é uma doença grave e mortal que afeta galinhas de todas as idades, bem como outros tipos de aves. Ela é causada por um vírus que consegue sobrevier nas fezes das aves por até 2 meses e nas carcaças de aves mortas por até 12 meses, mas que pode ser facilmente morto com desinfetantes, fumigantes e luz solar direta. O vírus espalha-se rapidamente e pode matar a maioria das galinhas do local. A doença geralmente afeta os sistemas respiratório e nervoso.
SINTOMAS
- Febre, depressão e perda de apetite
- Cabeça inchada e, às vezes, barbilhões inchados
- Secreção aquosa das narinas e dos olhos, com dificuldade para respirar
- Sinais nervosos, como torção da cabeça e do pescoço, paralisia e caminhar cambaleante, asas caídas e afastadas do corpo
- Diarreia esverdeada, às vezes com sangue
- Morte súbita
DIAGNÓSTICO
- Autópsia realizada por um profissional de saúde animal treinado (alguns sinais são: inchaço avermelhado nas paredes do esôfago e do sistema digestivo, manchas amareladas nos intestinos)
- A galinha nunca foi vacinada contra a doença de Newcastle
TRATAMENTO
Não há tratamento. Será necessário matar e descartar todas as aves doentes (veja a página 14).
PREVENÇÃO
Vacinação. Manter a boa higiene e descartar adequadamente as galinhas doentes.
Bouba aviária
Bouba aviária é uma doença de galinhas propagada gradualmente por mosquitos. Ela é causada por um vírus e afeta galinhas de todas as idades, bem como muitas outras espécies de aves. Ela ocorre em duas formas: a forma seca, que causa feridas na pele (crostas), e a forma molhada, que causa feridas na boca e na garganta. A forma molhada pode causar asfixia se a traqueia ficar obstruída.
SINTOMAS
- Feridas nas partes do corpo sem penas (cabeça, olhos, pernas, cloaca), que podem, mais tarde, transformar-se em crostas e escorrer pus
- Feridas na língua, na boca e na traqueia, que podem causar a morte por asfixia
- As pálpebras podem ficar grudadas, de maneira que a galinha não consegue enxergar para comer ou beber
- Os pés e as pernas podem ser afetados e inchar
DIAGNÓSTICO
Na autópsia, serão encontradas feridas, especialmente crostas, na face, na boca, na garganta ou nos pés.
TRATAMENTO
- Separe todas as galinhas afetadas do bando
- Preste cuidados especiais às galinhas afetadas:
- facilite o acesso aos alimentos e à água
- limpe as feridas e aplique pomada antibiótica ou violeta de genciana
- aplique pomada antibiótica feita especialmente para os olhos. ATENÇÃO: Nunca coloque pomada comum para pele nos olhos ou perto deles.
PREVENÇÃO
- Vitaminas ou antibióticos na água para beber são úteis
- Vacinação
- Reduza a quantidade de mosquitos perto do galinheiro drenando as áreas onde eles se reproduzem. Durante um surto, pode ser necessário usar um spray contra mosquitos dentro e ao redor do galinheiro.
Doença Respiratória Crônica (DRC)
A doença respiratória crônica é uma doença causada por um organismo chamado “Mycoplasma gallisepticum”. Ela é inicialmente introduzida no bando por ovos infectados, mas, depois, propaga-se através do contato de ave para ave e do contato com gotículas expelidas na respiração das galinhas no ar ou no equipamento. A mudança para outro local, a superlotação ou qualquer forma de estresse pode desencadear um surto de DRC. A doença é complexa porque são necessárias três ou mais condições para que ela se desenvolva. Uma das condições é a presença de micoplasmas. A segunda condição é o estresse (por exemplo, temperaturas e umidade extremas, transporte ou a introdução de novas aves no bando já estabelecido). A terceira condição é a presença de outra bactéria, como a E. coli. A DRC também afeta os perus, as aves de caça, as pombas e outras aves silvestres. Os patos e os gansos podem-se infectar se forem mantidos com galinhas infectadas.
SINTOMAS
- Secreção dos olhos ou das narinas
- Dificuldade para respirar
- Falta de apetite para comer e beber
- Crescimento inadequado
DIAGNÓSTICO
A autópsia mostrará um pus viscoso e amarelado (semelhante a queijo) ao redor do coração, nos pulmões e nos sacos aéreos; traqueia inflamada (avermelhada); e seios paranasais inflamados (avermelhados) e com muco.
TRATAMENTO
Antibióticos (sempre consulte um profissional de saúde animal antes de tratar suas galinhas).
PREVENÇÃO
- Para frangos de corte: crie apenas uma faixa etária de cada vez (isso se chama programa “all-in, all-out”, ou seja, “todos dentro, todos fora”). Limpe e desinfete as instalações entre cada grupo de frango de corte.
- Compre pintinhos de bons centros de incubação, que garantam estar livres de micoplasma. Os pintinhos desses centros podem custar mais caro.
- Peça orientação a um profissional de saúde animal sobre exames de sangue para micoplasma. Incubar ovos somente de galinhas com resultados de exames negativos previne a propagação da doença.
Parasitas externos
Piolhos, ácaros, carrapatos e pulgas são parasitas externos comuns nas galinhas. Os piolhos e os ácaros picam e danificam a pele. Os ácaros, carrapatos e pulgas sugam o sangue e causam anemia (sangue fino) e baixa produção de ovos. Certos parasitas externos podem portar outras doenças, como a bouba aviária.
SINTOMAS
- Os piolhos causam a escamação e a danificação da pele e, frequentemente, são visíveis a olho nu.
- Os ácaros da perna escamosa deixam as pernas com crostas, mais grossas e com mau aspecto. Os ácaros vermelhos (também chamados de piolho das galinhas) atacam durante a noite e podem causar anemia grave, o que enfraquece as aves e baixa sua produção de ovos. Os ácaros das penas produzem crostas e também causam anemia e consequente baixa produção de ovos. Os ácaros das penas tendem a ser semelhantes a partículas de poeira em movimento.
- As pulgas podem penetrar na pele e causar úlceras.
- Os mosquitos podem sugar o sangue das aves e causar a baixa produção de ovos ou até mesmo a morte. Os mosquitos também portam várias doenças virais, como a bouba aviária.
- Os carrapatos atacam à noite e sugam o sangue, o que causa anemia e baixa produção de ovos. Com frequência, podem ser observados pontos vermelhos no local onde os carrapatos se alimentaram. Os carrapatos também podem portar doenças.
TRATAMENTO
Consulte um profissional de saúde animal, que poderá receitar inseticidas para matar o parasita. No caso dos ácaros das pernas, as pernas podem ser mergulhadas em querosene, mas tome muito cuidado para que o querosene não entre em contato com as penas ou a pele. ATENÇÃO: Os inseticidas podem ser nocivos se forem usados indevidamente. Sempre misture e aplique os inseticidas conforme as instruções.
Este artigo foi adaptado a partir de “Where there is no animal doctor”, de autoria do Dr. Peter Quesenberry e da Dra. Maureen Birmingham, Christian Veterinary Mission, ISBN 1-886532-11-7. Acesse www.cvmusa.org/books para encomendar um exemplar impresso. .