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Treinamento participativo em Tanzania

pelo Dr Thomas Kroeck. Métodos de aprendizagem e acção participativa (AAP) podem ser muito úteis como métodos de recolha de informações para o planeiamento e implementação de projectos de desenvolvimento. Eles têm várias vantagens em comparação com pesquisas formais.

1997 Disponível em Inglês, Espanhol, Português e Francês

Revistas Passo a Passo em francês, espanhol, português e inglês, espalhadas sobre uma mesa de madeira

De: Acção e aprendizagem participativa – Passo a Passo 29

Como garantir que todos tenham a oportunidade de contribuir para as decisões locais

pelo Dr Thomas Kroeck.

Métodos de aprendizagem e acção participativa (AAP) podem ser muito úteis como métodos de recolha de informações para o planeiamento e implementação de projectos de desenvolvimento. Eles têm várias vantagens em comparação com pesquisas formais.

Algumas destas vantagens são…

  • As pessoas locais são incentivadas a participar desde o começo quando os projectos são planeiados.
  • Os custos com o uso de métodos de AAP são geralmente mais baixos do que com pesquisas formais.
  • A informação pode ser colocada imediatamente à disposição de todos, aos da comunidade e aos que planeiam o projecto.

Devido a isto, os métodos de AAP são muito adequados para as organizações de desenvolvimento com uma abordagem de baixo para cima e com recursos financeiros e humanos limitados, assim como igrejas e outras ONGs.

Na Diocese do Monte Kilimanjaro, esta abordagem de desenvolvimento ainda é nova. Alguns métodos de AAP foram usados em seminários mas ainda estamos aprendendo como usar AAP para o planeiamento e implementação de projectos de desenvolvimento sustentáveis.

Em outubro de 1992, usamos os métodos de AAP na aldeia Kiru Dick, no distrito de Babati, pelas seguintes razões:

  • para ajudar os moradores da aldeia a compreenderem a sua própria situação e tomarem uma atitude para o seu próprio desenvolvimento
  • para ajudar os trabalhadores a tempo parcial da igreja (evangelistas) da região de Babati a assumirem uma função activa no desenvolvimento de suas aldeias
  • para adquirirem uma compreensão mais profunda da situação nas áreas rurais para poderem planeiar projectos relevantes de desenvolvimento e programas de treinamento.

Informações sobre a área

A aldeia de Kiru Dick está no distrito de Babati no norte da Tanzania. Ela fica a 12 km ao noroeste da cidade de Babati, nos declives do sul do Vale de Kiru, que faz parte do Vale Rift. Kiru Dick consiste em quatro vilas com uma população total de aproximadamente 1,700 pessoas. Escolhemos a vila de Mbuni para usarmos os exercícios de AAP. Ela tem uma área de aproximadamente 20 km2 e uma população de aproximadamente 640 pessoas. Pelo menos um terço da área é cultivada por sítios (quintas) arrendadas.

A equipe de AAP

Usamos uma equipe de 20 pessoas – algumas da aldeia e algumas de fora. A equipe principal ficou responsável pela organização. Eles incluíram o agente de desenvolvimento da diocese, dois técnicos agrícolas de um centro de treinamento de uma diocese, um trabalhador do Clube de Mães, pessoas locais indicadas pelo governo da aldeia e pela igreja e obreiros das igrejas da região de Babati que haviam recebido treinamento durante três meses no centro de treinamento. Treze membros da equipe eram da aldeia e sete eram de fora. Havia cinco mulheres e quinze homens. A maioria dos membros da equipe tinham educação primária e todos eram alfabetizados.

Foi feita uma visita inicial um mês antes do seminário e os exercícios de AAP propostos foram discutidos com os líderes da aldeia e anciãos da igreja. No entanto, não foi definido um programa definido na época. Quando eles chegaram, a equipe ficou sabendo que a direcção da aldeia já tinha anunciado o seu programa. Como resultado disto, o programa preparado pela equipe foi ajustado um pouco. Outras mudanças foram feitas durante a realização do seminário. O seguinte programa é o resultado deste processo.

Programa

Primeiro dia À chegada, os membros da equipe reuniram-se primeiro com o líder da aldeia, seu secretário e mais tarde com os anciãos e discutiram sobre a história da aldeia, problemas de saúde, de agricultura e criação de gado.

Segundo dia A equipe reuniu-se para apresentar os novos membros, explicar os princípios do método AAP e para aprender sobre o uso de calendários das estações e mapeamento. À tarde eles começaram os exercícios com os moradores da aldeia. Eles começaram o delineamento da vila de Mbuni com eles e depois prepararam um calendário das estações. (Veja as páginas 8–9.)

Terceiro dia A equipe discutiu sobre a recolha de informações através de entrevistas informais e discussões em grupo. À tarde eles se dividiram e se reuniram com três grupos – mulheres, jovens e líderes comunitários (com os quais fizeram exercícios de classificação). À noite, eles foram apresentados aos cortes transversais.

Quarto dia No dia seguinte, eles dividiramse novamente em três grupos – dois deles atravessaram cortes transversais diferentes e o terceiro grupo visitou o posto médico para recolher informações sobre a situação de saúde.

Durante a semana, a equipe reuniu-se regularmente para discutir sobre as actividades e avaliá-las – geralmente cedo pela manhã e todas as noites.

Quinto dia Na última manhã, eles reuniramse para discutir os resultados e sobre como apresentá-los aos moradores da aldeia.

 

Durante a última tarde, eles apresentaram os resultados aos moradores e discutiram sobre qual planeiamento e actividades deveriam resultar.

Conclusões

Devido aos membros da equipe, incluindo a equipe principal, não terem muita experiência em AAP, este exercício foi uma boa oportunidade de aprendizagem. Apesar de alguns problemas, a impressão geral foi que todos os membros da equipe gostaram do seminário e aprenderam muito.

Alguns dos problemas que encontramos foram:

  • confusões sobre o programa devido à falta de planeiamento detalhado com os moradores da aldeia
  • assistência e participação reduzidas nas discussões em grupo
  • atitude de descriminação entre os cientistas e os moradores da aldeia
  • falta de pontualidade
  • dificuldade em desenhar um mapa da aldeia em um álbum seriado (fl ip chart) durante a reunião (posteriormente os membros locais da equipe desenharam um mapa no chão).

Por outro lado, houve algumas experiências muito positivas tais como:

  • boa cooperação entre os membros locais da equipe e os de fora
  • puderam ser recolhidas muitas informações durante o processo de classificação social.

Acompanhamento

Um dos problemas identificados durante a AAP foi a erosão do solo. Como resultado das informações recolhidas e da conscientização quanto aos problemas, foram iniciados seminários e treinamento práctico sobre a conservação do solo. Este trabalho ainda está sendo continuado e ganhando maior apoio devido aos resultados positivos das curvas de nível se tornarem mais visíveis. Foram feitas algumas sugestões para futuros exercícios:

  • mostrar slides ou um filme à noite para atrair mais pessoas ao seminário
  • levar uma bola de futebol à aldeia para recreação com os joven
  • desenhar um mapa da aldeia no chão em vez de no papel.

O Dr Thomas Kroeck trabalha com a Diocese do Monte Kilimanjaro.

O seu endereço é: PO Box 1057, Arusha, Tanzania.

E-mail: [email protected]

Os Cortes Transversais

Em vez das pessoas o levarem a visitar os ‘melhores sítios (quintas)’, as ‘melhores clínicas’ e os ‘melhores grupos de senhoras’, plane os cortes transversais para que se tenha uma boa visão da região. Tente caminhar em uma linha mais ou menos reta através da área. Faça anotações detalhadas sobre os tipos de solo, agricultura, fontes de água e actividades. Desta maneira você pode formar uma visão correcta da região.

 

Sítios arrend-ados

Declive inferior

Declive médio

Corrente

Declive superior

Montanha

Fertilidade

****

***

**

 

*

 

Erosão

nenhuma

erosão de valas
nas passagens
de gado

erosão da
superfície

valas

superfície e riacho
valas

 

Colheitas

cana de açúca

milho

feijão

sorgo
milho
ervilha d‘angola
mandioca
batatas doces

sorgo
milho
ervilha d’angola

bananas
árvores

sorgo
milho
ervilha d’angola

árvores

Uso da terra

cultivo

cultivo
pastoreio

cultivo
pastoreio

pastoreio
corte de árvores

cultivo
pastoreio

pastoreio
corte de árvores

Tamanho do
sítio (quinta)

grande

pequeno
(1 hectare)

médio
(1,4 hectares)

 

médio

 

Fontes de água

vala
rio

vala
rio

corrente
nascente

 

nascente

 

Problemas

 

falta de terra

erosão
baixa fertilidade
longe da água e
do fogo

erosão

erosão
baixa fertilidade do
solo

desflorest-amento

Oportuni-dades

 

mão de obra paga
nas fazendas
viveiros de
árvores

controle de erosão
uso de esterco
plantio de árvores

controle de erosão
apicultura

controle de erosão
uso de esterco
proteção de
nascentes
viveiros de árvores

 

Métodos e recursos

PERFIL HISTORICO – apresentação de eventos históricos na aldeia

MAPA DA ALDEIA – mapa com as características principais da área da aldeia desenhado em quadro negro, papel ou no chão

CALENDÁRIO DAS ESTAÇÕES – gráfico mostrando as principais atividades, problemas e oportunidades duranto todo o ano

DISCUSSÕES EM GRUPO – discussões com grupos sobre a sua opinião quanto à situação da aldeia ou tópicos específicos

CLASSIFICAÇÃO SOCIAL OU DE PODER AQUISITIVO – cada casa é classificada por um membro da comunidade quanto ao seu poder aquisitivo e as diferenças são explicadas

CORTES TRANSVERSAIS – comparação das principais características, recursos e problemas das diferentes regiões

FLUXOGRAMA DO PROBLEMA – os problemas são representados em um gráfico que mostra as causas e efeitos. Ajuda a identificar e explicar as causas dos problemas.

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