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REFLECT - Um método de AAP para a alfabetização

  Exercicios de AAP são frequentemente usados com agricultores – mas eles podem ter muitos outros usos. A alfabetização é um dos mais recentes. Em 1993, a Action Aid começou um projeto de pesquisa para estudar o método REFLECT – Regenerated Freirean Literacy through Empowering Community Techniques – (Alfabetização Freireana Regenerada através de Técnicas Comunitárias de Capacitação) de alfabetização de adultos. O método REFLECT não faz uso de cartilhas ou livros (apenas um guia para ...

1997 Disponível em Inglês, Francês, Espanhol e Português

Revistas Passo a Passo em francês, espanhol, português e inglês, espalhadas sobre uma mesa de madeira

De: Acção e aprendizagem participativa – Passo a Passo 29

Como garantir que todos tenham a oportunidade de contribuir para as decisões locais

Exercicios de AAP são frequentemente usados com agricultores – mas eles podem ter muitos outros usos. A alfabetização é um dos mais recentes. Em 1993, a Action Aid começou um projeto de pesquisa para estudar o método REFLECT – Regenerated Freirean Literacy through Empowering Community Techniques – (Alfabetização Freireana Regenerada através de Técnicas Comunitárias de Capacitação) de alfabetização de adultos. O método REFLECT não faz uso de cartilhas ou livros (apenas um guia para os facilitadores de alfabetização). Ao invés, cada círculo de alfabetização desenvolve seus próprios materiais baseados nos exercícios de AAP.

Para começar

Os grupos começam com exercícios tais como mapeamento. Os mapas de seus povoados são feitos usando-se materiais que podem ser encontrados localmente (varas, pedras, feijões, folhas, etc) e são copiados pelos participantes em seus cadernos de exercícios. Para muitos esta pode ser a primeira vez que usam um lápis. Com cada exercício, há várias palavras que são usadas muitas vezes, e algumas delas são escolhidas como palavras-chaves para os nomes que vão figurar nos mapas. Eles podem incluir casas, florestas, rios, etc. Estas palavras são, então, escritas em um quadro negro e separadas em sílabas. Os membros do grupo descobrem que outras palavras podem formar usando as sílabas – assim eles aprendem as palavras chave para aquela sessão e outras palavras novas.

Em sessões posteriores, eles podem usar exercícios de classificação – avaliando as suas culturas. Pode-se pedir que eles comparem as diferentes maneiras como as plantacões se desenvolvem – por exemplo, se há muitas chuvas, ou uma longa estação seca, ou se o solo é fértil ou infértil. Eles podem comparar quanto trabalho está envolvido – no plantio, cuidado e colheita de plantacões como o café, o milho, o feijão, a banana, o arroz, etc. Neste caso, as palavras chave podem incluir os nomes das plantacões, colheita, chuva, solo, etc.

A preparação de calendários para ver como as condições de saúde variam durante o ano ou para averiguar o quanto a quantidade de trabalho agro-pecuário pode variar é um outro tipo de exercício. Os membros do grupo podem estudar árvores diferentes e os seus usos; ou ervas medicinais; eles podem planejar sua ‘comunidade ideal’. Estas são apenas algumas das muitas atividades que os instrutores usam com eles.

Questões centrais

A alfabetização gira em torno de palavras e questões que são centrais aos membros do grupo. Além disto, ao discutirem sobre sua saúde e suas colheitas, e ao mapearem suas aldeias, outros tipos de questões podem aparecer. Pela primeira vez, eles encaram seu estilo de vida de maneira diferente e muitas outras atividades começam a serem desenvolvidas juntamente com o trabalho de alfabetização. As pessoas podem, por exemplo, decidir construir um viveiro de árvores, se elas perceberem que há falta de madeira de boa qualidade para construção; eles podem ver a necessidade de se ter uma clínica após discutirem questões de saúde; eles podem decidir construir uma ponte depois de mapearem a sua região.

No final do curso de alfabetização, cada círculo terá produzido de 20 a 30 mapas, calendários, diagramas e gráficos e cada participante terá uma cópia destes mapas em seus cadernos, juntamente com as frases que eles escreveram. Estes tornam-se registros permanentes para as comunidades, dandolhes uma base sobre a qual poderão planejar o seu próprio desenvolvimento. Em um programa REFLECT, a ‘alfabetização’ não vem de fora, mas é baseada nos conhecimentos existentes das pessoas quanto ao seu meio ambiente e comunidade.

Programas experimentais

Foram estabelecidos três programas experimentais em 1993, os quais foram avaliados e comparados com outros grupos que usaram métodos tradicionais de alfabetização em cada país em 1995. Em Bundibugyo, em Uganda, o método REFLECT foi usado pela primeira vez em uma região multi-linguística onde nenhum dos dois idiomas principais tinham sido escritos anteriormente. Em Bangladesh, o método foi testado com grupos femininos de crédito e poupança em uma área islâmica conservadora, e, em El Salvador, ele foi usado com uma ONG de base, as Comunidades Unidas de Usulutan, liderada por ex-guerrilheiros que passaram a adotar métodos pacíficos após dez anos de guerra.

Resultados

O método REFLECT foi mais eficaz na área de alfabetização e na vinculação da alfabetização com o desenvolvimento mais amplo. Dos adultos que inicialmente se matricularam nos círculos REFLECT, 64% deles alcançaram um nível básico de alfabetização no decorrer de um ano, em comparação com 30% nos grupos tradicionais. Os participantes dos círculos REFLECT permaneceram bem motivados e o número de desistências foi muito menor do que nos grupos tradicionais.

Os participantes do programa REFLECT também se beneficiaram de várias outras maneiras…

  • Os membros dos grupos alcançaram mais auto-estima e auto-realização. Eles aumentaram sua capacidade de analisar e resolver problemas e assim como de expressarem-se.
  • Houve maior participação em organizações comunitárias. 61% dos alunos em El Salvador ocupam agora cargos de responsabilidade em organizações comunitárias, os quais não ocupavam antes do programa de alfabetização.
  • As discussões com frequência levaram a melhorias nas condições locais pois os alunos decidiram agir como resultado de sua própria análise – eles se sentiram donos’ dos problemas e das possíveis soluções. Os melhoramentos incluiram a construção de depósitos para grãos, tubos água, consertos em escolas, viveiros de árvores, construção de latrinas, recolha de lixo e a perfuração de um poço.
  • Houve melhoria no gerenciamento que pessoas exerciam sobre os recursos dentro de suas casas. As mulheres em Bangladesh acharam que a experiência de usar calendários e gráficos ajudaram-nas a planejar melhor.
  • Os círculos de treinamento melhoraram relacionamentos entre os homens e as mulheres – os homens passaram a ajudar mais no trabalho doméstico e as mulheres tornaram-se mais envolvidas em decisõeschaves dentro da casa e da comunidade.
  • Os participantes se conscientizaram mais sobre questões sanitárias.
  • As escolas primárias mostraram um aumento no número de matrículas (22% em Uganda), e os pais em um terço dos círculos alfabetização começaram seus próprios cursos de alfabetização para as crianças.
  • O método REFLECT teve um custo mais baixo e fez uma melhor utilização dos recursos do que o programa de alfabetização tradicional.

O treinamento ocorreu em vários países e agora este método está sendo usado em mais de 20 países ao redor do mundo. Se você desejar maiores informações, escreva para…

REFLECT – Action Aid, Hamlyn House, Archway, London, N19 5PG, Reino Unido.

por Isabel Carter.

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