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Artigos

Promotores da Paz transformam comunidades

2008 Disponível em Inglês, Francês, Português e Espanhol

Foto: Esther Harder

De: Trocando idéias – Passo a Passo 75

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O Escritório de Planejamento e Desenvolvimento da Diocese de Teso da Igreja de Uganda (sigla em inglês COU-TEDDO) treina voluntários da comunidade como “Promotores da Paz”. Em 2005–2006, o COU-TEDDO treinou 80 voluntários de áreas propensas a confl ito da região de Teso, no nordeste de Uganda. Os Promotores da Paz usam habilidades de construção da paz, mediação e aconselhamento para lidar com o confl ito e melhorar as relações familiares nas suas comunidades locais.

Reconhecendo que as comunidades e a sociedade só poderão mudar a começar pelo indivíduo, os Promotores da Paz têm a difícil tarefa de, primeiro, garantir a paz nas suas próprias famílias e, só então, atender as necessidades da comunidade. Esta abordagem de baixo para cima mudou dramaticamente as áreas em que há Promotores da Paz.

Desde os anos 70, há violência em Teso. Armas podem ser obtidas facilmente, e os vizinhos de Teso no norte, a tribo seminômade Karimojong, usam estas armas em assaltos para roubar gado nos seus clãs e também nas tribos vizinhas, como a tribo Iteso. Por causa desses ataques, as comunidades de Teso mudaram-se das suas propriedades tradicionais para campos depessoas internamente deslocadas (PID). Muitas crianças cresceram nesses campos, sem nunca terem tido outro tipo de vida.

Em junho de 2003, o Exército da Resistência do Senhor (LRA – sigla em inglês), liderado por Joseph Kony, avançou em direção a Teso, fazendo com 0que milhares de pessoas fugissem da violência. Com o aumento das comunidades desabrigadas, surgiram mais campos de PID. Em 2007, a maioria das famílias afetadas pelo conflito gradualmente retornou aos seus povoados. Entretanto, em partes de Teso vulneráveis aos ataques dos karimojongs, as pessoas permaneceram nos campos de PID.

Os Promotores da Paz trabalham dentro dessas diferentes comunidades. Nos locais onde as pessoas estão retornando para o seu estilo de vida tradicional, os Promotores da Paz ajudam a resolver conflitos domésticos, disputas por terras e outras tensões. Nas áreas de fronteira, onde a violência continua, os Promotores da Paz trabalham em comunidades de ambas as tribos Iteso e Karimojong. Eles denunciam assaltos e roubos e falam contra a tradição do assalto ao gado. Eles também procuram resolver disputas entre famílias e comunidades.

Resolução de conflitos

Muitos Promotores da Paz demonstram iniciativa e personalizam o seu trabalho, à medida que criam confiança nas suas habilidades e são bem aceitos pela comunidade. Mohammed Lomong, um Promotor da Paz de Karamojong, lidera o Coral da Paz Napak. Este é um grupo de 70 jovens que cantam e fazem apresentações de teatro em Karamoja, incentivando os outros membros da comunidade a deixarem seu comporta - mento violento para trás e viverem em paz. O Coral da Paz Napak foi convidado para se apresentar em sessões de diálogo trans - fronteiriço muito conhecidas, facilitadas por ONGs e funcionários do governo.

John Ogwel, um ex-Promotor da Paz de Karamoja, foi eleito para um cargo de liderança no governo local. Ele usa sua posição para falar sobre a paz e garantir que os problemas transfronteiriços sejam resolvidos rapidamente. Quando a tensão aumenta e ameaça interromper a comunicação entre Teso e Karamoja, ele convoca encontros transfronteiriços para os seus colegas de liderança dos sub-condados para resolver os problemas.

Os Promotores da Paz de Teso trabalham com o COU-TEDDO para transmitir programas de conversa pela rádio sobre tópicos de paz uma vez a cada dois meses. Alguns dos tópicos recentes foram: reconciliação, questões de gênero, práticas tradicionais de construção da paz e como lidar com a disseminação de rumores. Estes programas tornaram-se populares. Muitas vezes, os ouvintes telefonam tanto, que os Promotores da Paz são convidados a voltarem para continuar as discussões outro dia.

Conquistando a confiança

Segundo os Promotores da Paz, as pessoas pedem-lhes que ajudem com os conflitos locais. Os membros da comunidade preferem consultar os Promotores da Paz, porque os seus serviços são gratuitos, enquanto que os líderes do governo cobram uma taxa para ouvirem os casos. As pessoas acham que os Promotores da Paz os ouvem de maneira mais objetiva, porque são conselheiros voluntários e não foram pagos por nenhuma pessoa envolvida na disputa.

Pouco a pouco, as comunidades estão criando confiança nos seus Promotores da Paz locais. Num povoado, duas pessoas discutiram depois de um acidente de bicicleta causado por embriaguez. Ao invés de se agredirem, eles decidiram deixar suas bicicletas com um Promotor da Paz durante a noite e voltar no dia seguinte para resolver o conflito quando estivessem sóbrios. Outro Promotor da Paz disse que teve de esconder uma criança na sua casa por vários dias, porque um clã inteiro queria matar o menino por vingança pela morte acidental do seu amigo. O fato de que as pessoas estão dispostas a confiar “pertences” tão valiosos nas mãos dos Promotores da Paz mostra como eles sãobem conhecidos e as pessoas os consideram dignos de confiança na sua região.

As Promotoras da Paz também estão aumentando sua influência numa cultura que escuta principalmente os homens mais velhos. Elas dizem que agora são consultadas sobre conflitos igualmente por homens e mulheres. Uma mulher conseguiu pôr fim a uma disputa violenta por terras simplesmente colocando-se entre os homens que estavam brigando e pedindolhes com firmeza para que se acalmassem e conversassem ao invés de brigarem. Mais tarde, esses mesmos homens conseguiram resolver a disputa plantando sisal ao longo da linha de limite entre as terras.

O COU-TEDDO continua auxiliando os 80 Promotores da Paz com treinamento e apoio posteriores. O Pastor Sam Eibu supervisiona este programa vital para o COU-TEDDO. Ele explica a importância dos Promotores da Paz: “As próprias pessoas são os que provavelmente solucionarão os conflitos na sua comunidade e não nós.” Trabalhando com uma família de cada vez, os Promotores da Paz procuram fazer com que a paz se torne realidade nos seus lares e nas suas vizinhanças.

 

Esther Harder trabalhou como Coordenadora de Informações para a Diocese de Soroti, em Uganda, de 2005 a 2007.

COU-TEDDO, PO Box 107, Soroti, Uganda.

E-mail: [email protected]

Foto: Esther Harder

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