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Sementes de esperança em meio à violência

Com 20 assassinatos cometidos a cada dia, as Nações Unidas consideram Honduras o país mais violento do mundo

2014 Disponível em Inglês, Francês, Português e Espanhol

Dheve Chantal e seus três filhos sentados do lado de fora de um abrigo temporário em um campo para deslocados na República Democrática do Congo.

De: Conflito e paz – Passo a Passo 92

Sugestões de como analisar e resolver conflitos através da facilitação do diálogo e da busca pela paz

Jovens clamando por justiça, em Honduras, reunidos num acampamento para promover a paz. Foto: Miriam Mondragon

Jovens clamando por justiça, em Honduras, reunidos num acampamento para promover a paz. Foto: Miriam Mondragon

Com 20 assassinatos cometidos a cada dia, as Nações Unidas consideram Honduras o país mais violento do mundo. A violência e a insegurança são vistas pelos próprios hondurenhos como o principal problema do país. O crime organizado exerce influência em todos os níveis do Estado. Os traficantes de drogas possuem servidores públicos às suas ordens, o que impede que a justiça seja feita. 

No âmbito local, nos bairros e distritos urbanos, bem como nos povoados e nas aldeias rurais, as gangues controlam desde o comércio de rua de drogas pesadas e leves (maconha, cocaína e anfetaminas) até a extorsão, o sequestro e o assassinato dos próprios vizinhos, frequentemente com a proteção de membros da polícia e das forças armadas. Em Honduras, ninguém precisa ser convencido da necessidade urgente de prevenir a violência e mudar a situação atual.

Construindo pontes

A pergunta que surge em tal situação é como nós, enquanto cristãos e igrejas, podemos assumir o desafio profético de “manter a justiça e praticar o que é direito” (Isaías 56:1) em meio a tal violência e quando o medo é real e paralisante. Contudo, apesar dessa situação aparentemente desesperadora, sementes de esperança foram lançadas e agora estão começando a produzir frutos. Uma dessas sementes é a Aliança Cristã pelo Diálogo e pela Conciliação (Alianza Cristiana por el Diálogo y la Conciliación), que surgiu como uma iniciativa da Igreja e organizações após o golpe de estado de 2009 em Honduras, o qual deixou o país profundamente dividido e contribuiu para o atual clima de violência. A Aliança começou criando espaços para o diálogo e a reconciliação entre grupos em conflito sob o lema “Construindo Pontes de Paz”. Desde então, ela passou a concentrar seu foco na inspiração e mobilização da Igreja em torno da prevenção da violência, uma vez que os próprios membros das igrejas vivem em áreas violentas e podem desempenhar um papel fundamental na construção da paz.

Trabalho prático de prevenção

Já foi visto que o melhor antídoto contra a violência atual e futura é a prevenção, e não há nada melhor do que trabalhar com as crianças e os jovens em risco. Juntamente com a União Bíblica de Honduras (Unión Bíblica de Honduras), a Aliança promoveu o programa “Fim à violência – uma mensagem de Deus”, voltado para jovens das escolas do país. O programa teve início na Argentina, com o objetivo de prevenir a violência entre os torcedores de futebol. Em Honduras, com a permissão do Ministério da Educação, centenas de voluntários de igrejas foram treinados na prevenção de violência nas escolas e agora oferecem um programa de 15 aulas semanais para ajudar os jovens a tomarem as decisões certas. O programa inspirou entre 10 e 15 por cento dos jovens para se tornarem “agentes de mudança”, com a tarefa de prevenir a violência e a intimidação (“bullying”) na escola.

Apoio às vítimas

Outro membro da Aliança, a Associação para uma Sociedade mais Justa (Asociación para una Sociedad más Justa – ASJ), foi formado por cristãos comprometidos, em 1998, e tem lutado para tornar o sistema de justiça acessível aos setores mais vulneráveis da sociedade. Uma das suas iniciativas mais bem-sucedidas é o Programa Gedeón, que oferece atenção psicológica e assessoria jurídica às vítimas da violência ou a pessoas com outros problemas jurídicos ou psicológicos em seus escritórios dentro de igrejas em comunidades pobres. Uma vez que a maioria das vítimas dos crimes violentos (extorsão, assalto, estupro, assassinato por parte das gangues locais) nunca pôde dar queixa oficialmente, a ASJ decidiu dar mais um passo e iniciar o Programa Paz e Justiça (Programa Paz y Justicia), que visa satisfazer as necessidades das vítimas e prestar-lhes apoio. O Paz y Justicia conta com uma equipe de advogados, pesquisadores e psicólogos que trabalham estreitamente com as vítimas e as testemunhas para garantir a realização da justiça. O Paz y Justicia serve de ponte entre os agentes da ordem pública e a comunidade. O programa:

  • conduz investigações;
  • presta apoio às vítimas durante o processo jurídico;
  • oferece atenção psicológica para restaurar seu bem-estar emocional.

O trabalho do Paz y Justicia nas comunidades resultou numa redução de 60 por cento no índice de criminalidade e, até agora, em mais de 100 condenações de indivíduos e grupos criminosos. Este modelo bem-sucedido de cooperação entre a comunidade, o Estado e a sociedade civil agora está sendo estendido a novas comunidades.

Unidos pela paz

Em âmbito nacional, a Aliança pela Paz e pela Justiça (Alianza por la Paz y la Justicia – APJ), um movimento iniciado por cristãos, está lutando por uma melhor segurança pública e exigindo mudanças no sistema de justiça para garantir que Honduras se torne um país onde as leis sejam respeitadas e a justiça para as vítimas da violência seja cumprida. Essa aliança causou um impacto considerável e é única em Honduras pelo fato de incluir setores bem diferentes, entre eles, ONGs, igrejas evangélicas e católicas, sindicatos trabalhistas, empresas, universidades e outros.

A Fraternidade Evangélica de Honduras (Confraternidad Evangélica de Honduras), que representa a maioria das igrejas evangélicas em âmbito nacional, também faz parte da Aliança. Honduras precisa que o corpo de Cristo erga uma voz profética contra a injustiça e a desigualdade e que advogados, psicólogos, jornalistas e outros profissionais cristãos usem seus conhecimentos para servir as pessoas pobres e vulneráveis.

Miriam Mondragon é a Coordenadora da Aliança Cristã pelo Diálogo e pela Conciliação (Alianza Cristiana por el Diálogo y la Conciliación).


Questões para discussão em grupo

  • O que você aprendeu com este artigo?
  • Que problemas de violência existem na sua comunidade?
  • Como você poderia participar da prevenção contra a violência?
  • De que tipo de recursos você precisaria para esse trabalho?
  • Com quem você poderia trabalhar para alcançar a transformação?

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