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Artigos

Círculo de apoio

Atenção integral a Sukanta na Índia

2021 Disponível em Inglês, Francês, Espanhol e Português

Uma senhora agachada, lavando pratos em uma ruela na Índia

A vida pode ser difícil para as pessoas que vivem em áreas populosas de baixa renda nas cidades indianas. Foto: Bapu Trust

Um homem chamado Festus, vestindo um avental vermelho, sorrindo e segurando um recipiente de plástico com o sabão líquido que ele vende em seu negócio

De: Saúde mental e bem-estar – Passo a Passo 113

Ideias práticas para ajudar a construir resiliência e melhorar o bem-estar

Quando conhecemos Sukanta, de 44 anos, estávamos realizando uma pesquisa para levantar as necessidades psicossociais dos moradores de Laxminagar Basti, um bairro de baixa renda no oeste da Índia. Sukanta morava em um pequeno cômodo de alvenaria com o marido e o filho mais novo e andava falando em acabar com a própria vida.

Os funcionários de campo locais conversaram com Sukanta. Eles explicaram o programa Seher e obtiveram consentimento para trabalhar com ela. O consentimento de cada cliente em cada etapa é crucial e, para Sukanta, mostrou que respeitávamos suas escolhas e que ela era a responsável por suas necessidades.

A equipe passou algum tempo com Sukanta, ouvindo-a e conversando sobre suas preocupações em todos os aspectos da vida. Eles descobriram que ela estava desnutrida, não conseguia dormir, sentia-se tonta, ansiosa e a ponto de chorar e sofria de dhad dhad – batimento cardíaco acelerado. Sukanta contou que havia sido diagnosticada com HIV dez anos antes e que o marido e um dos filhos também eram portadores do HIV.

Apesar de estar cercada de pessoas, Sukanta recebia muito pouco apoio da família e de seu círculo social. O marido era abusivo, um dos filhos estava afastado e ela estava de luto pela perda de duas filhas. Ela se sentia isolada e rejeitada e tinha pouca autoestima.

Nutrição

Identificamos a nutrição deficiente como o principal obstáculo para a recuperação tanto física quanto psicológica de Sukanta. Nós a incentivamos a se alimentar de maneira saudável, discutindo os benefícios de uma dieta equilibrada. Nós a colocamos em contato com o anganwadi local (creche do governo) e providenciamos que uma organização parceira lhe enviasse alimentos. No entanto, Sukanta continuava fraca e os conflitos familiares diminuíam sua vontade de cozinhar.

A seguir, pedimos a uma voluntária de saúde mental comunitária que a ajudasse a preparar refeições para a família. Esses voluntários são pessoas do mesmo grupo social que ajudam os membros vulneráveis de sua comunidade a se socializarem e se sentirem mais incluídos. A voluntária fazia visitas regulares a Sukanta, fazendo-lhe companhia, dando-lhe apoio emocional e motivando-a a cuidar de si mesma.

Relacionamentos

Era importante abordar a violência que Sukanta e seu filho estavam sofrendo. O marido havia ficado abalado com o seu diagnóstico de HIV e passou a beber para lidar com a situação. O ressentimento entre os membros da família impedia-os de cuidarem de si próprios e uns dos outros. Sukanta parecia insensível à violência e recusava-se a tomar medidas legais.

Mantendo nosso compromisso ético de respeitar suas escolhas, decidimos adotar uma combinação de aconselhamento domiciliar, terapias de arte e atividades de autocuidado para aumentar sua autoestima e fortalecer sua capacidade de se opor à violência. Cantamos canções espirituais e tradicionais com ela para aumentar seu sentimento de paz e conexão com o que a circundava.

Cuidados médicos

Acompanhamos Sukanta a clínicas de tratamento de tuberculose e HIV. Sukanta foi internada para receber cuidados médicos especiais várias vezes e, todas as vezes, incentivamos sua família a ajudar. Eventualmente, eles começaram a ir com ela ao hospital. 

Interagir regularmente em família ajudou-os a aprender como prestar cuidados e lembrou-os da sua responsabilidade de cuidar de Sukanta. A pressão dos vizinhos para que a família cuidasse dela adequadamente também ajudou, além de criar laços sociais mais fortes.

Últimos anos

À medida que Sukanta melhorava, ela passou a cuidar de si mesma e do filho. Após a morte do marido, nós a ajudamos a obter uma aposentadoria do governo e independência financeira. A essa altura, seus sogros haviam passado a ajudá-la, e o filho afastado havia retornado. A voluntária de saúde mental comunitária também continuava ajudando-a como amiga.

Assim, o círculo de apoio de Sukanta mudou, expandiu-se e passou a ajudá-la mais. À medida que essa rede de apoio crescia, começamos a recuar. Depois de vários anos felizes, Sukanta faleceu em junho de 2020.

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