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Saúde mental

Rumo a uma maior compreensão da saúde mental e do bem-estar

Escrito por Julian Eaton 2021 Disponível em Inglês, Francês, Espanhol e Português

Uma jovem e uma senhora idosa sentadas nos degraus de uma casa, sorrindo uma para a outra

Às vezes, as novas mães sofrem de falta de ânimo e depressão. Ofereça apoio prático e emocional e incentive-as a descansar bastante. Foto: Tom Price/Tearfund

Um homem chamado Festus, vestindo um avental vermelho, sorrindo e segurando um recipiente de plástico com o sabão líquido que ele vende em seu negócio

De: Saúde mental e bem-estar – Passo a Passo 113

Ideias práticas para ajudar a construir resiliência e melhorar o bem-estar

A saúde mental é semelhante à saúde física em muitos aspectos. Ela afeta a todos nós, e precisamos cuidar dela. A saúde física e a saúde mental estão intimamente ligadas e ambas contribuem para o nosso bem-estar geral.

Temos uma boa saúde mental quando nos sentimos bem com nós mesmos, conseguimos lidar com o estresse da vida e, de uma forma geral, somos capazes de pensar, sentir e reagir de uma forma que nos permite realizar nossas atividades normais do dia a dia. Quando estamos mentalmente saudáveis, somos capazes de manter um bom relacionamento com as pessoas ao nosso redor e contribuir de forma eficaz para a sociedade.

Embora todos nós possamos passar por angústia mental de vez em quando (por exemplo, quando perdemos um ente querido ou perdemos um emprego), isso não é considerado uma doença mental, a menos que não consigamos funcionar bem em casa, no trabalho ou socialmente.

Doença mental

Cerca de um quarto de nós sofre de uma doença mental em algum momento da nossa vida. Essas doenças mentais incluem problemas comuns, como a depressão e a ansiedade, bem como problemas menos comuns, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar.

Quando uma pessoa passa por um período de saúde mental precária, a forma como ela se sente ou pensa pode ser angustiante e, em alguns casos, debilitante. No entanto, muitas pessoas relatam que o mais difícil de enfrentar é a exclusão das atividades familiares e comunitárias ou as palavras indelicadas ditas por falta de compreensão.

Portanto, além de pensarmos em como podemos oferecer apoio a indivíduos e famílias, também precisamos pensar em como a sociedade trata as pessoas com problemas mentais. Trabalhando com as comunidades para aumentar sua conscientização, podemos ajudar a tornar a sociedade mais inclusiva, especialmente se as pessoas com problemas de saúde mental forem empoderadas para falar por si próprias.

Saúde mental e pobreza

Embora qualquer um possa sofrer de problemas de saúde mental, as pessoas que vivem na pobreza às vezes estão particularmente expostas a circunstâncias que podem causá-los. O estresse associado à falta de alimentos e moradia adequados, a vulnerabilidade aos desastres e o acesso limitado à saúde, à educação e a outros serviços podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver problemas de saúde mental. 

Da mesma forma, a saúde mental precária pode causar pobreza se a pessoa não puder mais trabalhar ou precisar gastar muito para obter a assistência de que precisa. Além disso, pode ser necessário que outros familiares – principalmente as mulheres e as meninas – fiquem em casa para cuidar da pessoa que não está bem, impedindo-os de trabalhar ou estudar.

As pessoas com problemas de saúde mental geralmente respondem bem ao tratamento, o qual pode incluir uma combinação de aconselhamento profissional, terapias psicológicas (de conversa) e medicamentos. No entanto, em muitos países, apenas um pequeno número de pessoas tem acesso aos serviços de saúde mental.

Outros impactos

As pessoas com problemas graves de saúde mental podem ser escondidas, fisicamente contidas ou até mesmo presas se forem consideradas um perigo para si próprias ou para outros. Isso ocorre em todas as sociedades, às vezes formalmente através dos serviços de saúde, mas também no âmbito comunitário. 

Essas restrições deixam as pessoas com pouco controle sobre sua própria vida e aumentam sua vulnerabilidade à violência, à manipulação financeira e a outras formas de abuso. As leis nacionais e internacionais deveriam oferecer proteção a essas pessoas, mas, em alguns países, isso não acontece.

As pessoas que vivem com uma deficiência física podem sofrer doenças mentais se forem discriminadas ou tiverem dificuldade para lidar com seu problema (por exemplo, se tiverem dor crônica). Em alguns casos, os problemas de saúde mental podem ter um impacto negativo na saúde física, por exemplo, como resultado de uma nutrição deficiente, da incapacidade de dormir, de acidentes ou de efeitos colaterais de medicamentos.

O papel da fé

A grande maioria das pessoas no mundo segue uma fé, e é muito comum que elas peçam ajuda à sua liderança religiosa quando desenvolvem uma doença mental. Isso ocorre principalmente nos países onde as pessoas acreditam que a causa das doenças mentais seja espiritual (por exemplo: possessão demoníaca), e não social ou médica.

Os locais de culto e as organizações confessionais, portanto, estão bem posicionados para oferecer esperança, amor e apoio prático. Eles também podem confrontar o estigma e promover mudanças. Abaixo, estão algumas ideias.

Responda com amor

Antigamente, as lideranças religiosas frequentemente estigmatizavam as doenças mentais, o que fazia com que as pessoas fossem mal compreendidas e rejeitadas pelas comunidades de fé e pela sociedade em geral. Em vez disso, acolha as pessoas que estão passando por angústias mentais sem julgá-las. Ofereça o conforto da oração e de ter alguém com quem conversar em um ambiente seguro e acolhedor.

Apoie as famílias das pessoas afetadas por doenças mentais de forma tanto espiritual quanto prática. Isso pode ser feito através de visitas domiciliares e ajuda para cuidar, cozinhar, limpar, fazer compras e realizar outras tarefas. 

Ajude a desenvolver a resiliência

Ofereça atividades para ajudar as pessoas a lidar com o estresse normal da vida, recuperar-se de doenças mentais e aprender a viver com os problemas de saúde mental de longo prazo. 

Essas atividades podem incluir grupos onde as crianças e os adultos possam se divertir, participar de jogos, aprender novas habilidades, economizar dinheiro e fazer empréstimos, fazer amizades, conversar e compartilhar suas preocupações. Certifique-se de que esses grupos sejam acessíveis a todos, inclusive às pessoas com deficiência e às pessoas com problemas de saúde de longo prazo, como o HIV.

Pratique e incentive o autocuidado para aumentar o bem-estar das pessoas. Algumas estratégias são: dormir bastante, construir relacionamentos positivos, fazer exercícios regularmente, reservar tempo para apreciar a criação de Deus, consumir alimentos saudáveis, adotar boas práticas de higiene, evitar o uso indevido de álcool ou drogas e encontrar o equilíbrio certo entre o trabalho e outras atividades.

As pessoas que estão se recuperando de doenças mentais geralmente valorizam o apoio que recebem para ajudá-las a reconstruir sua vida. Se elas acabaram ficando isoladas, ofereça-se para acompanhá-las ao mercado, ao local de culto ou a eventos comunitários até que recuperem a confiança suficiente para interagir com a sociedade por conta própria.

Saiba quando pedir ajuda

Às vezes, as pessoas desenvolvem doenças mentais graves, como a esquizofrenia. Ofereça apoio por meio de oração, conforto e apoio prático, assim como faria com qualquer outra doença, mas também incentive-as a procurar ajuda profissional, se disponível. 

Descubra mais informações sobre os serviços de saúde mental oferecidos na sua região e como encaminhar as pessoas a eles. Se a pessoa falar sobre causar danos a si própria ou a outros, procure assistência médica imediatamente.

Defenda e promova mudanças

Se a prestação de serviços de saúde mental for inadequada, reivindique que eles sejam integrados ao sistema nacional de saúde. Isso aumentará o acesso aos cuidados e garantirá que as pessoas com problemas de saúde física e mental possam ser atendidas no mesmo local, ajudando a reduzir o estigma associado à doença mental.

Essa integração também é eficaz no âmbito comunitário. Por exemplo, os agentes de saúde comunitária podem aumentar a conscientização sobre a saúde mental, reconhecer casos, prestar cuidados e encaminhar pessoas quando necessário. 

Descubra como a legislação do seu país protege os direitos das pessoas com problemas de saúde mental. Se as leis forem inadequadas ou não forem devidamente aplicadas, reivindique que sejam reforçadas. O Kit de ferramentas de Advocacy da Tearfund fornece instruções por etapas sobre como exigir que os governos prestem contas e como reivindicar mudanças.

Sair da escuridão

A saúde mental finalmente está saindo da escuridão. As pessoas estão conseguindo falar cada vez mais sobre a questão, e uma maior atenção está sendo dada ao bem-estar como parte do trabalho de assistência em situações de desastre e desenvolvimento comunitário.

A pandemia de Covid-19 mostrou-nos como a saúde mental é importante em uma crise global, além de nos lembrar de que todos nós temos um papel a cumprir na prestação de apoio às pessoas ao nosso redor que estão passando por momentos difíceis.


Problema complicado

Pergunta: Estou cuidando de um membro da família com um problema de saúde mental e estou tendo dificuldade para lidar com a situação. O que eu posso fazer?

Resposta: Cuidar de uma pessoa com uma doença mental pode ser muito difícil.

Você pode sentir várias emoções angustiantes: 

  • raiva da pessoa que está doente por dificultar sua vida; 
  • tristeza ao ver o sofrimento de alguém que você ama;
  • culpa por ter pensamentos negativos sobre a pessoa;
  • falta de esperança quanto ao seu futuro e ao futuro da pessoa que está doente;
  • frustração porque, não importa o que você faça, a doença continua;
  • vergonha pelo que os vizinhos e outros membros da comunidade podem pensar ou dizer sobre a doença.

Essas emoções são comuns a todos os cuidadores. Converse sobre seus sentimentos com amigos e familiares e encontre tempo para as coisas que você gosta de fazer. Peça ajuda prática a outras pessoas também, se precisar.

Homens e mulheres de um grupo de autoajuda em Uganda sentados no chão amarrando feno como parte de uma iniciativa de poupança e investimento em pequenas empresas

Os grupos de autoajuda como este, em Uganda, oferecem uma oportunidade para que as pessoas melhorem seu bem-estar encontrando-se com outras pessoas, economizando dinheiro e investindo em pequenos negócios. Foto: Maggie Murphy/Tearfund

Grupo de apoio

Se possível, participe de um grupo de apoio para pessoas em situação semelhante à sua. Se não houver nenhum grupo disponível, considere a possibilidade de começar um ou peça a outra pessoa que o faça.

Encontrar-se regularmente com outros cuidadores e compartilhar suas experiências pode ser muito útil. Você também pode convidar um agente de saúde comunitária para aconselhar o grupo sobre como lidar com comportamentos difíceis, por exemplo.

O seu grupo de apoio estará bem posicionado para ajudar outros na comunidade a compreender melhor os problemas de saúde mental, ajudando a reduzir o estigma e a discriminação.

Paciência

Com a combinação certa de terapia, medicação e apoio social, muitas pessoas com problemas de saúde mental recuperam-se, mas isso pode levar muito tempo.

Pode ser útil comparar o problema de saúde mental a uma doença física. Por exemplo, quando uma pessoa quebra uma perna, leva tempo para que a perna fique boa novamente, assim como com um problema de saúde mental. Mesmo depois que a perna já está melhor, a pessoa ainda precisa recuperar lentamente a força antes de poder usá-la totalmente. Da mesma forma, mesmo depois que os sinais óbvios de um problema de saúde mental desaparecem, a pessoa ainda precisa de tempo para melhorar.

Às vezes, uma perna quebrada pode causar uma deficiência permanente e isso também pode ocorrer com as doenças mentais. Se isso acontecer, todos os membros da família precisarão de tempo e apoio para se ajustarem à nova situação.

Resposta adaptada de Where there is no psychiatrist, de Vikram Patel.

Escrito por

Escrito por  Julian Eaton

O Dr. Julian Eaton é o Diretor de Saúde Mental da CBM Global e Professor Assistente do Centro para Saúde Mental Global da London School of Hygiene and Tropical Medicine

e-mail: [email protected]

www.cbm-global.org

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